ATA DA TRIGÉSIMA TERCEIRA SESSÃO ORDINÁRIA DA QUARTA
SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA TERCEIRA LEGISLATURA, EM 10-5-2004.
Aos dez dias do mês de maio de dois mil e quatro,
reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal
de Porto Alegre. Às quatorze horas e quinze minutos, foi realizada a segunda
chamada, sendo respondida pelos Vereadores Aldacir Oliboni, Cassiá Carpes,
Elias Vidal, Elói Guimarães, Guilherme Barbosa, Haroldo de Souza, Helena
Bonumá, João Antonio Dib, João Carlos Nedel, Luiz Braz, Margarete Moraes,
Maristela Maffei, Raul Carrion, Reginaldo Pujol, Renato Guimarães e Sebastião
Melo. Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores Beto Moesch, Carlos
Alberto Garcia, Carlos Pestana, Cláudio Sebenelo, Clênia Maranhão, Dr. Goulart,
Ervino Besson, Gerson Almeida, Isaac Ainhorn, João Bosco Vaz, Maria Celeste,
Nereu D'Avila, Pedro Américo Leal, Sofia Cavedon, Valdir Caetano e Wilton
Araújo. Constatada a existência de quórum, a Senhora Presidenta declarou abertos
os trabalhos e determinou a distribuição em avulsos de cópias das Atas da
Décima Quarta Sessão Ordinária e da Décima Terceira e Décima Quarta Sessões
Solenes, que deixaram de ser votadas, face à inexistência de quórum
deliberativo. Em seguida, foram apregoados os Ofícios nos 208 e 211/04, do
Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre, encaminhando Veto Total aos Projetos
de Lei do Legislativo nos 066/98 e 002/02 (Processos nos 1489/98 e 0002/02,
respectivamente). Do EXPEDIENTE, constaram os Ofícios nº 848/04, do Senhor
Eduardo Alberto Tedesco, Promotor de Justiça Coordenador, e s/nº, do Vereador
Carlos Alberto Garcia, Presidente da Comissão de Economia, Finanças, Orçamento
e do Mercosul. Na ocasião, foi apregoado o Memorando nº 139/04, firmado
pela Vereadora Margarete Moraes, Presidenta da Câmara Municipal de Porto
Alegre, através do qual Sua Excelência informa que o Vereador Raul Carrion
estará representando externamente este Legislativo na IV Conferência Municipal
de Ciência e Tecnologia de Porto Alegre, na Usina do Gasômetro, no dia doze,
das quatorze às vinte horas e trinta minutos, no dia treze, das oito horas às
dezesseis horas e trinta minutos, e no dia quatorze de maio do corrente, das
oito às quinze horas. A seguir, a Senhora Presidenta registrou a presença do Deputado
Estadual Ronaldo Zulke, convidando-o a integrar a Mesa dos trabalhos e
concedendo a palavra a Sua Senhoria, que discorreu sobre a campanha “Paz é a
Gente que Faz”, iniciada e desenvolvida pela Assembléia Legislativa do Estado
do Rio Grande do Sul. Em relação ao assunto, teceu considerações a respeito da
importância de políticas de inclusão social, mencionando eventos e campanhas
realizadas para sensibilizar a sociedade e o governo para a questão da
violência urbana na sociedade atual. Na ocasião, a Senhora Presidenta concedeu
a palavra à Vereadora Helena Bonumá, que se manifestou sobre o assunto tratado
pelo Deputado Estadual Ronaldo Zulke. Após, a Senhora Presidenta concedeu a
palavra, em TRIBUNA POPULAR, ao Senhor Alberto Miranda da Silva, Presidente da
Associação de Moradores do Loteamento Cavalhada – AMLC, que protestou contra a
abordagem dada por determinados veículos da imprensa porto-alegrense à questão
da violência naquela comunidade. Ainda, criticou Projeto de Lei de Legislativo
nº 173/03, de autoria do Vereador João Carlos Nedel, que denomina Rua Ruben
Neis um logradouro público no Bairro Cavalhada, e, nesse sentido, defendeu o
Projeto “Ruas”, elaborado por alunos do III Ciclo da Escola Neuza Goulart
Brizola, o qual sugere nomes escolhidos por moradores locais para ruas localizadas
no Loteamento Cavalhada. Na ocasião, nos termos do artigo 206 do Regimento, os
Vereadores Ervino Besson, Cassiá Carpes, João Carlos Nedel, Reginaldo Pujol,
Maristela Maffei, Luiz Braz, Sebastião Melo e Carlos Alberto Garcia manifestaram-se
acerca do assunto tratado durante a Tribuna Popular. Em prosseguimento, foi
aprovado Requerimento verbal de autoria do Vereador Renato Guimarães,
solicitando alteração na ordem dos trabalhos da presente Sessão, sendo iniciado
o período de GRANDE EXPEDIENTE, hoje destinado a homenagear o Serviço de Saúde
Comunitária do Grupo Hospitalar Conceição, nos termos do Requerimento n° 072/04
(Processo n° 1995/04), de autoria do Vereador Renato Guimarães. Compuseram a
Mesa: a Vereadora Margarete Moraes, Presidenta da Câmara Municipal de Porto
Alegre; o Senhor Rogério Amoretti, Diretor Técnico do GHC; o Senhor Eno Dias de
Castro Filho, Gerente de Saúde Comunitária do Grupo Hospitalar Conceição; a
Senhora Silvia Martins, representando a Secretaria Municipal de Saúde; o
Vereador João Carlos Nedel, 1º Secretário deste Legislativo. Na ocasião, a
Senhora Presidenta informou que o Deputado Estadual Henrique Fontana compareceu
hoje nesta Casa, a fim de prestigiar o Serviço de Saúde Comunitária do Grupo
Hospitalar Conceição, mas, por compromissos de viagem, não pôde estar presente
durante esta homenagem. Em GRANDE EXPEDIENTE, o Vereador Renato Guimarães salientou
a importância do Serviço de Saúde Comunitária do Grupo Hospitalar Conceição para
as comunidades de Porto Alegre e de Municípios vizinhos. Ainda, noticiou o
lançamento de propostas para a qualificação do atendimento médico naquela entidade,
reportando-se à criação de cartilhas para os trabalhadores da saúde e para a assistência
domiciliar na atenção primária à saúde. Na ocasião, a Senhora Presidenta
registrou a presença do Senhor Carlos Grossman, convidando Sua Senhoria para
compor a Mesa dos trabalhos, e do Senhor Roberto Umpierre, Diretor-Presidente
da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade, bem como de funcionários
e usuários do Grupo Hospitalar Conceição. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador
Wilton Araújo saudou o transcurso dos dez anos de existência do Posto de Saúde
do Bairro Coinma, chamando a atenção para a necessidade de reflexão sobre a
situação da saúde pública do Município de Porto Alegre. Nesse contexto,
referiu-se à importância da criação, nesta Casa, da Comissão Parlamentar de
Inquérito para averiguar possíveis irregularidades nos serviços prestados pelo Sistema
Único de Saúde – SUS – no Município. O Vereador Isaac Ainhorn parabenizou o
Serviço de Saúde Comunitária do Grupo Hospitalar Conceição pela qualidade do
atendimento prestado à comunidade, ressaltando dificuldades enfrentadas pela
saúde pública em Porto Alegre. Também, destacou que o Serviço de Saúde Comunitária
desenvolvido por esse Grupo serve de exemplo para outros projetos na área,
homenageando a instituição pelas atividades mantidas em prol da população mais
carente. O Vereador Elói Guimarães atribuiu o sucesso do modelo de medicina comunitária,
implantado pelo Grupo Hospitalar Conceição, aos esforços empreendidos pelas
comunidades da zona Norte de Porto Alegre, referindo-se às dificuldades enfrentadas
para a instauração desse complexo hospitalar naquela região. Ainda, lembrou a
recente visita do Senhor João Motta, Diretor do Grupo Hospitalar Conceição, a
esta Casa e enfatizou a necessidade de valorização da saúde como fator fundamental
para o desenvolvimento do País. O Vereador Cláudio Sebenelo discorreu acerca da
abrangência das atividades empreendidas pelo Grupo Hospitalar Conceição em
termos de atendimento integrado na área da saúde, chamando a atenção para a
importância do serviço de saúde comunitária oferecido por esse complexo hospitalar.
Finalizando, solicitou que não sejam alteradas as formas de prestação desse
serviço, classificando-o como exemplo de atuação pública benéfica à população.
Em GRANDE EXPEDIENTE, a Vereadora Maristela Maffei, apresentando dados relativos
às mudanças verificadas no trabalho realizado pelo Grupo Hospitalar Conceição,
de mil novecentos e oitenta e nove até hoje, enalteceu, particularmente, o crescimento
do número de postos de saúde familiar e o atendimento de idosos. Também,
comentou os reflexos positivos, no nível de saúde apresentado pela população,
dos investimentos feitos em saneamento e infra-estrutura básica na Cidade. O
Vereador João Antonio Dib elogiou o Serviço de Saúde Comunitária do Grupo
Hospitalar Conceição, examinando a assistência nessa área a que têm acesso os
porto-alegrenses e afirmando que, mais do que falta de recursos, os problemas
no sistema de saúde pública são resultados de erros na gestão dos recursos
públicos. Além disso, abordou a suspensão judicial da Comissão de Inquérito
instaurada neste Legislativo para averiguar questões atinentes ao sistema
público de saúde na Cidade. O Vereador Raul Carrion salientou que os serviços
de acompanhamento familiar no âmbito da saúde têm a prevenção como marca
fundamental, representando uma efetiva melhoria na qualidade de vida da
população. Sobre o assunto, lembrou momentos significantes da história do GHC,
uma instituição inicialmente privada e posteriormente transformada em órgão
público, salientando que, mais de trinta por cento das internações ocorridas em
Porto Alegre, são feitas em hospitais desse Grupo. O Vereador Reginaldo Pujol
saudou de forma especial os Vereadores Cláudio Sebenelo e Dr. Goulart,
integrantes da equipe médica do Grupo Hospitalar Conceição, declarando que hoje
esta Casa reconhece, em nome de todos os porto-alegrenses, a importância da
medicina comunitária desenvolvida pela instituição ora homenageada. Ainda,
apresentou questionamentos referentes à possibilidade de alterações no regime
de gestão e prestação de serviços por essa entidade. O Vereador Sebastião Melo
propugnou por análise aprofundada do sistema de saúde vigente na Cidade,
contestando a eficácia da política hoje observada nessa área. Também, afirmou
que o Sistema Único de Saúde representa o fato mais importante já ocorrido em
termos de saúde pública no País, sendo necessário, contudo, que seja adotada
uma nova mentalidade para a gestão desse Sistema, em direção à ampliação e
qualificação do atendimento médico à população. O Vereador Gerson Almeida,
enfatizando ser a saúde pública direito fundamental em qualquer comunidade
civilizada, comentou avanços efetuados nesse setor em Porto Alegre nos últimos
anos, enaltecendo a participação do Grupo Hospitalar Conceição na melhoria dos
serviços públicos de saúde. Finalizando, abordou o mérito dos serviços médicos
comunitários, como meio de detectar problemas em sua origem, evitando a
posterior exigência de serviços de caráter mais especializado. A seguir, a
Senhora Presidenta concedeu a palavra aos Senhores Eno Dias de Castro Filho e Rogério
Amoretti, que destacaram a importância da homenagem hoje prestada por este
Legislativo ao Serviço de Saúde Comunitária do Grupo Hospitalar Conceição. Às
dezesseis horas e cinqüenta e sete minutos, os trabalhos foram regimentalmente
suspensos, sendo retomados às dezessete horas, constatada a existência de
quórum. Após, nos termos do artigo 94, § 1º, alínea “g”, do Regimento, o Senhor
Presidente concedeu TEMPO ESPECIAL à Vereadora Clênia Maranhão, que relatou a
participação de Sua Excelência, em Representação Externa deste Legislativo, no
Congresso “Ciudades, Gobiernos Locales: el Futuro Del Desarollo”, realizado do
dia primeiro ao dia seis de maio do corrente, em Paris – França. Na ocasião, o
Vereador Isaac Ainhorn formulou Requerimento verbal, solicitando alteração da
ordem dos trabalhos da presente Sessão, tendo o Senhor Presidente prestado
esclarecimentos sobre o assunto. Em continuidade, nos termos do artigo 94, §
1º, alínea “g”, do Regimento, o Senhor Presidente concedeu TEMPO ESPECIAL ao
Vereador Gerson Almeida, que relatou a participação de Sua Excelência, em
Representação Externa deste Legislativo, no “Seminario de Presupuesto
Participativo”, realizado no período de três a sete de maio do corrente, em
Bogotá – Colômbia. Na oportunidade, os Vereadores Nereu D’Avila e Isaac Ainhorn
manifestaram-se acerca do Requerimento formulado anteriormente pelo Vereador
Isaac Ainhorn, para alteração da ordem dos trabalhos da presente Sessão, tendo
o Senhor Presidente prestado esclarecimentos sobre o assunto. Em GRANDE
EXPEDIENTE, o Vereador Nereu D'Avila defendeu a utilização da Guarda Municipal
na segurança da população, mencionando outros Municípios do Estado que já
adotam essa medida. Nesse sentido, criticou a atual utilização dessa estrutura
somente para a proteção de bens, serviços e próprios municipais, afirmando que
a Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Segurança Urbana – SDHSU – foi
criada apenas para garantir a segurança pessoal do Senhor Prefeito Municipal. A
Vereadora Sofia Cavedon enfatizou que o Governo Municipal é contra o armamento
da Guarda Municipal, argumentando que a segurança pública pode e deve ser
melhorada através do diálogo com a comunidade. Ainda, exaltou os avanços
verificados em Porto Alegre nas áreas de saúde e transporte público, citando
exemplos de ações praticadas pelo Poder Executivo nessas áreas, e destacando
que o Município apresenta também uma melhora nas atividades econômicas. A
seguir, constatada a existência de quórum, foi aprovado Requerimento verbal,
formulado anteriormente pelo Vereador Isaac Ainhorn, solicitando a alteração da
ordem dos trabalhos da presente Sessão, por vinte votos SIM e duas ABSTENÇÕES,
em votação nominal solicitada pelo Autor, tendo votado Sim os Vereadores Beto
Moesch, Carlos Pestana, Cassiá Carpes, Cláudio Sebenelo, Dr. Goulart, Elói
Guimarães, Ervino Besson, Gerson Almeida, Guilherme Barbosa, Helena Bonumá,
Isaac Ainhorn, João Bosco Vaz, João Carlos Nedel, Luiz Braz, Margarete Moraes,
Maria Celeste, Pedro Américo Leal, Raul Carrion, Reginaldo Pujol e Sofia
Cavedon e optado pela Abstenção os Vereadores Haroldo de Souza e João Antonio
Dib. Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram: em 1ª Sessão, os Projetos de
Resolução nos 022 e 071/04, este discutido pelos Vereadores João Antonio Dib,
João Carlos Nedel, Renato Guimarães e Elói Guimarães, os Projetos de Lei do
Legislativo nos 091, 095, 096, 098, 099, 101, 061/04, este discutido pelo
Vereador Guilherme Barbosa, 087/04, discutido pelos Vereadores João Carlos
Nedel e Guilherme Barbosa, e 100/04, discutido pelo Vereador Elói Guimarães, o
Projeto de Lei do Executivo nº 012/04, o Substitutivo nº 01 ao Projeto de Lei
do Legislativo nº 029/04; em 2ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nos
445/03, 047, 058, 079 e 085/04; em 3ª Sessão, o Projeto de Resolução nº 067/04,
os Projetos de Lei do Legislativo nos 081 e 093/04. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o
Vereador Reginaldo Pujol apontou seu desagrado em relação ao pronunciamento do
Vereador João Antonio Dib no período de Pauta, sobre o aumento no número de
assessores técnicos nesta Casa, alegando que o teor desse discurso não
contribui para o fortalecimento do Legislativo municipal. Ainda, apontou a
necessidade urgente na criação desses cargos para assessorar a Comissão
Especial que estuda o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano Ambiental. O
Vereador João Antonio Dib declarou sua inconformidade com o Projeto de
Resolução nº 071/04, afirmando que a criação de oito Cargos em Comissão,
prevista nesse Projeto, irá onerar desnecessariamente o erário municipal.
Também, defendeu a idéia de que sejam criados apenas três desses Cargos,
alegando que o pronunciamento de hoje, em Pauta, do Vereador João Carlos Nedel,
o qual defendeu a aprovação desse Projeto, fortalece a imagem democrática do
Partido Progressista. O Vereador Raul Carrion defendeu a necessidade de aprovação
do Projeto de Resolução nº 071/04, que cria Cargos em Comissão para o assessoramento
da Comissão que estuda o PDDUA nesta Casa. Ainda, questionou a decisão do
Partido dos Trabalhadores em desconsiderar a indicação da Deputada Estadual
Jussara Cony como candidata à Vice-Prefeita, numa coligação entre esses dois
Partidos, para a disputa da Prefeitura Municipal de Porto Alegre nas eleições
do corrente ano. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Haroldo de Souza discorreu sobre a
criação de oito Cargos em Comissão nesta Casa, defendendo que esses cargos só
devem ser aprovados se houver unanimidade deste Legislativo em relação ao tema.
Também, criticou o Governo Federal pela condução da Reforma Agrária, argumentando
que um parecer técnico do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária –
INCRA – aponta vários erros na compra de uma fazenda no Estado do Paraná. A
Vereadora Helena Bonumá discursou acerca da política de segurança pública
desenvolvida pelo Governo Municipal, ressaltando que a Secretaria Municipal de
Direitos Humanos e Segurança Urbana – SDHSU – busca prevenir e combater a violência
em ações desenvolvidas juntamente com a população. Nesse sentido, destacou
Projeto da SDHSU de qualificar as lideranças comunitárias, mencionando o
Loteamento Cavalhada como um dos exemplos de evolução no campo da segurança. O
Vereador Isaac Ainhorn, enfocando sua condição de Presidente da Comissão Especial
instaurada nesta Casa para avaliar os três primeiros anos de implantação do Plano
Diretor de Desenvolvimento Urbano Ambiental de Porto Alegre, destacou a
importância da contratação de técnicos para assessoria aos Vereadores durante a
realização dos trabalhos dessa Comissão. Nesse sentido, apoiou o Projeto de
Resolução nº 071/04, de autoria da Mesa Diretora, em tramitação nesta Casa.
Após, foi votada a prorrogação dos trabalhos da presente Sessão, a qual obteve
dez votos SIM e cinco votos NÃO, em votação nominal solicitada pelo Vereador
Isaac Ainhorn, tendo votado Sim os Vereadores Cassiá
Carpes, Cláudio Sebenelo, Elias Vidal, Elói Guimarães, Ervino Besson, Isaac
Ainhorn, João Antonio Dib, Luiz Braz, Nereu D'Avila e Wilton Araújo e Não os Vereadores Carlos
Pestana, Gerson Almeida, Helena Bonumá, Pedro Américo Leal e Sofia Cavedon, votação esta declarada nula
pela Senhora Presidenta, face à inexistência de quórum deliberativo. Às dezoito
horas e cinqüenta e quatro minutos, constatada a inexistência de quórum
deliberativo, a Senhora Presidenta declarou encerrados os trabalhos, convocando
os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima quarta-feira, à hora
regimental. Os trabalhos foram presididos pela Vereadora Margarete Moraes e
pelo Vereador Ervino Besson e secretariados pelo Vereador João Carlos Nedel. Do
que eu, João Carlos Nedel, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente
Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pela
Senhora Presidenta.
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Hoje temos o comparecimento do Sr.
Ronaldo Zulke, Deputado Estadual, que abordará o assunto da campanha “PAZ é a
Gente que Faz”.
O
Sr. Ronaldo Zulke está com a palavra.
O SR. RONALDO ZULKE: Boa-tarde a todos, quero saudar a Verª
Margarete Moraes e, em seu nome, estender essa saudação a todos os Srs.
Vereadores e as Sras Vereadoras da Câmara Municipal de Porto Alegre.
É com imensa alegria e satisfação que aqui estamos para apresentar à Câmara
Municipal de Porto Alegre e, por conseguinte, à população de Porto Alegre uma
campanha que estamos desenvolvendo na Assembléia Legislativa contra a
violência, campanha denominada “PAZ é a Gente que Faz”. A violência é um
fenômeno que acompanha a história da humanidade, no entanto ela cresceu de
forma muito rápida nos últimos anos e precisa de uma resposta da sociedade, dos
Poderes Públicos, à altura.
No século XVIII, a humanidade produziu 68 guerras, e, em função dessas 68 guerras, morreram 4 milhões e 400 mil pessoas. Duzentos anos depois, no século XX, a sociedade evoluiu, modernizou-se e essa mesma sociedade que evoluiu, que se modernizou, que avançou tecnologicamente, conseguiu produzir 237 guerras, e, nessas 237 guerras, morreram aproximadamente cem milhões de pessoas. Esses números são suficientes para nos levar a parar para pensarmos um pouco: afinal de contas, que mundo é este que nós estamos vivendo? Quanto mais evolui, quanto mais se desenvolve tecnologicamente, mais guerras produz e mais pessoas morrem, e a violência hoje se encontra disseminada e com múltiplas causas.
Enganam-se
aqueles que imaginam que a violência tem, única e exclusivamente, como causa as
questões econômicas da sociedade contemporânea. Essa é, sim, sem sombra de
dúvida, uma das razões pelas quais a sociedade está cada vez mais violenta. Um
País como o nosso, com 56 milhões de brasileiros marginalizados e excluídos,
tem, evidentemente, muita violência por conta dessa situação de exclusão e de
marginalização de uma parcela importante na sociedade. Agora, quando dois
jovens, de Porto Alegre, discutem pela Internet
e depois um acaba matando o outro, a pontapés, num posto de gasolina, longe
está de ser uma razão que tem origem nas questões econômicas. Há um conjunto de
violências que está a nos rodear no dia-a-dia, que tem a ver com o padrão de
comportamento da sociedade contemporânea. A sociedade de consumo que está a
disseminar por aí, cada vez mais, o consumismo exacerbado, a sociedade de
consumo que está a firmar valores de cada um por si e o resto que se dane é uma
sociedade que tem produzido violência.
Portanto
é preciso enfrentar essa situação de violência, e nós temos dito que a situação
de violência que nós estamos hoje a enfrentar na sociedade brasileira precisa,
sim, de políticas públicas de inclusão social, mas isso é insuficiente. É
preciso fazer com que essas políticas de inclusão social sejam acompanhadas
também de políticas públicas cidadãs na área da Saúde, na área da Educação, na
área da Segurança pública. Mas isso também, por si só, não resolve o problema
da violência. É preciso aliar a essas duas orientações básicas: políticas de
inclusão social, políticas cidadãs nas mais diferentes áreas; é preciso
associar a participação da sociedade civil organizada.
É
isso que a Assembléia Legislativa propõe por intermédio desta campanha,
aprovada por unanimidade de todos os Srs. Deputados, uma campanha que tem a
adesão de mais de 300 entidades da sociedade civil gaúcha: do Poder Executivo
federal ao Poder Executivo estadual e municipal, ao Poder Judiciário, ao
Ministério Público, à Federação das Indústrias do Estado Rio Grande do Sul, à
Central Única dos Trabalhadores, às organizações não-governamentais, enfim, são
mais de 300 entidades que hoje já participam da nossa campanha.
Já
realizamos a maior cavalgada da história do Rio Grande, com a participação do
MTG - Movimento Tradicionalista Gaúcho -, que iniciou uma cavalgada em Porto
Alegre e culminou, depois de 2.800 quilômetros, durante 95 dias, lá em Dom
Pedrito, nas terras do obelisco, onde foi assinado o tratado de paz da
Revolução Farroupilha, para simbolizar a nossa preocupação e a nossa vinculação
histórica com a construção de uma cultura de paz. Já realizamos, em mais de
vinte cidades do Estado do Rio Grande do Sul, seminários, oficinas, formando
multiplicadores por uma cultura de paz. E aqui, em Porto Alegre, já realizamos
um seminário e pretendemos realizar outros em diferentes regiões da nossa
Cidade, para formarmos e qualificarmos cidadãos e cidadãs da nossa Cidade, da
nossa querida Porto Alegre, para, juntos, construirmos uma cultura de paz, para
fazermos com que a sociedade participe efetivamente desta campanha. Realizamos
um seminário estadual com mais de 500 pessoas no Auditório Dante Barone, da
Assembléia Legislativa. Já tivemos a oportunidade de produzir material, do qual
V. Exas estão recebendo um kit, com a produção de uma cartilha que
tem como objetivo estimular o debate e a reflexão, especialmente com a nossa
juventude.
Queremos,
portanto, aproveitar esta oportunidade para convidar a Câmara de Vereadores de
Porto Alegre a ser parceira da Assembléia Legislativa nesta caminhada, nesta
campanha, que não é a campanha de um Parlamentar, não é uma campanha da
Assembléia Legislativa apenas, mas é uma campanha da sociedade como um todo.
Somente a sociedade assumindo nas suas mãos essa tarefa de combater a violência
é que nós seremos capazes de construir um mundo de paz.
Para
concluir, senhores e senhoras, Srs. Vereadores, Sras Vereadoras,
quero dizer que, no próximo dia 18 deste mês, durante todo o dia, estaremos
fazendo um Dia de Vivências pela Paz no Largo Glênio Peres, aqui em Porto
Alegre, onde escolas do Município, organizações não-governamentais aqui da
nossa Cidade, que desenvolvem um trabalho importantíssimo na construção de uma
cultura de paz, estarão apresentando esse trabalho para a sociedade
porto-alegrense e para a sociedade gaúcha. Também, no mês de junho, nós
estaremos conferindo o Prêmio que a Assembléia Legislativa vai estabelecer a
dez categorias, chamado “Construtor da Paz”, destacando os trabalhos já
existentes no combate à violência e na construção de um mundo de paz em diferentes
setores da nossa sociedade. E ainda, no mês de junho, a nossa Campanha vai para
a televisão, para o rádio e para os jornais, por meio de uma campanha
publicitária que estamos viabilizando, com a participação da Petrobras, do
Banrisul, do Grupo Zaffari e da Assembléia Legislativa, que vai possibilitar
que levemos essa mensagem adiante a todos os gaúchos e gaúchas, para que
possamos, por meio dessa campanha, convocar toda a sociedade civil do nosso
Estado para participar.
A
violência é resultado de um processo construído pelo homem, e, assim sendo, nós
temos de, por meio de um processo coletivo de ação de toda a sociedade,
construir a paz. A paz não cairá do céu! A paz será fruto do resultado do
trabalho que todos nós podemos e devemos construir! Portanto, fica aqui esse
convite. Eu tenho certeza de que a Câmara de Vereadores, por meio dos seus
Parlamentares, certamente dará a sua contribuição e será parceira da Assembléia
Legislativa nessa tão importante jornada, nessa tão importante Campanha.
Quero,
portanto, agradecer o espaço que nos foi oferecido para podermos apresentar a
Campanha. Coloco-me à disposição dos Srs. Vereadores e da comunidade para
maiores esclarecimentos, e, evidentemente, lá na Assembléia Legislativa
estaremos à disposição de todos os senhores e de todas as senhoras. Muito
obrigado, Presidente, Verª Margarete; muito obrigado pela paciência dos Srs.
Vereadores e de todos os que aqui compareceram para dedicar a sua atenção a
essa nossa mensagem. Um grande abraço a todos. (Palmas.)
(Não revisto
pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Eu agradeço a presença do Deputado
Ronaldo Zulke e o convido a fazer parte da Mesa. O Deputado nos traz uma
importante e relevante reflexão num momento tão difícil em que o mundo vive.
A
Verª Helena Bonumá está com a palavra para fazer a sua saudação em nome de
todas as Vereadoras e todos os Vereadores desta Casa.
A SRA. HELENA BONUMÁ: Srª Presidente, Verª Margarete Moraes;
companheiro Deputado Ronaldo Zulke, que coordena, na Assembléia Legislativa, a
Campanha “PAZ é a gente que faz”, Sras Vereadoras, Srs. Vereadores,
senhoras e senhores que nos acompanham, Deputado Henrique Fontana - sempre
Vereador desta Casa -, é um prazer estar aqui falando para vocês sobre esse
tema que o Deputado Ronaldo Zulke traz para esta Casa. Na realidade, a
Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul, a partir da iniciativa
do Deputado, propõe a diversos segmentos da sociedade - empresariais, de
trabalhadores, das comunidades, dos estudantes, dos jovens, dos meios de
comunicação, das Igrejas, enfim, são diversos os segmentos que se unificaram em
torno dessa proposta já no ano passado, que já teve toda uma caminhada de
construção... Por meio dessa ação, procurou-se abranger escolas, comunidades,
diversos segmentos que estão levando para o seu meio a discussão do combate à
violência, construindo ações de cidadania e de paz.
Eu
tive a oportunidade de acompanhar o processo das oficinas da Assembléia
Legislativa, com participação bastante rica, e entendo que cabe a esta Câmara
de Vereadores, como uma instituição, somar-se a esse processo, a essa campanha,
a exemplo de outras Câmaras de Vereadores do interior do Estado que estão
participando, com o objetivo de fazermos uma grande rede, uma grande corrente,
construindo essa idéia de que paz é a gente que faz.
A
luta contra a violência - nós sabemos que a violência tem crescido na nossa
sociedade - não é só contra a violência que advém do crime, mas é contra a
violência que hoje grassa nas
relações sociais - muitas vezes, intrafamiliares -, nas relações afetivas. Nós
temos certeza de que há um grande trabalho a ser feito nesse sentido, de que
não é só um processo de Polícias. A Polícia é necessária, tem de fazer um
trabalho bem feito, mas existe um trabalho de educação da sociedade, e todos os
Vereadores desta Casa têm demonstrado, através dos seus projetos, das suas
ações parlamentares, essa preocupação.
Há
pouco, eu falava com o Ver. Cassiá Carpes, Presidente da Comissão de Direitos
Humanos da Câmara de Vereadores, que é a Comissão que trabalha mais de perto
com essa temática, que tem tido iniciativas nesse sentido, que debateu, outro
dia, a VIII Conferência de Direitos Humanos. É muito importante que nós
possamos, Ver. Cassiá, com a Comissão que V. Exª preside, propor, juntamente
com a Mesa Diretora, a partir dos documentos, dos kits que a Assembléia nos traz, de que forma esta Casa pode
somar-se a esse esforço de diversas instituições e segmentos da nossa
comunidade, para estarmos construindo ações efetivas, para estarmos trabalhando
a educação para a paz junto às escolas, junto à comunidade, junto aos meios de
comunicação, de forma que os valores que passem a permear, a dirigir as nossas
relações cotidianas comecem, cada vez mais, a ser outros.
Acho
que nós, como Casa Parlamentar, como Câmara de Vereadores, temos um exemplo
importante a dar nesse sentido, somando-nos a isso que o Deputado trouxe aqui,
que são ações realizadas junto à escola, junto às comunidades, são as oficinas,
nas quais a campanha tem uma parceria com a ONG Educadores para a Paz,
coordenada pelo Padre Marcelo, que também é do conhecimento da nossa
comunidade. Todos sabem que os Educadores para a Paz já há mais tempo trabalham
essas questões. Então, com a campanha proposta pela Assembléia, esta Casa poderia
ingressar nessa grande mobilização e dar, através das ações dos seus
Parlamentares, da Comissão de Direitos Humanos, da própria Mesa Diretora, a sua
contribuição para o andamento desse processo. Como bem diz o lema proposto pela
Campanha: “Paz é a Gente que Faz” - nós temos muito a construir em conjunto.
Em
nome da Câmara de Vereadores, agradecemos a presença do Deputado Ronaldo Zulke
e estaremos estudando, no próximo período, as melhores formas da nossa Câmara
poder estar participando desse processo e construindo essa campanha juntamente
com a nossa comunidade. Muito obrigada.
(Não
revisto pela oradora.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Mais uma vez, quero agradecer a presença
nesta Casa Legislativa do Deputado Estadual Ronaldo Zulke e dizer que será
sempre bem-vindo aqui. Sucesso nessa campanha, que é de todos!
Passamos
à
O Sr. Alberto Miranda da
Silva, Presidente da Associação de Moradores do Loteamento Cavalhada - AMLC -,
está com a palavra para tratar de assunto relativo ao processo de denominação
das ruas na comunidade, pelo tempo regimental de 10 minutos.
O SR. ALBERTO MIRANDA DA SILVA: Sras Vereadoras e Srs.
Vereadores, Srª Presidente desta Casa, solicitamos este espaço para tratar de
um assunto de suma importância para a nossa comunidade.
Inicialmente,
vou ler um documento, e depois vamos comentá-lo. (Lê documento.): “Srª
Presidenta, Sras. Vereadoras e Srs. Vereadores, público presente, o
Loteamento Cavalhada, como acredito, a maioria das senhoras e dos senhores já sabem,
é uma comunidade muito pobre, constituída de pessoas com elevado grau de
carência, no mais amplo sentido que a palavra pode indicar.
Pois bem, sem querer acusar quem quer que seja de ter agido de má-fé, devo dizer que, valendo-se dessa carência como expediente, um certo Vereador aproveitou-se para elaborar um Projeto de Lei que veio dar nome a uma das ruas do nosso Loteamento Cavalhada, sem uma consulta séria àquela comunidade, que na ocasião estava com um projeto em andamento, visando dar nome às ruas e acessos da comunidade.
Srª
Presidenta, acredito ser do seu conhecimento a discriminação e até perseguição
sofrida por aquela comunidade por parte do maior veículo de comunicação desta
Cidade, que sempre nos tratou como um grande foco de marginais ou foras da lei
da pior espécie. Um jornaleco dessa empresa chegou a dizer em um dos seus
artigos: ‘Nas sete ruas daquela comunidade, jorra sangue’. Isso foi dito quase
que em manchete, bem destacado.
Pois
bem, Srª Presidenta, é do conhecimento de todos que o nosso loteamento, como
outras comunidades, tem problemas, mas nada que venha em desabono à conduta dos
cidadãos que lá vivem. Se tem ou teve ‘pessoas problema’, não foi e não é coisa
que possa macular a imagem e a conduta de todo e qualquer bom cidadão trabalhador
que, por ser pobre e por não ter alternativa de moradia mais digna, acaba
vivendo nesses assentamentos populares. Nesses casos, a sua própria condição de
pobre, trabalhador e honesto deveria ser motivo de exaltação por parte de
qualquer veículo de comunicação que tivesse como meta a comunidade onde está
inserido.
Quando
tivemos a nossa creche comunitária assaltada, na véspera de ser aberta,
resolvemos apelar àquela empresa, como uma forma de divulgação do pedido de
socorro, como forma de repor alguns itens necessários ao seu funcionamento.
Esta liderança comunitária, ao chegar naquela empresa, foi recebida em pé, por
um guarda de portaria que disse que, se tivesse a participação da Prefeitura
Municipal na construção da referida creche, eles não fariam divulgação.
A
forma como essa empresa vem agindo com o Loteamento Cavalhada tem criado dez
vezes mais problemas do que resolvido. Quando uma pessoa da comunidade vai ao
comércio, seja para fazer uma ficha para emprego, seja para uma compra no
comércio, essa pessoa já é eliminada ao declinar seu nome e endereço, tal a
força do veículo de comunicação que penetra nos lares da classe dominante,
politicamente despreparada para filtrar essas informações.
Queremos
pedir àquela empresa que a eleição deste ano não seja mais um motivo para
sermos novamente chacoteados por seus mercenários repórteres.
Pois
bem, Srª Presidenta, senhoras e senhores Vereadores, esta comunidade está em um
verdadeiro canteiro de obras. As ruas terão pavimentação e saneamento, tudo culpa
- no bom sentido - da Prefeitura Municipal, do Orçamento Participativo e da
participação popular que entendeu que pobre também tem direito à moradia digna.
E, para completar a regularização daquela comunidade, estamos pedindo a todas
as senhoras e senhores Vereadores que acatem o pedido e levem em conta o
Projeto Ruas, elaborado pelos alunos do III Ciclo da Escola Neusa Goulart
Brizola, de nosso Loteamento, que dá nomes de árvores aos acessos
perpendiculares e denomina a Rua 4523 de José Antônio Lutzenberger. Queremos
sugerir ao Ver. Rui Nedel - que avistei há pouco -, autor do Projeto que deu um
nome àquela rua e que nada tem a ver com a nossa comunidade, que ele - se
realmente desejar colaborar com o Loteamento Cavalhada - peça a anulação do
referido nome e a comunidade lhe será eternamente grata, Ver. Rui Nedel.”
Pois
bem, senhoras e senhores, elaboramos esse texto como uma forma mais didática de
tratar o tema, mas gostaria de pedir a todos os Srs. Vereadores que levem em
conta o trabalho feito por aquela comunidade, pelos alunos do III Ciclo da
Escola Neusa Brizola, que aí estão e são testemunhas vivas do trabalho
elaborado na comunidade, quando estava numa situação difícil de rixas, brigas
de algumas pessoas que lá existiam e que hoje praticamente não existem mais,
porque acabou o problema. Então, essas crianças fizeram um trabalho sério; além
de aprenderem botânica - foram ao Morro do Osso -, demonstraram um interesse
pela cidadania e conseguiram indicar nomes para as ruas do nosso Loteamento,
ruas estas que, segundo as crianças, serão chamadas por nomes de árvores, e
peço que os Srs. Vereadores atentem muito bem para esse detalhe.
Esse
Projeto com nomes de árvores foi pensado, não foi alguma coisa que caiu do céu.
Por isso a rua principal, a Rua 4523, deveria ou deverá chamar-se Rua José
Antônio Lutzenberger. A gente pede - e eu repito, mais uma vez - para o Ver.
Rui Nedel, meu conterrâneo de São Luiz Gonzaga, que leve em conta o pedido da
nossa comunidade, entre com pedido de anulação do nome atual, indique o nome
Rua José Antônio Lutzenberger, e ele poderá ter a graça de colocar a plaquinha
na nossa comunidade.
Os
demais nomes estão aqui. Como tenho um tempo, vou citar para todas as pessoas,
todos os Vereadores, Srª Presidenta, os nomes escolhidos pelos alunos da nossa
comunidade: a Rua 4521 se chamaria ou se chamará, se Deus quiser, Rua Caracol
do Campo; o acesso A1, Rua Grandiúva; acesso A2, Rua Ipê Amarelo; acesso B1,
Rua Guamirim; acesso C1, Rua Capororoca; acesso C2, Rua Gravatá; acesso C3, Rua
Aroeira; acesso D1, Rua Caliandra; acesso G1, Rua Pé-de-Deus; acesso G2, Rua
Begônia; Rua 674, Rua Ingá; e finalmente a Rua 714 se chamará Rua Timbaúva.
Sras
e Srs. Vereadores, Srª Presidenta, foi muito bom ter participado desta Tribuna
Popular. Em nome da Associação dos Moradores do Loteamento Cavalhada e em nome
de toda a sua comunidade, a gente agradece. Uma boa-tarde a todos. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Sr. Alberto Miranda da Silva, eu quero
convidá-lo a compor a Mesa dos trabalhos, ao mesmo tempo em que ofereço a
palavra às Bancadas.
O
Ver. Ervino Besson está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.
O SR. ERVINO BESSON: Srª Presidente, Ver. Margarete Moraes;
Srs. Vereadores, Vereadoras, senhoras e senhores que nos acompanham nas
galerias, quero saudá-los e também fazer uma saudação muito especial ao Sr.
Alberto Miranda da Silva, Presidente.
Meu
caro Alberto, eu quero dizer a V. Sª que sou um dos co-fundadores daquela
entidade, da Cidade de Deus. Aquela área - eu acho que V. Sª não está muito bem
informado - está sendo administrada pelo Secretariado de Ação Social da
Arquidiocese de Porto Alegre, sendo que a Cúria Metropolitana, uma entidade
que, eu acho, V. Sª conhece muito bem, é uma proprietária daquela área. Agora,
com todo o respeito, Sr. Alberto, a entidade não querer aceitar o nome da rua
de Monsenhor Rubem Neis é um desrespeito por um cidadão que tem uma história
junto àquela entidade! (Palmas.)
Quantas
ruas há lá, e o senhor vem a esta Casa para pedir ao Vereador, eleito
legitimamente pelo povo, que retire o nome do Monsenhor Rubem Neis de uma rua?
Com todo o respeito a V. Sª, esta Casa não pode fazer isso, e V. Exª não pode
levar essa idéia para a entidade.
Aquela
é uma comunidade que eu conheço; moro lá perto e tenho muito orgulho em
trabalhar junto àquela comunidade. Agora, lamentavelmente, com todo o respeito
ao senhor...o senhor está num dia infeliz, trazendo a esta Casa um pedido para
que o Ver. Nedel retire o nome do Monsenhor. Monsenhor é um nome que pertence à
entidade, viu, seu Alberto? O Monsenhor, dentro da religião, tem uma história.
Agora, lamento profundamente, com todo o respeito que tenho pelo senhor. Eu só
quero que o senhor não leve isso para a comunidade, nem faça um segundo pedido
para o Ver. Nedel retirar o nome do Monsenhor Rubem Neis da rua, pelo respeito,
pelo que ele representou, pela sua história como religioso daquela entidade.
Muito obrigado. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Cassiá Carpes está com a palavra,
nos termos do art. 206 do Regimento.
O SR. CASSIÁ CARPES: Srª Presidente, quero saudar o Sr.
Alberto Miranda da Silva, Presidente, mas, ao tempo em que faço uma saudação a
V. Sª, fico preocupado com a sua falta de conhecimento. O senhor não sabe nem o
nome do Vereador; parece-me que o senhor foi induzido a vir a esta Casa para
falar coisas das quais o senhor não entende bem ou não sabe bem.
Lamentavelmente, o senhor está representando a comunidade, pela qual nós temos
o maior respeito, mas V. Sª está afrontando um Vereador. O senhor não sabe nem
o nome do Vereador, chama o Ver. João Carlos Nedel de Rui Nedel. Quer dizer, o
senhor foi induzido a vir a esta Casa, o Orçamento Participativo está
infringindo uma Lei municipal; o senhor está representando, parece-me, não
todos dessa comunidade, que é uma comunidade próspera, trabalhadora. Eu só
posso deduzir que o senhor está sendo induzido a falar coisas das quais não tem
conhecimento. Portanto, é lamentável a sua presença e o seu discurso nesta
tribuna, nesta Casa, porque tem de haver as prerrogativas do Legislativo.
(Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. João Carlos Nedel está com a
palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.
O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Meu prezado conterrâneo Alberto, há três
anos, antes de V. Sª ser Presidente da Associação, estive pessoalmente na
Escola Neusa Goulart Brizola e falei com a Direção para que eles indicassem o
nome dessa rua. Aguardei três anos para que a comunidade me informasse o nome.
Não recebi nenhuma resposta. Em contato com a comunidade, vi as dificuldades
que ela enfrentava, especialmente uma coisa que é importante para a Associação:
os moradores acharam que compraram as suas casas com um contrato de promessa de
compra-e-venda. Foram enganados, compraram com Direito Real de Uso. Isso a
Associação tem de reverter.
Eu
tenho uma história nesta Câmara, e estão aqui presentes as comunidades do Costa
e Silva, a Presidente, Srª Laura; do Jardim Floresta, Dona Anita, o Seu
Libório; do Jardim Leopoldina, o seu Romero, que sabem como eu atuo. Aguardei
por três anos que a comunidade se manifestasse, e aí a comunidade paroquial me
pediu que eu homenageasse o Monsenhor Rubem Neis. Estivemos na comunidade e
fizemos o abaixo-assinado; são 29 assinaturas de moradores da região - está
aqui a cópia com 29 assinaturas -, inclusive consta o 2º Tesoureiro da sua
Associação, ou seja, a comunidade está a par, a comunidade assinou, a
comunidade concordou. O homenageado é uma figura ilustre, um Monsenhor,
pesquisador, foi aprovado pela unanimidade dos Vereadores, que são os
representantes das comunidades.
V.
Sª disse que a rua deve-se chamar José Lutzenberger; não pode, porque já existe
rua chamada José Lutzenberger. Há uma Lei do então Prefeito Tarso Genro que
impede que haja duas homenagens para a mesma pessoa. V. Sª solicita também a
denominação da Rua Timbaúva, e já existe também uma rua chamada Timbaúva.
Então, V. Sª está equivocado, eu lamento. Eu tenho a certeza de que as
comunidades que estão aqui presentes conhecem a minha atuação; eu agi de acordo
com a Lei e respeitando a comunidade, conforme assinaturas que tenho aqui e que
estão no Processo.
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Reginaldo Pujol está com a
palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.
O SR. REGINALDO PUJOL: Srª Presidente, Sr. Alberto Miranda da
Silva, Presidente da Associação dos Moradores do Loteamento Cavalhada, eu penso
que esta Casa vive hoje um momento muito especial. Aqui, nós mostramos que o
exercício da democracia é algo, muitas vezes, difícil de a gente realizar na
plenitude, porque o exercício da democracia pressupõe o respeito à lei e,
sobretudo, à tolerância que se deve ter com relação à ampla possibilidade de
que as pessoas possam debater, preconizar e sustentar os seus pontos de vista.
De
certa forma, cumprimento o Sr. Alberto Miranda da Silva, que vem aqui fazer uma
proposta que só uma Casa democrática pode acolher, quando pede a revogação de
um ato legitimamente constituído aqui nesta Casa. É um direito seu de fazer
essa postulação. E nós acolhemos, respeitosamente, ainda que por certo vamos
repelir. Fica muito claro que as decisões desta Casa não são tomadas de forma
irresponsável, de tal sorte que possam ser modificadas a toda hora e a todo
instante.
As
alegações, até exageradas, do Ver. Nedel - que demonstra, inclusive, a
impossibilidade do atendimento do seu pedido, por vários motivos, e até por
contrariar disposições expressas em lei -, seriam até desnecessárias, tendo em
vista algo que me parece ser consenso de toda Casa, que as nossas decisões aqui
não são imutáveis, mas não podem ser revogadas ao sabor dos acontecimentos, sob
pena de desmoralizar esse processo, que é o processo legislativo. De qualquer
forma, ainda que discorde de V. Sª, de forma absoluta, eu quero fazê-lo
respeitosamente.
Esta
Casa, esta Tribuna Popular é aberta para que as pessoas expressem as suas
opiniões. O fato de aqui serem colocadas as opiniões não que dizer que elas
serão acolhidas. No caso concreto, o senhor teve liberdade democrática de
colocar a sua opinião, e nós, democraticamente, estamos lhe respondendo que não
é possível atendê-lo, pelas próprias razões que já foram colocadas.
De
qualquer sorte, volte sempre a esta Casa, aqui as portas sempre estão abertas
para o povo. Todas as correntes de opiniões aqui têm direito de expressar-se,
têm direito de tomar as suas posições, o que não vale dizer que essas posições
serão por nós acatadas. Era isso, seja sempre bem-vindo. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): A Verª Maristela Maffei está com a
palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.
A SRA. MARISTELA MAFFEI: Em primeiro lugar, uma boa-tarde, o meu
respeito à comunidade do Loteamento Cavalhada e a uma escola toda que se
dirigiu até esta Casa, uma escola daquela comunidade, com seus alunos, com seus
pais e com sua Direção, que fazem um exercício, além desta Casa, que não é
também a dona da verdade, mas construtora de um processo democrático, vêm aqui
também trazer o seu olhar frente a algo que, neste momento, eles não estão
concordando. E por quê? Porque fizeram toda uma discussão com aquela
comunidade. Aquela comunidade não é de nenhuma religião, hoje aquela área não
pertence à Cúria Metropolitana, é organizada e administrada por uma comunidade.
Portanto,
todos os credos, todos os espaços têm de ser respeitados. E é esse exemplo que
esta Casa tem de dar: ter a humildade e a grandeza de acolher essa comunidade e,
se for preciso, modificar. Estamos, aqui, para obedecer às leis, mas também
para modificá-las. E precisamos aprender essa concepção, porque a Cidade já
demonstrou que é dessa forma que temos de trabalhar.
Portanto,
nesses nomes que foram para a Secretaria-Geral de Governo, que lá foram
discutidos e encaminhados a esta Casa, havia nomes repetidos, e, para os
desinformados, não é o nome do pai, e sim do filho que está sendo indicado. Ou
seja, esse nome ainda não existe na Cidade. Isso, para aqueles que não sabem,
porque, nesta Casa, muitos Vereadores não têm conhecimento de tudo.
Então,
temos de ter a grandeza de compreender que o olhar da sociedade não é apenas o
olhar desta Casa, tem de haver o respeito pela comunidade que mora lá. E é isso
que esses pais e essa Escola vieram fazer aqui hoje. Esta Casa tem de respeitar
todos os que estão nesta tribuna, que não são e não têm a experiência de um
Vereador, e não são obrigados a saber tudo, podem errar um nome, porque são
pessoas simples, das comunidades. Houve desrespeito a uma pessoa que aqui
esteve usando a Tribuna Popular.
Em
nome da Bancada do Partido dos Trabalhadores, queremos continuar construindo
com o Ver. João Carlos Nedel e com a comunidade esse processo. Porque perde o
senhor, perdemos nós e perde toda a comunidade. Obrigada. (Palmas.)
(Não
revisto pela oradora.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Luiz Braz está com a palavra, nos
termos do art. 206 do Regimento.
O SR. LUIZ BRAZ: Srª Presidenta, Srs. Vereadores, quero
cumprimentar também a Associação dos Moradores do Loteamento Cavalhada na
figura do Sr. Alberto Miranda da Silva. É sempre uma satisfação receber aqui os
integrantes das comunidades, das diversas comunidades, a fim de que possam
aqui, por meio da Tribuna Popular, entrar em contato com esta Casa.
Ouvi
o pronunciamento de V. Sª e acredito que está falando em nome de um grupo, o
qual representa dentro da sua comunidade, mas não fala, de acordo com o
Processo, em nome de toda a comunidade.
O
Ver. João Carlos Nedel, que é um Vereador muito consciente e muito respeitado
por toda a sociedade, apresentou aqui um Projeto exatamente nos termos que a
legislação permite. E foi aprovado por todos os Vereadores desta Casa o Projeto
apresentado pelo Vereador, que tinha a assinatura de moradores, como preceituam
os termos legislativos, que dizem que tem de haver a assinatura dos moradores
da localidade. E o Ver. João Carlos Nedel fez exatamente isso, cumpriu
rigorosamente. Eu penso que, quem sabe, o próprio Vereador seja chamado lá na
comunidade para modificar alguma coisa, para fazer uma discussão mais
generalizada, a fim de que a comunidade possa saber de algumas coisas que não
podem ser legisladas por esta Casa, como, por exemplo, os nomes em duplicidade,
que existem naquela relação que foi mandada para o Executivo.
Acontece
que, infelizmente, o Executivo Municipal ensinou mal a todas as comunidades de
que tudo tem de ser resolvido por meio de contato com o Executivo...Orçamento
Participativo e essas bobagens que foram criadas pelo ele. Então, eu penso que
nós temos de modificar essa idéia, penso que o Legislativo tem de ser mais
chamado nas comunidades para poder discutir os seus diversos direitos, a fim de
que o projeto, quando vier aqui para esta Casa, seja um projeto que esteja em
consonância com os Vereadores, com a Legislação e com as comunidades no geral.
Realmente,
eu o cumprimento, pois veio até aqui para discutir um assunto, mas, também,
faço um convite para que o senhor possa convidar outros Vereadores, o Ver. João
Carlos Nedel, para ir até a sua comunidade, para fazer uma discussão mais geral
a respeito dos nomes das ruas. Muito obrigado pela sua presença. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Sebastião Melo está com a palavra,
nos termos do art. 206 do Regimento.
O SR. SEBASTIÃO MELO: Srª Presidenta, queremos, inicialmente,
em nome da nossa Bancada, em meu nome e do Ver. Haroldo de Souza, saudar o Sr.
Alberto Miranda da Silva, Presidente da Associação de Moradores do Loteamento
Cavalhada, e dizer que democracia sem contraditório não é democracia. Portanto,
o senhor tem toda a legitimidade, como também todas as comunidades, de vir a
esta tribuna manifestar-se, sim, e até acho que, se não concordarmos, temos de
pregar que o senhor e tantos outros façam as suas pregações, porque assim se
afirma a democracia.
Eu
quero dizer que tenho posição sobre esta matéria. Tramita nesta Casa um Projeto
de Lei que tornaria obrigatória a consulta à comunidade do entorno da rua. Eu
quero dizer que vou votar favoravelmente a esse Projeto. Eu sou Vereador de
primeiro mandato e consultava aqui o Ver. Haroldo. Eu dei um nome de rua até
hoje com abaixo-assinado, o Ver. Haroldo também estava me dizendo que deu um
nome de rua. Não é que eu não considere isso importante, mas acho que há outras
questões mais aprofundadas que a municipalidade tem de trabalhar.
Eu
penso que nós resolveríamos essa questão se colocássemos desta forma: a
comunidade reúne-se democraticamente; se não há consenso pelo voto, ela resolve
quais os nomes que pretende dar ao entorno da sua comunidade. Quero dizer que o
Ver. João Carlos Nedel, como qualquer outro Vereador, tem legitimidade para
colocar nome de rua, é um Vereador trabalhador, correto. Agora, acho que, neste
debate que foi trazido, tem de ganhar a comunidade. O senhor está colocando as
suas ponderações, mas eu tenho certeza de que o próprio Ver. João Carlos Nedel,
juntamente com esta Casa, vai refletir.
Quero
dizer que a nossa Bancada tem essa posição, entende que nessa questão de nome
de rua deve haver uma consulta no entorno, para que efetivamente seja feito o
interesse da comunidade e não de uma pessoa. Às vezes, pode ser de uma pessoa
isolada, eu não estou dizendo só o Vereador, pode ser de uma pessoa, e eu não
acho isso correto. Portanto, a nossa saudação e o nosso abraço a V. Sª, à sua
comunidade, à sua Diretoria.
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Carlos Alberto Garcia está com a
palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.
O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Prezado Sr. Alberto Miranda da Silva,
Presidente da Associação de Moradores do Loteamento Cavalhada, escutei
atentamente a sua fala e fiquei preocupado com duas situações.
Primeiro,
o senhor colocou que a comunidade já havia indicado outro nome. O Ver. João
Carlos Nedel, por sua vez, falou que entrou em contato com a Direção da Escola
e trouxe um abaixo-assinado. E eu não quero dizer que nenhum dos dois segmentos
esteja faltando com a verdade. Acho que isso é bem claro. Nós já tivemos casos
e estamos discutindo um caso aqui na Casa, recentemente, onde foi dado o nome
do Dr. Ciulla a um posto de saúde, estamos num processo de votação para mudar
para Posto das Bananeiras, porque a comunidade assim o solicita. Então, é
importante essa discussão, porque o que se quer e o que se busca - e eu tenho
certeza de que também é esta a intenção do Ver. João Carlos Nedel - é aquilo
que a comunidade quer.
Em
cima disso, proponho que o Ver. João Carlos Nedel possa fazer essa interlocução
com a comunidade, para que essas verdades possam ser afloradas, porque o
Vereador procurou e tem 29 assinaturas. Ele coloca que a Direção da Escola, a
qual o senhor citou, também foi consultada. Eu volto a dizer: duas verdades.
Mas o mais importante é que o Vereador possa sentar com a comunidade e tentar
esclarecer esses fatos. Se tiver de trocar, que possamos, sim, fazer uma
discussão sadia aqui nesta Casa, até porque existe uma outra prerrogativa. Por
exemplo, se o Vereador não quiser trocar e um outro Vereador entender que possa
ser trocado, se houver mais de dois terços, basta fazer um novo Projeto de Lei,
embora isso seja complicado, porque, na realidade, aquela pessoa que morreu não
pediu para ter seu nome colocado, foi por uma decisão e uma consulta; o
Vereador fez a consulta popular. E é em cima disso que volto a dizer que o
melhor caminho é que a comunidade e o Vereador possam fazer esse entendimento,
e esse será, tenho certeza, o entendimento desta Casa. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Agradecemos a presença do Sr. Alberto
Miranda da Silva, Presidente da Associação de Moradores do Loteamento
Cavalhada, dizendo que suas demandas foram ouvidas, registradas, comentadas por
todas as Bancadas e que o senhor e toda a sua comunidade são sempre bem-vindos
a esta Casa. Muito obrigada.
O SR. RENATO GUIMARÃES (Requerimento): Srª Presidenta, gostaria de requerer, em
nome da comunidade dos doze postos de Serviço de Saúde Comunitária do Grupo
Hospitalar Conceição, que a gente invertesse a ordem dos trabalhos e entrasse,
de imediato, no Grande Expediente, período destinado a homenagear esse
maravilhoso Serviço.
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Em votação o Requerimento de inversão da
ordem dos trabalhos, para que possamos entrar, imediatamente, no Grande
Expediente. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados.
(Pausa.) APROVADO por unanimidade.
Passamos
ao
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Período destinado a homenagear o Serviço
de Saúde Comunitária do Grupo Hospitalar Conceição. Convido para compor a Mesa
dos trabalhos o Dr. Rogério Amoretti, Diretor-Técnico do Grupo Hospitalar
Conceição; Sr. Eno Dias de Castro Filho, Gerente de Saúde Comunitária do Grupo
Hospitalar Conceição; a Srª Silvia Martins, representante da Secretaria
Municipal da Saúde, Gerente Distrital da Região Noroeste. Eu também quero
registrar que o Deputado Henrique Fontana esteve presente, mas, por
compromissos de viagem, teve de se retirar, ele deixou um abraço a todos os
funcionários, a todos os Vereadores e Vereadoras desta Casa.
O
Ver. Renato Guimarães está com a palavra como proponente desta homenagem.
O SR. RENATO GUIMARÃES: Srª Presidente, Sras
Vereadoras, Srs. Vereadores, senhoras, senhores, jovens, crianças de dezenas de
comunidades atendidas pelo Serviço de Saúde Comunitária do Grupo Hospitalar
Conceição, é com grande alegria que a gente agradece a presença de todos. A
gente reconhece aqui, olhando para cada um, para cada uma, dezenas de
lideranças comunitárias, de companheiras e companheiros que constroem a luta
comunitária, e é uma gratificação para nós fazermos esta homenagem a um serviço
público. E sabermos que esse serviço público tem uma identidade tão grande com
a luta comunitária, luta de onde a gente vem. Portanto, muito obrigado pela
presença de todos e de todas.
A
gente entende que esta homenagem é motivada, nesses 20 anos de existência do
Serviço de Saúde Comunitária do Grupo Hospitalar Conceição, por entendermos que
esse Serviço nasceu com a intenção de fazer a medicina comunitária e
transformou-se no Serviço de Saúde Comunitária, com uma capacidade muito grande
de articular a luta da comunidade com a luta do Sistema Único de Saúde, o SUS.
Esse Serviço, lá no seu início, já nasceu com o conceito, com a proposta, que
também é nascedoura do SUS, de atender com participação popular, de atender com
integralidade, de atender com universalidade, com equidade. Portanto, no
princípio dos anos 80 - no final de 1983, início de 1984 -, nasceu o Serviço de
Saúde, Ver. Pedro Américo Leal, com o mesmo conceito do Sistema Único de Saúde.
Serviço esse de tamanha importância, que, por essa característica no
atendimento na área de saúde da família, dá origem e consegue, também, ser
núcleo, embrião de um programa muito conhecido nacionalmente, que é o Programa
Saúde da Família, onde os técnicos desse Serviço de Saúde Comunitária do Grupo
Hospitalar Conceição são, na sua grande maioria, articuladores, compositores
desse projeto nacional do Ministério da Saúde. Daí, a tremenda importância
desse Serviço.
Também
destaco aqui - não poderia deixar de lembrar - que esse Serviço tem um grande e
importante papel nas macrorregiões Norte e Leste da Cidade, que é a questão da
construção do movimento popular por intermédio do seu modelo intercomunitário,
por intermédio do seu modelo de assembléias populares, de conselhos gestores,
de participação permanente dos Conselhos dos Distritos de Saúde. Nós tivemos,
nesse processo todo, a formação de centenas de militantes na área de Saúde, e é
importante que destaquemos isso aqui. Está aqui o Amoretti, o Eno, a Silva,
que, na realidade, são construtores dessa luta toda, da luta da militância na
área da Saúde.
É
importante destacar que esse Serviço, além desse papel, desse núcleo na luta
pelo SUS e de ter um papel importante na construção da luta popular na região,
atende mais de 120 mil pessoas nesta região da Cidade, que são atendidas na
atenção primária, e isso também é de excelência e de tamanha importância. É bom
que destaquemos que se faz, sim, garante-se, sim, a construção do SUS,
garante-se a participação popular, mas garante-se também a atenção primária
para mais de 125 mil pessoas, cidadãos desta Cidade na Região Norte e Leste.
Esse
Serviço também se destaca na atenção primária, que, se está funcionando bem,
tem condições de resolver 92% dos problemas que acessam ao serviço de saúde
básica. Portanto, esse serviço de atenção primária é de tamanha importância
para entendermos que, quanto mais essa rede de atenção primária funcionar bem,
mais nós teremos os esvaziamentos dos hospitais, bem como das filas das
emergências dos hospitais.
Eu
também quero aproveitar a oportunidade para destacar o aniversário da Unidade
de Saúde do Coinma. (Palmas.) E saudar a comunidade toda que está aqui, da Margarita,
do Coinma, do Sesc, que vem, mobilizada, para mostrar o trabalho desses dez
anos de construção de saúde comunitária daquela região.
O
Eno e o Amoretti nos pediram, aproveitando a oportunidade, para fazer o
lançamento aqui, hoje, de duas propostas: “Cuidando de quem cuida”, um manual
para todos os trabalhadores da Saúde, e um manual de assistência domiciliar na
atenção primária à saúde. E nós destacamos esse exemplo aqui, dizendo que nós,
na nossa vida de militância naquela região e acompanhando o Conselho Distrital
daquelas Regiões, já vimos dezenas de iniciativas como esta, em que o Serviço
de Saúde Comunitária propôs para a comunidade, ajudando-a a entender melhor o
que é saúde e não o que é doença. Então, hoje, nós temos mais esse ganho aqui, que
é o lançamento dessas cartilhas.
Eu
também queria destacar aqui que nós passamos por um momento de um debate sobre
a questão da integração de trabalhar junto com o SUS. Nós queremos destacar - e
fazemos questão disso - dizendo que acompanhamos, nos nossos 20 anos de
militância comunitária, esse Serviço de Saúde e que ele já está muito integrado
ao SUS. Se precisamos reforçar, vamos reforçar mais ainda, mas o Serviço de
Saúde do Conceição tem um papel que, além de fazer a atenção primária, possui a
excelência na formação, na pesquisa, no trabalho, na formação de trabalhadores
que pesquisam, que se inteiram sobre as questões de saúde na formação da saúde
comunitária. Portanto, o perfil que esse Serviço tem hoje, no nosso
entendimento, deve ser mantido, devemos manter o Serviço de Saúde Comunitária
do Conceição como ele é, sendo um centro de excelência na formação de
trabalhadores na área de saúde e aprofundando a sua relação, sim, com o Sistema
Único de Saúde. (Palmas.) A nossa idéia é de que não devemos perder nada, nós
devemos é ganhar, aprofundando as relações com o Sistema e garantindo, cada vez
mais, que esse centro de excelência, formação e pesquisa seja capacitado.
Eu não posso terminar sem
antes deixar o meu testemunho pessoal. Eu sou militante comunitário e comecei
minha militância nos debates das reuniões junto ao Serviço de Saúde Comunitária
do Hospital Conceição. Estou nesta Casa e posso dizer que os primeiros degraus
da minha caminhada como militante foram as reuniões em que se discutiam os
problemas de saúde da região da Vila Jardim, do Barão, do Sesc, do Divina
Providência, do Sesc/Coinma e de outras comunidades.
Portanto,
eu acho que esta Câmara de Vereadores devia isto para o Serviço de Saúde
Comunitária do Hospital Conceição: um agradecimento, uma homenagem especial por
todo o ganho que esta Cidade tem em relação à pesquisa, à formação e, também,
ao atendimento que todos os trabalhadores da Saúde daquela região prestam nos
doze postos de saúde e, também, a todos os militantes comunitários da Saúde,
que são, na realidade, os construtores disso que nós estamos homenageado, aqui,
hoje.
Então, em nome dos 33
Vereadores, em nome da Câmara, nós é que temos de agradecer a existência desse
Serviço, a existência de uma articulação forte da comunidade, que garantiu
esses 20 anos de serviço em saúde comunitária e que garantirá que esse Serviço
continue sendo de excelência - assim como já é -, com a participação de todas e
de todos vocês. Muito obrigado pela presença. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Eu quero registrar e agradecer a
presença de todas as pessoas nesta Casa. É uma honra muito grande recebermos -
em nome de todas as Vereadoras e de todos os Vereadores - os funcionários, os
usuários, os pacientes do Grupo Hospitalar Conceição e seus doze postos de
saúde.
Também
quero registrar a presença do Dr. Roberto Umpierre, Diretor-Presidente da
Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade.
Quero
convidar o Dr. Carlos Grossman, idealizador e construtor do Serviço de Saúde
Comunitária do SUS, para compor a Mesa dos trabalhos. (Palmas.)
O Ver. Wilton Araújo está
com a palavra para uma Comunicação de Líder.
Homenagear
o Serviço de Saúde Comunitária do Grupo Hospitalar Conceição é homenagear uma
gama enorme de pessoas que se dedicam, dia a dia, por um bom serviço de saúde
para esta Cidade. Saúde que veio sendo implantada aos poucos e ganhou, através
desse sistema comunitário, a Cidade, toda a Cidade. É nesse sentido que a
Câmara Municipal se sente honrada, sim, em recebê-los, sente-se honrada em
tê-los todos aqui.
Mas,
mais do que isso, mais do que homenagear, também serve para fazermos uma
reflexão. Mais do que homenagear e dizer que o posto de saúde do Coinma faz dez
anos, a Câmara tem obrigação de refletir sobre o que, hoje, está acontecendo na
Saúde no Município de Porto Alegre, dos bons exemplos aos exemplos não tão bons
assim. O Serviço de Saúde Comunitária é o bom exemplo, é o bom caminho, é
aquele que deveria ser perseguido por toda a estrutura, e Porto Alegre deveria
se espelhar neste exemplo bom do Grupo. (Palmas.) Deveria se espelhar, tenho
certeza, porque aqui a Câmara Municipal tem se preocupado, no dia-a-dia, com o
nível precário de atendimento que os outros postos de saúde desta Cidade, que
estão sob a responsabilidade do Município, estão fazendo. Esse tipo de
atendimento a gente não quer. A Casa, inclusive, votou e aprovou uma Comissão
Parlamentar de Inquérito para averiguar e propor alternativas melhores para o
atendimento. Esse tipo de atendimento a Câmara Municipal não quer! E vê com
muita satisfação que um modelo, a síntese de um modelo e serviço comunitário,
está dando certo. E eu vejo como preocupação aqui, não só nas faixas, mas como
preocupação daquela região toda da Cidade, porque há, sim, atrás de tudo isso,
o perigo, o medo, o temor de que esse serviço seja municipalizado. (Palmas.)
Vejam
o quanto é séria a preocupação desta Casa, o quão séria, quando vota e aprova
uma Comissão Parlamentar de Inquérito para melhorar os serviços desta Cidade.
Não fora isto, todos os senhores e senhoras estariam aqui pedindo para que
esses serviços fossem municipalizados. A comparação entre os dois é que nos
deixa temerosos. E nós, com todas as letras, estamos aqui, sim, para
homenagear, para dizer que isso é bom, mas também temos a responsabilidade de
fazer a comparação e dizer que o PPS, aqui representado por mim e pela Verª
Clênia Maranhão, vai envidar todos os esforços para que não seja
municipalizado! (Palmas.) Não é uma boa experiência para Porto Alegre; a contrario sensu, o Município deveria,
sim, pegar essa experiência e trazer para nós. (Palmas.)
Finaliza
o meu tempo, e eu queria dizer que, tenho certeza, esse serviço comunitário que
vocês e nós do PPS defendemos, a maioria dos Srs. Vereadores também defendem;
alguns um pouco enrubescidos, porque participam de uma Administração que está
dando mau exemplo. Vocês têm o bom exemplo e têm a nossa solidariedade. Muito
obrigado. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra
para uma Comunicação de Líder.
O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente, Sras
Vereadoras, Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.)
Em nome do meu Partido, o PDT - Partido Democrático Trabalhista -, em nome dos
Vereadores Dr. Goulart - um batalhador da saúde -, Nereu D'Avila, João Bosco
Vaz, Ervino Besson, nós queremos participar com vocês, com essa comunidade e
com toda aquela região, que, numa época de grandes dificuldades no atendimento
à saúde, conseguem desenvolver, nesses vinte anos - e dez anos do Coinma -, um
trabalho de medicina comunitária de excelência, apesar de todas as dificuldades
pelas quais passamos nessa área.
A
presença dos senhores aqui nesta homenagem é o atestado inegável, indiscutível,
desse extraordinário trabalho que é realizado junto ao Grupo Hospitalar
Conceição na área da medicina comunitária e que teve, como um dos seus
idealizadores, meu caro Ver. Renato Guimarães, o Dr. Carlos Grossman. (Palmas.)
Por isso a nossa
satisfação e o nosso orgulho. Porque não nos interessa, do ponto de vista do
atendimento à comunidade, que neste momento sejamos oposição ou situação do
Governo, porque essas instituições são um patrimônio da sociedade, são um
patrimônio da cidade de Porto Alegre. E elas transcendem, elas extrapolam os
Governos e os Partidos que estão no governo momentaneamente, porque a
democracia é superior a tudo isso. (Palmas.) E quando um serviço vai bem,
quando um trabalho é bem desenvolvido, nenhum Partido, sob pena de ficar esse
Partido desacreditado junto à opinião pública, pode mexer, porque tem, sob os
seus olhos, sob a sua fiscalização, a comunidade atenta, vigilante e
participativa. Aí, sim, verdadeiramente participativa! (Palmas.)
Oxalá,
esse exemplo de trabalho de medicina comunitária, que já foi estudado,
examinado e pesquisado como experiência de atividade comunitária, pudesse
servir de inspiração para ser projetado em todas as regiões da nossa Cidade,
verdadeiramente, sem burocracias e sem complicações para o acesso da comunidade
ao direito mais sagrado que o cidadão tem, que é o direito à vida e à
preservação da sua saúde.
Por
isso nós, mais uma vez, reiteramos o nosso apoio, a nossa satisfação de
participar desta homenagem em nome do trabalhismo, saudando um dos autores
dessa iniciativa, Dr. Carlos Grossman, e saudando a comunidade que foi e é
reconhecida durante todos esses anos pelo trabalho que vem sendo feito em
termos de medicina comunitária. Sem o apoio de vocês, sem a decisiva
participação de vocês, certamente esse trabalho não seria uma realidade efetiva
como é. Parabéns e vida longa a esse trabalho e a todas as pessoas que
participam dele. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Elói Guimarães está com a palavra
para uma Comunicação de Líder.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Srª Presidente, Sras
Vereadoras e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais
presentes.) Esse modelo, hoje, para a Saúde pública, por meio das comunidades
de saúde, deve-se muito à Zona Norte de Porto Alegre. Na semana passada, esteve
aqui o Diretor do Hospital Conceição, ex-Vereador desta Casa, Sr. João Motta, e
nós, rapidamente, sintetizávamos a história e a luta da construção daquele
complexo hospitalar ali na nossa Zona Norte - o Hospital Conceição e o Hospital
Cristo Redentor. Estão aqui pessoas da comunidade que sabem que, na realidade,
aquilo ali foi construído pelo esforço daquela comunidade. Embora o Hospital
tenha iniciado privado, particular, ele teve a participação ampla da
comunidade, que ajudou a construir aquele Complexo. E o Serviço de Saúde
Comunitária do Grupo, Ver. Renato Guimarães, ali no Jardim Floresta, tem 19
anos; é quase o tempo, Dr. Grossman, de todo o período do serviço comunitário
de saúde que inicia lá dentro do Hospital e depois se projeta pelo interior do
Bairro e dos bairros e, de resto, pelo entorno do Complexo Hospitalar.
Há
muitas lideranças da comunidade presentes aqui. Nós não vamos citar os nomes,
porque teríamos de citar muitas pessoas, verdadeiros líderes. Destacaríamos uma
pessoa apenas, para que, citando-a, citássemos a todos: a Dona América, que
está aqui. (Palmas.)
Quero
dizer que a comunidade tomou a melhor concepção de saúde. Saúde não é uma
relação individualizada, estanque entre o médico e o paciente, entre o paciente
e o médico, vai além disso: é uma relação coletiva, que se dá na interação
entre a comunidade e o complexo técnico de prestação de saúde. Pode-se dizer
que a saúde é de primeiríssima necessidade, que a saúde é fator fundamental
para o desenvolvimento. Sem saúde não há desenvolvimento; sem saúde não há
salário, não há economia. Portanto, a saúde é fator fundamental, sem o qual as
demais atividades não se desenvolvem. Então, o modelo de saúde comunitária
inaugurado ali é um modelo intocável, imodificável, porque foi construído
diante da necessidade e da sabedoria popular, numa relação de ampla
respeitabilidade: é a questão da técnica com o setor prestador do serviço da saúde.
(Palmas.)
Portanto,
ao transcurso de 20 anos de bons resultados, este é um momento importante para
a Casa, que tem a oportunidade de saudar a todos, que na realidade são gestores
de saúde, são operadores, por assim dizer, de saúde. Na medida em que se
inteiram essas atividades, a saúde passa a ter ganho e passa a avançar em
termos de uma concepção que, para nós, é definitiva e é primeira: saúde é um
processo coletivo, é um processo participativo, é um processo onde a
comunidade, por assim dizer, juntamente com um complexo de atividades, gerencia
aquilo que é fundamental para todos nós, que é a Saúde pública. Obrigado.
(Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Cláudio Sebenelo é médico do
Grupo Hospitalar Conceição e está com a palavra para uma Comunicação de Líder,
para prestar sua homenagem ao GHC e ao Serviço Comunitário.
O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Exma Srª Presidente da Câmara
Municipal de Porto Alegre, Verª Margarete Moraes. (Saúda os componentes da Mesa
e demais presentes.) Esta platéia aqui é a minha família, é a minha gente, é o
meu coração! Quando eu comecei como Diretor-Superintendente do Grupo Hospitalar
Conceição, a primeira pessoa para quem eu telefonei e com quem falei, de
madrugada, foi o Dr. Carlos Grossman, e nós já saímos nos reunindo com a
comunidade e viajando para Brasília e conseguindo verbas. Todos os dias, de
manhã cedo, passávamos por aquela loucura que eram os postos em construção, e,
em cada posto, um sonho; em cada posto, a busca de uma felicidade social, da
confiança da existência desse posto, a confiança que o ser humano tem, sabendo
que outros seres humanos especializados estão pensando diuturnamente em fazer a
promoção da saúde, em fazer a prevenção, em fazer atendimento, em esvaziar hospitais
e, principalmente, em fazer justiça social.
Hoje,
nós temos esse conjunto de postos de saúde que fazem parte de um distrito
maior, acoplado ao Grupo Hospitalar Conceição, onde há toda a tecnologia
necessária para esse tipo de atendimento ser completado. Isso é uma idéia só,
isso é indissociável, isso é um modelo de política municipal de Saúde. Quatro
distritos desses cobrem Porto Alegre inteira. Está pronta, está plasmada a
política municipal de Saúde. Mexer, alterar, desmembrar, descaracterizar qualquer
um desses postos, tem todas as contra-indicações técnicas, sociais,
geográficas, culturais, toda a contra-indicação de ir ou destruir uma
felicidade social. (Palmas.)
Poucas vezes, eu tenho
tido a emoção e a felicidade que tive, sexta-feira, ao comparecer no 10º
aniversário do meu querido Coinma. Lá, era festa, era alegria, era convivência,
era felicidade e, principalmente, era confiança, uma confiança inabalável nessa
estrutura que é oferecida pela comunidade à própria comunidade, onde o Dr.
Hermes deixou de ser o Dr. Hermes, a Dra. Leda deixou de ser a Srª Leda e
passaram a ser integrantes dessa comunidade. Eles, hoje, são a comunidade. E
essa comunidade, unanimemente, quer continuar, porque não se mexe em time que
está ganhando. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): A Verª Maristela Maffei está com a
palavra em Grande Expediente.
A SRA. MARISTELA MAFFEI: Srª Presidenta, Srs. Vereadores e Sras
Vereadoras. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Confesso que,
perante uma platéia como esta, todos nós ficamos emocionados, porque esta Casa não
tem sentido sem as partes que constituem uma comunidade. E, com certeza,
tratando-se da questão da Saúde, não há como qualquer um de nós não estar,
neste momento, profundamente emocionado.
Sabemos
o quanto cala fundo, para as nossas comunidades, a questão da Saúde,
principalmente quando se fala de saúde comunitária. Temos aqui, em Porto
Alegre, muitas formas de fazer política de saúde. Temos formas de nos
relacionarmos com os profissionais da Saúde. E esse respeito mútuo que nós
construímos é o que vem dignificando e melhorando, apesar de todos os problemas
que enfrentamos.
É
muito fácil - e falo na questão da platéia -, em muitos momentos, vir aqui
surfar em ondas fáceis, fazer discursos fáceis - como vimos aqui -, querer
fazer um comparativo, neste momento, num dia tão importante com esta homenagem
ao Grupo Hospitalar Conceição, com a questão do Município. Mas também concordo,
não dá para dissociar.
Sabemos
que, em 1989, tínhamos vinte e poucos serviços e hoje temos quase 150 serviços,
especialidades e, em especial, os postos de saúde familiar. Com certeza, essa
política teve inspiração no trabalho comunitário que essa Instituição, há muito
e muito tempo, vem prestando não apenas à comunidade de Porto Alegre, mas a
todo o Estado do Rio Grande do Sul e, muitas vezes, ao nosso Brasil.
Infelizmente,
muitos políticos se valem da ambulancioterapia, de construir albergues, em vez
de colocar em prática, nos seus Municípios, a política do SUS, e sabemos o
quanto é cara a sua construção para nós. Disso não podemos nos esquecer e não
podemos dissociar. Aqui os Vereadores têm nome e têm Partido. E os que fazem lá
também têm! Portanto, deveriam falar aqui que esses também ajudam a não
construir uma real política de saúde para o atendimento, principalmente, dos
mais empobrecidos.
Vemos,
aqui, o grupo da melhor idade. A Verª Margarete Moraes me pediu que fizesse
esta observação, que o Grupo Hospitalar Conceição tem todo o carinho com a
diálise, com a hemodiálise, o seu corpo técnico, a forma como é tratado cada
paciente, individual e coletivamente.
Quando
se trata da saúde da mulher, que gera a vida, quando se trata do parto, do
pré-natal, do câncer de colo de útero, do problema da mama, nós sabemos dos
profissionais que lá estão. Juntos, acompanham essa área cirurgiões plásticos
para fazer a reconstrução da mama. E nós vemos tantos profissionais, homens
aqui, mas a grande maioria mulheres, que sabem, com sensibilidade, o olhar, a
qualificação e o carinho que tem de ser dado a esse povo empobrecido.
Portanto,
quando a gente fala sobre comparações, a gente tem de falar com seriedade; não
se pode usar um ano eleitoral para proselitismo e nem de um momento como este,
de homenagem, de respeito por uma categoria... (Palmas.) De respeito pelas
pessoas que estão aqui. Como vocês viram anteriormente, veio aqui um cidadão
simples da comunidade falar, errou o nome de um Vereador e não teve direito de
responder novamente, foi humilhado. Nós podemos estar aqui a todo o momento
fazendo o nosso contraditório, as nossas disputas, mas as pessoas que vêm aqui,
que não têm o uso contínuo da tribuna, são como as que são atendidas na área da
Saúde.
Quando
nós nos dedicamos a trabalhar na construção do saneamento básico lá nas vilas -
e posso falar, porque moro na Lomba do Pinheiro -, a construir, a discutir e a
exigir melhor qualidade da água, que não haja esgoto correndo a céu aberto, que
nós tenhamos condições de ter salários dignos, nós estamos construindo o
processo da saúde. E nós não vemos, assim como os profissionais da área da
Saúde também não vêem assim, de maneira desassociada. Quanto menos hospitais,
quanto menos postos, quanto menos grito da comunidade nessa área, significa que
o investimento está sendo feito nas outras pontas que a complementam. Fora isso
- não venho aqui ensinar quem sabe muito mais do que eu -, é fazer política
para manter as indústrias multinacionais farmacêuticas; a maior indústria hoje
é a aposentadoria dos velhinhos e das velhinhas que têm de pegar o seu
dinheirinho para lá comprar o seu medicamento.
E
o Hospital Conceição faz esse papel, cumpre esse papel quando faz o trabalho
comunitário, porque ajuda, aprende e ensina - como Paulo Freire -, ensina e
aprende, porque conhece os valores comunitários, o que as pessoas necessitam,
realmente. Então, lidam com maior seriedade.
Eu
quero encerrar, Srª Presidenta, porque, de fato, não se precisa usar os oito
minutos, mas quero dizer que, com muito orgulho, nós temos conquistado muitos
títulos, aqui em Porto Alegre, em termos de qualidade do serviço universal de
saúde. Nós temos o maior orgulho de fazer um trabalho, de construir esse
processo, junto com a experiência que o Grupo Hospitalar Conceição nos deu como
exemplo. Nós temos orgulho de dizer que, em nenhum momento, vamos fazer
qualquer discussão desassociada da comunidade, como nunca fizemos. Se hoje há
algum viés, algum segmento que está colocando que existe, dentro desses
segmentos ligados à Frente Popular, ao Partido dos Trabalhadores, a questão da
municipalização, estão fazendo demagogia, estão falando em causa própria, e
isso nós não vamos aceitar.
Carinhosamente,
quero dizer a todos e, principalmente, às mulheres que são, com tanto carinho,
recebidas nesta comunidade que esta Casa está sensibilizada, que, com certeza,
todos os Pares da Bancada do Partido dos Trabalhadores somam-se à luta e à
dignidade desta comunidade, porque nós todos vamos vencer, construindo uma
política unitária, fazendo com que o SUS continue sendo uma referência
internacional, graças a vocês e graças a nós. Muito obrigada. (Palmas.)
(Não
revisto pela oradora.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. João Antonio Dib está com a
palavra em Grande Expediente, por cedência de tempo do Ver. Pedro Américo Leal.
O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Srª Presidenta, Verª Margarete Moraes; Sras
Vereadoras e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais
presentes.) Mestre Carlos Grossman, saudando-o saúdo todos os médicos
porto-alegrenses e gaúchos a quem V. Sª serve de exemplo, sem dúvida nenhuma,
minhas senhoras e meus senhores, ocupo esta tribuna, em nome do meu Partido, o
Partido Progressista, por cedência de tempo do Ver. Pedro Américo Leal, em nome
de quem falo, juntamente com nossos companheiros de Bancada João Carlos Nedel e
Beto Moesch.
Parece
que estamos vivendo uma semana do Grupo Hospitalar Conceição: na quinta-feira,
em nossa última reunião, esteve presente a Direção do Hospital, que hoje
novamente está presente, agora apenas para que saudemos o Grupo pelo seu
Serviço de Saúde Comunitária, que é uma das coisas mais importantes para a
sociedade, pois nós precisamos prevenir e não depois apenas remediar.
Eu
gostaria de vir a esta tribuna para dizer: “Mas como funciona maravilhosamente
bem a Saúde em Porto Alegre! Como ela é bem gerenciada! Como são bem utilizados
seus recursos!” - isso para que os discursos fossem a expressão da satisfação
da população porto-alegrense. Mas parece que não é assim, parece que precisamos
ficar chorando a falta de recursos, o que não é verdade, não aconteceu essa tal
falta de recursos, a diminuição de recursos não é verdadeira. Está dito aí por
muita gente, mas não significa que seja verdade, não. No ano de 2002, o SUS
encaminhou, através da Prefeitura de Porto Alegre, 385 milhões de reais e, em
2003, encaminhou 427 milhões de reais. Portanto aumentou o dinheiro e o serviço
de saúde não melhorou.
Há
muita coisa para ser feita, e eu acho que não estamos gerenciando bem, acho que
não estamos trabalhando com a seriedade que é devida a um serviço de tamanha
importância que é a saúde da coletividade. E, quando se chora por que não
vieram recursos, o que acontece? Quando o Governo, que nos mandou recursos,
quando o Ministério da Saúde, todos os dias, comunica para esta Casa, em todas
as nossas Sessões, os recursos que vão chegando a Porto Alegre, eles lá devem pensar:
“Lá não há dinheiro que chegue, nós estamos mandando mais, e eles dizem que não
têm, que têm menos”. Então, não estamos usando bem os recursos colocados à
disposição do Município, mas estamos fazendo bons discursos, estamos
dificultando. E parece que não querem que haja transparência, até porque eu
acho que falta competência para colocar as coisas nos devidos termos.
Na
quinta-feira, nós tivemos aqui a comunicação de que a Comissão Parlamentar de
Inquérito havia sido suspensa pela Justiça rio-grandense. Nós todos nos
curvamos à Justiça. Mas eu tenho em mãos aqui o Diário Oficial do Município - e
o Diário Oficial é o Diário Oficial! É o Município que fala! -, e eles dizem
aqui (Lê.): “A decisão reitera o entendimento do Município de que a questão da
CPI da Saúde, desde o início, se tratava de um debate político-eleitoral.” É o
Município, é o Executivo falando, não sabendo o Executivo que o Município é o
Legislativo e o Executivo. O Legislativo aprovou, aqui, uma Comissão
Parlamentar de Inquérito, e a Bancada do Executivo, a Bancada do Prefeito,
entrou na Justiça, nós não contestamos a Justiça, nós nos curvamos à decisão da
Justiça, mas perdemos a oportunidade de saber como é que foram gastos esses 427
milhões de reais que entraram aqui no Município de Porto Alegre.
E
não foi só do Ministério da Saúde, também entrou do Estado. E onde é que está
esse dinheiro? Onde está o dinheiro que a Secretaria da Saúde diz que investiu
na Saúde - e dizem, eles, 18%, 18%. Mentem, descaradamente! Mentem sem nenhuma
preocupação de mentir. Não é verdade que aplicaram 18%! Não pagam os servidores
de forma correta. Não fazem o que tem de fazer, não dão remédios, dos mais
baratos, os antipsicóticos e os anti-hipertensivos - não dão!
Mas
por que nós estamos, aqui, fazendo, hoje, esta solenidade, cumprimentando
aqueles que tornaram possível - Dr. Carlos Grossman -, a saúde? Porque dão o
seu coração. Não há recursos, mas há pessoas como V. Sª, como outros médicos
que há lá no Grupo Hospitalar Conceição, que dão o melhor de si, e a própria
coletividade que, de repente, entende que também tem de apoiar. Mas muito
dinheiro tem vindo a Porto Alegre, e eu acompanho mês a mês. No primeiro mês,
deste ano, segundo o balancete da Prefeitura, entraram 36 milhões de reais. No
segundo, apesar de eu ler o despacho da correspondência do Ministério da Saúde,
eles disseram que só entrou 16 milhões de reais. Só em uma das remessas do
Ministério da Saúde era de 29 milhões de reais.
Então,
nós estamos usando mal o dinheiro. Estamos reunidos todos aqui, o povo ali, os
Vereadores aqui, que representam todo o povo para cumprimentar os que
trabalham, os que tornam um pouco melhor a vida dos porto-alegrenses, porque,
se lhes dessem a gerência, a administração, nós teríamos outras condições,
talvez o Hospital Lazarotto não estivesse lá fechado, talvez ele pudesse ser
utilizado pela Administração Municipal, como fez com o Serviço de Vigilância
Sanitária, e que esta Câmara apoiou pela sua maioria. Talvez, nós pudéssemos
usar aquele hospital que lá está, e teria sido fácil uma negociação entre os
interessados. Mas é mais fácil fazer discursos, é mais fácil dizer que tudo
está muito bem e até esquecer aqueles que dão o seu coração para que haja saúde
nesta Cidade. Saúde e PAZ!
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Raul Carrion está com a palavra em
Grande Expediente.
O SR. RAUL CARRION: Srª Presidenta, Sras
Vereadoras e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais
presentes.) É com grande satisfação que, em nome da minha Bancada, do Partido
Comunista do Brasil, nós homenageamos este Serviço de Saúde Comunitária do
Grupo Hospitalar Conceição, que há mais de 20 anos presta excelentes serviços à
população da Zona Norte, e o Grupo Hospitalar a toda a população de Porto Alegre.
Da mesma forma, a nossa homenagem especial aos dez anos da Unidade de Saúde
Coinma, que aqui está mobilizada, mostrando, pela sua presença, a excelência
dos serviços prestados. (Palmas.)
Ao
homenagear esse trabalho pioneiro do Brasil, do Grupo Hospitalar Conceição, que
tem a sua inspiração, sem dúvida, na exitosa experiência de Cuba, que é um
exemplo de saúde em toda a América, em todo o mundo, com o seu serviço de saúde
para a família que, certamente, inspirou o Dr. Grossman - aliás, tivemos a presença
de inúmeros médicos e técnicos durante esses anos todos aqui, intercambiando
experiências. Lá, esse serviço de atendimento à família já é um serviço
universalizado, algo que aqui ainda não conseguimos, mas, certamente, com o
empenho de todos, lá chegaremos.
Nós
queremos dizer que esse é o tipo do serviço que pode ser realmente chamado de
atendimento à saúde e não de atendimento à doença, porque ele tem um caráter
preventivo, tem um caráter de acompanhamento, na família, da situação. E nós
sabemos que a própria doença é uma disfunção que, muitas vezes, tem na própria
situação da família a sua raiz. Então, é o verdadeiro atendimento à saúde.
Pessoalmente,
eu tenho uma relação muito especial com o Grupo Hospitalar Conceição, morei
muitos anos no Jardim Ipiranga, na Rua Dr. Dario de Bittencourt, o próprio
bairro do Hospital. Tive oportunidade de fazer muitos serviços: fui
Vice-Presidente da Associação de Moradores do Bairro; como trabalhador,
trabalhei inúmeras vezes dentro do Hospital, não como funcionário desse, mas
como funcionário da CGR, uma multinacional, e da CBR, a sua representante no
Brasil, fazendo a instalação e a manutenção dos equipamentos de raio X, de
ultra-sonografia e outros equipamentos de diagnóstico avançados. Aliás, quando
ouço alguns discursos saudosistas ou críticas aos tempos de hoje, recordo-me de
quando instalava determinados equipamentos lá, Ver. Guilherme Barbosa. Os
próprios engenheiros que junto conosco instalavam comentavam que havia
equipamentos adquiridos por esse Hospital que não tinham sentido, que foram
adquiridos na França, quando lá estava o Sr. Delfim Neto nos representando, o
qual, aliás, ficou conhecido como o “homem dos dez por cento”, devido aos
interesses em receber comissões para compra do equipamento, sem ter em vista,
às vezes, necessidades objetivas. E eu digo isso como Técnico em Eletrônica,
pois já instalei muitos equipamentos.
Nós
sabemos que o Grupo Hospitalar Conceição era um Grupo privado e que, pelas
falcatruas, pelas fraudes com o dinheiro público que realizou, teve de ser
encampado pelo Poder Público. Por isso, causa-nos estranheza os privatistas de
longa data virem aqui, agora, fazer discursos e criticar o trabalho sério que
lá é feito, com dificuldades, com problemas, mas está aí a comunidade para
pressionar na busca de soluções.
Quero
dizer que eu tenho outras afinidades com o Grupo Hospitalar Conceição. Eu
estive lá em dezenas de reuniões, assembléias, greves dos funcionários, dos
médicos, mobilizações da comunidade para defender o Grupo Hospitalar Conceição
contra a privatização que o Governo FHC tentou fazer com as chamadas
organizações sociais de interesse público. Havia perseguição aos funcionários,
demissões, e nós lá estivemos - o Ver. Sebastião Melo foi um dos que esteve lá
conosco - para tentar impedir a entrega desse patrimônio público.
Eu
queria, também, desagravar os funcionários e os Diretores do Grupo Hospitalar
Conceição, porque, na semana passada, na quinta-feira, tivemos de ouvir um
Vereador, aqui, dizer que o Grupo Hospitalar Conceição estava um caos. Ao
contrário, é um serviço de atendimento referencial nesta Cidade, neste Estado e
neste País.
Eu
também queria dizer que o Grupo Hospitalar Conceição - e esse Serviço - é a
comprovação de que o que é público pode dar certo desde que haja homens e
mulheres com espírito público. O Grupo Hospitalar Conceição é a prova de que
isso é verdadeiro! Ao contrário da cantilena dos neoliberais que o desfazem,
que dizem que está mal o que é público; ao contrário, quando o Hospital era
privado, era uma matriz e uma usina de falcatruas.
Queria
também referir que hoje o Grupo Hospitalar Conceição, com quatro mil
funcionários, 828 leitos, é responsável por 32% das internações de Porto
Alegre; um terço da população de Porto Alegre depende, diretamente, do Grupo Hospitalar.
Isso sem falar no que vem de todo o Estado, como já disse alguém aqui, a
política da ambulancioterapia, que, em vez de criar condições nas cidades, traz
pacientes para Porto Alegre, para solucionar aqui os problemas. É claro que, em
determinadas situações, é necessário o atendimento especializado, mas não como
é feito por falsos administradores.
Mas mais importante do que
esse peso do Hospital Conceição, eu creio, é esse serviço de atenção primária à
saúde, o Serviço de Saúde Comunitária que hoje homenageamos. Para se ter uma
idéia, tem uma abrangência de mais de 125 mil pessoas, são 50 mil atendimentos
por mês no Serviço de Saúde Comunitária e uma resolutividade de 92% dos casos,
com internação em apenas 0,8% das consultas. Isso é que se pode chamar de
trabalho de saúde!
Queríamos,
por tudo isso, parabenizar o Ver. Renato Guimarães e desejar uma longa vida
para o SUS e uma longa vida para o Grupo Hospitalar Conceição e para o seu
Serviço de Saúde Comunitária. Parabéns e muito obrigado! (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. REGINALDO PUJOL: Srª Presidente, Sras
Vereadoras e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.)
Eu desejo iniciar o meu pronunciamento fazendo uma homenagem aos meus dois
colegas Dr. Goulart e Cláudio Sebenelo, integrantes da qualificada equipe
médica do Grupo Hospitalar Conceição.
Faço
esta homenagem porque tive, Srª Presidente, alguma dúvida. Hoje, no início da
tarde, estava dividido se deveria comparecer na Rua Marco Polo, 93, ou vir à
Câmara Municipal. Em ambos os locais, Ver. Nereu D’Avila, falava-se a respeito
do GHC. Lá, na Marco Polo, havia um fórum permanente em defesa dos
trabalhadores e usuários do GHC, que se reuniam com uma pauta extremamente
palpitante, na medida em que colocavam em pauta demissões de funcionários do
GHC e assuntos gerais. Optei por estar aqui na Câmara Municipal participando
desta homenagem, que não se restringe apenas a esses discursos que aqui são
pronunciados, é um reconhecimento efetivo da real importância que o serviço de
medicina comunitária do GHC tem na cidade de Porto Alegre.
E,
se não tivesse motivo maior para aqui estar presente, logo nos primeiros
momentos em que vi esta Casa lotada de pessoas aplaudindo a atuação do Grupo
Hospitalar Conceição, nessa sua meritória atuação junto à comunidade, eu logo
percebi que nós estávamos tratando de dois assuntos muito sérios, que era a
saúde e a comunidade, que precisam estar permanentemente integradas. E eu me
assustei, num primeiro momento, quando vi que a população, aqui representada
pela suas lideranças maiores, tinham restrições à municipalização do serviço de
saúde médica, do serviço de Saúde pública. Eu tive um pouco de dificuldade de
entender, mas logo em seguida percebi: é que hoje se usa a expressão
municipalização para fazer algo que a comunidade, efetivamente, não quer. O que
se quer é desmantelar os serviços que hoje o Grupo Hospitalar Conceição realiza
em Porto Alegre através da medicina comunitária. E é isso que a população não
quer! (Palmas.) E é isso que precisa ser dito! E é isso que precisa ser
reafirmado, ainda que alguns possam entender que nós estejamos aqui fazendo
política na Saúde em vez de política da saúde; eu opto pela segunda.
E
será que os líderes comunitários, os usuários têm alguma antipatia pelo
Município ou pela expressão “municipalização”? Será que isso é inconseqüente?
Não. Eu sou esclarecido pelo Conselho Gestor da Unidade do Parque dos Maias
sobre a diferença que há entre as duas situações: a que eles querem que
permaneça e a que os outros pretendem ver alterada. Se continuarem os postos
sendo geridos pelo Conceição, sei que continuarão a ser assistidos por
especialistas em atendimento à família, os chamados médicos da família, o que
não ocorrerá se, em lugar dos postos do Conceição, surgirem os postos da
Prefeitura. Sei que eles querem ter exames complementares sem limite de cotas e
não querem exames complementares com limite de cotas. Sei, finalmente, que eles
querem ter no seu posto de atendimento a possibilidade de reserva de leitos
para internação e não querem ficar sem essa possibilidade nas alterações que se
pretendem fazer.
A
esta comunidade que aqui se faz representar de forma tão intensa para
homenagear esse Serviço que vem dando certo por tanto tempo e que está nessa luta para que o nosso
posto lá do Parque dos Maias não seja extinto ou substituído por um posto da
Prefeitura, com essa diferenciação de atendimento à que me referi, eu vim aqui
dizer claramente que podem contar conosco, porque nós, efetivamente, temos a
responsabilidade, como representantes do povo, de estar ao lado da comunidade,
porque não foi ontem que começou a medicina comunitária. O Dr. Grossman, há
cerca de 20 anos, vem lutando - primeiro de forma um pouco lenta; mais tarde,
com mais apoio -, até chegar a esta realidade que nós temos hoje. Então, eu
quero dizer até em homenagem a ele, Cidadão de Porto Alegre, e a todos os
senhores e senhoras que estão conosco que esta Câmara Municipal está do seu
lado, está ao lado dos usuários da medicina comunitária.
Digam,
podem até dizer que nós estamos aqui a fazer política. Estamos, sim, fazendo
política, a boa política, a política de defesa da comunidade, de defesa daquilo
que está sendo bem feito na cidade de Porto Alegre. E o que está sendo bem
feito tem de ser mantido no próprio interesse da comunidade. (Palmas.)
Por isso, nesta tarde, eu
gostaria de reafirmar, de um lado, o meu respeito ao GHC como um todo; de outro,
a minha exaltação à sua parte mais visível, que é a medicina comunitária, e, no
conjunto, a minha crença de que o que melhor pode ser feito nesta hora é
consolidar aquilo que de bom vem sendo feito; não mudar, mas consolidar aquilo
que de bom vem sendo feito e, se possível, até ampliar. Se isso for possível,
graças a Deus! A comunidade está satisfeita, e aqueles que fazem política da
saúde, e não na saúde, mais satisfeitos ainda. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Sebastião Melo está com a palavra
em Grande Expediente.
O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente, Sras
Vereadoras, Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.)
Eu quero inicialmente, meus queridos Vereadores, cumprimentar o Ver. Renato
Guimarães pela oportunidade e quero colocar algumas preliminares. A primeira
delas é a importância de dizer que esse resultado de hoje, da medicina
comunitária, é fruto de um acúmulo de várias gestões. Não é dessa ou daquela, é
um acúmulo, uma experiência que culminou neste momento. Para nós, o grande
partido do Hospital Conceição são os seus funcionários, são os médicos, toda a
equipe de saúde ao logo de um tempo, que, por alternância de Governo, alterna
suas Direções. Então, essa é a primeira preliminar. Parece que era terra
arrasada; agora está tudo bem; acho que isso é a experiência de um longo tempo.
Segundo,
gostaria de falar sobre essa experiência pioneira que começou na década de 80,
se não me engano, com os médicos residentes; depois, passou para quatro
unidades na década de 90 e hoje chegou a 13 unidades na nossa querida Zona
Norte. Eu diria que o Conceição é um patrimônio do Rio Grande do Sul, de Porto
Alegre e da Grande Porto Alegre, porque abrange o Rio Grande inteiro,
especialmente a Grande Porto Alegre.
Nesta
última década, Ver. Dr. Goulart, o programa mais importante que este País
constituiu se chama Sistema Único de Saúde, e aqui se exerce o papel
verdadeiramente do SUS, que é atender a ponta, atender a prevenção. O nosso
País, lamentavelmente, Presidente, investe muito na doença; nós temos de
inverter, temos de investir para que o cidadão não fique doente, para que o
cidadão tenha água encanada, esgoto na porta da sua casa, moradia digna e,
evidentemente, o posto comunitário para acompanhar desde a gestante à pessoa
idosa.
E
o Sistema Único de Saúde, Ver. Dr. Goulart, o senhor sabe que a concepção dele,
e não só do Sistema Único...o gestor deve ser local. Mas veja a contradição que
nós estamos vivendo - e eu quero fazer esse paralelo, porque estou vendo essa
manifestação não apenas neste plenário, mas por onde a gente anda, também na
Zona Norte, pois a gestão da Saúde em Porto Alegre vai muito mal, e as pessoas
estão com medo de que os postos de saúde que são “gestados” pelo Conceição
venham para o Município e deixem de dar essa qualidade de atendimento. Essa é a
questão, porque o correto seria que o Município “gestasse”, mas, se tiver de
fazer isso, meus amigos, não pode ser agora, porque primeiro a Prefeitura vai
ter que dar um atestado de gerenciamento, porque hoje nós estamos presenciando
nesta Cidade, lamentavelmente, as pessoas comprando lugares nas filas para
terem um atendimento. Esta é a realidade do Brasil, a realidade do Rio Grande
do Sul e a realidade de Porto Alegre!
Então,
eu acho que essa, Ver. Dr. Goulart, é a questão fulcral. Eu percebo que as
pessoas não querem que os postos de saúde comunitária saiam da gestão do
Conceição, porque, como diz o Ver. Sebenelo, em time que está dando certo não
se mexe. Eu acho que a nossa Comissão de Saúde, entre tantos temas, Dr.
Amoretti, tem de estender essa discussão. Aliás, na terça-feira da próxima
semana, estará conosco na Comissão de Saúde o nosso Superintendente João Motta,
para dar continuidade àquele debate da transferência do serviço ginecológico do
Hospital Conceição para o Hospital Fêmina, pois há também uma grande
discordância da comunidade.
Portanto,
nós queremos dizer que a questão da saúde precisa ser encarada pelos Governos
diferentemente do que tem acontecido neste País. Eu pego um exemplo, e poderia
pegar vários exemplos: em 2001, esta Casa aprovou um Projeto do Executivo, em
que foi desviado 1 milhão e 407 mil reais para comprar um prédio luxuoso para a
Vigilância Sanitária, e depois gastou mais 600 mil reais para reformá-lo. Será
que essa é a finalidade do SUS? Não! Então, nós queremos dizer, queridos
Vereadores, querido Ver. Renato Guimarães, que achamos que o Hospital
Conceição, como bem disse o Carrion, foi uma encampação daquilo que tem
acontecido na Saúde no Brasil, que é o negócio. Na maioria das vezes, a saúde
privada e o serviço de saúde têm sido um negócio. Já o SUS é o sistema que
atende de maneira universal, que oportuniza às pessoas das mais diversas
camadas terem um atendimento digno. Esse é o Conceição que foi constituído ao
longo do tempo; esse é o Conceição que atende 100% do Sistema Único de Saúde.
Portanto, a ele o nosso aplauso, a ele todos os nossos esforços para
qualificá-lo, para ampliá-lo, para fazê-lo verdadeiramente comunitário.
Esta
é uma hora de homenagem, e eu não vou adentrar em outras questões, mas acho que
há muitas questões, pontualmente, nesta gestão, que precisam ser melhor
discutidas com a comunidade, com a população de Porto Alegre. Eu não posso
admitir que se demitam funcionários do Conceição quando nós temos de ampliar e
qualificar os seus serviços; eu não posso admitir que se transfira o
atendimento às mulheres para o Hospital Fêmina sem uma profunda discussão com a
comunidade que lá recebe os seus serviços; eu não posso admitir que haja
qualquer intenção de transferir o Hospital para o Município, neste momento, sem
uma profunda discussão com os Conselhos locais, com esta Casa e com toda a
população. Volto a dizer, é um contra-senso, porque o correto é que a gestão
fique no Município, mas as pessoas que têm o atendimento, hoje diferenciado, do
sistema do Conceição, de saúde-família, evidentemente, ficam preocupadas, pois,
sendo ele transferido para a Prefeitura, vai continuar esta qualidade de
atendimento?
Por
isso nós queremos, aqui, saudar a Direção, saudar os funcionários, saudar a
equipe médica, a equipe de saúde, especialmente toda a sociedade, pois que - eu
tenho absoluta certeza -, sem essa interação diária, esse Grupo não realizaria
o trabalho que realiza. Parabéns ao Saúde Comunitária!
Nós
achamos, Dr. Grossman, que este é o “caminho da roça”, é o caminho no qual nós
devemos investir, sim, 90% dos recursos do SUS: na prevenção, fazendo com que o
cidadão não chegue ao hospital. Quem sabe vamos poder viver numa sociedade em que,
um dia, os hospitais sejam premiados por não ter doentes, o que seria a
sociedade ideal. A sociedade ideal não é aquela em que as emergências estão
lotadas, hoje, em toda a cidade de Porto Alegre. Essa é a medicina que nós não
queremos, mas essa é, lamentavelmente, a que hoje impera no nosso País.
Portanto, os cumprimentos e a nossa saudação a toda a Direção do Grupo e
especialmente à comunidade. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Gerson Almeida está com a palavra
em Grande Expediente, por cessão de tempo da Verª Sofia Cavedon.
O SR. GERSON ALMEIDA: Srª Presidente, Verª Margarete Moraes,
Srs. Vereadores e Sras Vereadoras. (Saúda os componentes da Mesa e
demais presentes.) Em primeiro lugar, é muito importante vermos, na Câmara de
Vereadores, que um tema que trata de Saúde pública e Sistema Único de Saúde
lota as galerias da Câmara Municipal de Porto Alegre, porque essa possibilidade
de trazer as comunidades que são diretamente construtoras e beneficiárias de um
serviço tão fundamental quanto à saúde é algo que nos deixa gratificado, pois
nem sempre a capacidade de prestação de serviços públicos tem o reconhecimento
e a construção das comunidades tal como nós estamos vendo no dia de hoje nesta
homenagem ao Serviço de Saúde Comunitária do Grupo Hospitalar Conceição.
Portanto, parabéns ao Ver. Renato, a todas as senhoras e senhores que hoje
estão aqui e àqueles que, ao longo dos anos, vêm gerindo esse que é o maior
complexo hospitalar do Sul do País e, talvez, um dos maiores do País, porque
nem as mazelas que existem hoje foram construídas nos últimos meses, e,
tampouco, as virtudes que existem hoje foram construídas nos últimos meses.
A
Administração Pública é um misto entre essa contradição de um processo que
permanentemente procura, a partir do que existe hoje, superar para melhor e
construir um futuro melhor de serviço público. Portanto, o Grupo Hospitalar
Conceição é também resultado dessa ambigüidade, dessa contrariedade. Há muitas
mazelas, sim, na Saúde pública brasileira, e todos nós as conhecemos e lutamos
para superá-las, mas há muitas coisas extraordinariamente boas que estão sendo
feitas e que, necessariamente, devem ser objetos de estudo e de observação para
procurarmos generalizar isso, para que essa realidade, em alguns lugares, se
torne a realidade em todos os lugares, porque, afinal de contas, todos os
cidadãos e cidadãs merecem, necessitam de um atendimento de qualidade na Saúde.
É
por isso que nesses 16 anos em Porto Alegre, desde que se começou a caminhada,
inclusive trabalhando para a municipalização dos serviços de Saúde, saímos de
três unidades de atendimento para, hoje, cerca de 170 unidades. Isso é um
crescimento extraordinário em tão pouco tempo, mas esse crescimento é necessário
para qualificar e incorporar cada vez mais gente ao atendimento adequado nos
serviços de Saúde.
Vejam
só, senhoras e senhores, o que foi publicado no jornal Correio do dia de hoje -
e já me alertava sobre isto o Ver. Carrion -: o próprio Presidente do Conselho
Regional de Medicina alerta para o fato de que, nesse último período, aumentou
em mais de 150% o valor dos planos privados de saúde. Vejam que isso é uma
extraordinária exclusão da esmagadora maioria da população, que não pode pagar
sistemas privados de saúde a um preço de ouro.
Portanto,
a qualidade da Saúde pública é fundamental em qualquer país, em qualquer
cidade, em qualquer lugar. E é por isso que o GHC e o Saúde Comunitária do
Conceição atendem hoje com bastante qualidade. Mas nós sabemos que é preciso
avançar ainda, e é possível avançar ainda mais. Tenho a certeza de que o Dr.
Grossman e os dirigentes do GHC não estão satisfeitos com o serviço tal como
ele está hoje, porque, sempre que nós avançamos em algum estágio, nós queremos
ir a um estágio além, mas já atendem a 10% da população de Porto Alegre, são
cerca de 120 mil atendimentos mensais, portanto é fundamental para o serviço de
saúde da Cidade.
Agora, para que seja ainda mais importante, reconhecendo o seu significado, é que exatamente nós temos de começar a avançar na idéia de federação brasileira, porque não é possível que a União, o Estado e o Município tenham programas totalmente distintos e, muitas vezes, que não conversem entre si, isso é um extraordinário desserviço para a qualidade do atendimento. E é um desserviço para os grandes equipamentos, que acabam sendo subtilizados ou não utilizados adequadamente.
Vejam,
o Serviço Comunitário de Saúde, que hoje a Câmara homenageia, é um serviço cujo
atendimento evita que 92% daqueles atendimentos que são feitos gerem um novo
atendimento, um serviço especializado. Se eu erro a terminologia por não ser da
área, por favor, espero que a idéia, pelo menos, esteja clara. Noventa e dois
por cento dos atendimentos da Saúde não geram uma nova referência para serviços
de alta complexidade. Portanto é uma extraordinária performance, porque o que nós vemos na Saúde, hoje, é o festival, o
trenzinho, que vai numa estação, daí tem de ser levado a outra, e as pessoas
acabam, às vezes, desistindo no meio do caminho, porque, se o seu caso era
grave, agravou-se muito mais, e, se o seu caso não era tão grave, ela diz:
“Bom, vou esperar sentir dores maiores ou sofrer mais para procurar, porque é
tanto escaninho onde tenho que ir”. É tanto um faz uma coisa, outro faz outra,
um terceiro faz uma terceira que, realmente, deve ser louvado isso, quando o
atendimento básico é capaz de ali resolver o problema, não gerar uma nova
especialidade ou coisa do gênero.
Portanto,
isso me parece que é fundamental, num dia de hoje, de homenagem. Agora, é
evidente que precisamos ver as mazelas e os problemas. E esses problemas não
são poucos, não é preciso procurar muito para achar. Como todos nós sabemos que
nada se conquista de um dia para outro ou de graça, parece-me que o fundamental
é ver em perspectiva. Sim, o serviço público de Saúde na cidade de Porto Alegre
está melhorando. Está longe de ser bom, de ser ótimo, mas ele está melhorando
rapidamente. E é por isso que é fundamental - e creio que todos nós estaremos
de acordo - ter União, Estado e Município, cada vez mais, ampliando mais a
integração dos serviços, porque aqueles trabalhadores e trabalhadoras que moram
mais distante do que os equipamentos que o Hospital Conceição oferece também
merecem ter um serviço melhor, do mesmo nível daqueles que estão próximos ao
Complexo Hospitalar Conceição. Assim como aqueles que hoje são atendidos pelo
Complexo Hospitalar Conceição merecem e querem um serviço ainda melhor do que é
prestado hoje.
Por
isso, senhoras e senhores, devemos homenagear, render homenagem a esse Serviço.
Agora, temos de olhar para frente e dizer que, a partir da caminhada feita, nós
temos de ter o compromisso - Executivo Municipal, gestores do GHC, sociedade
civil organizada, construtores das políticas de Saúde - de daqui ir para frente
e não parar ou retroceder.
É
por isso que nos orgulhamos, como Vereadores de Porto Alegre, em nome da
Bancada do Partido dos Trabalhadores, de prestar esta homenagem ao GHC. Estamos
trabalhando duramente para que possamos ter uma Saúde pública de qualidade;
pública, para todos os cidadãos e cidadãs, sem precisar, com os nossos parcos
recursos, gastar 10%, 20% ou mais para comprar remédios caros ou para pagar
medicina privada.
Portanto,
longa vida ao GHC e à Saúde pública brasileira. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Uma vez tendo se pronunciado todos os
Vereadores inscritos para homenagear o Grupo Hospitalar Conceição, neste
momento quero oferecer a palavra ao Dr. Eno Dias de Castro Filho, Gerente de
Saúde Comunitária do GHC, para que faça o seu pronunciamento, o qual dividirá
com o Dr. Amoretti.
O SR. ENO DIAS DE CASTRO FILHO: Gente, uma boa-tarde, tarde em que
estamos sendo homenageados. Acho que todos estão com o coração vibrando.
Então,
quero agradecer, em primeiro lugar, ao Ver. Renato Guimarães, proponente desta
homenagem que a comunidade está nos prestando, que os Vereadores estão nos
prestando, que a Presidenta da Câmara, Verª Margarete Moraes, está nos
prestando, em seu nome e de todos os Vereadores aqui presentes.
Agradeço
também a todos os usuários, às pessoas de quem nós cuidamos, que estão aqui,
agora, e quero dizer que vocês não são apenas as pessoas de quem cuidamos:
vocês são as pessoas de quem todo o poder, neste País, deve emanar. É o que diz
a Constituição, não é? Olho para vocês e acredito que, um dia, vocês, nós
todos, seremos capazes de criar um poder novo, no qual as pessoas não estejam
apenas nas galerias, mas exerçam o poder, num país diferente.
Quero
agradecer a outras pessoas que aqui vieram e que são a sustentação para nós
todos aqui. Quero mencionar, aqui, pessoas que estão representando a Sociedade
Brasileira de Medicina de Família e Comunidade, como o Dr. Roberto Umpierre,
aqui presente, que representa todos os residentes dessa especialidade no
Brasil, e o Dr. Falk, que se encontra no plenário, grande batalhador da causa
da saúde.
Quero
agradecer, aqui, no nome do Dr. Neri, Diretor do Hospital Fêmina e pediatra dos
meus filhos, a presença de todos os outros Gerentes do Grupo Hospitalar
Conceição aqui presentes. Quero agradecer diretamente a um grande amigo, o Dr.
Rogério Amoretti - vocês podem olhar aqui no meu olho, se alguém tiver uma
luneta -, que é um grande defensor do nosso Serviço, é uma pessoa que está ao
nosso lado em todos os momentos. E quero agradecer àquela pessoa que aqui
dispensaria qualquer outra fala, que é o meu amigão Grossman, um médico de
exemplo para todos nós. (Palmas.) Eu estou fazendo uma série de agradecimentos,
porque vocês já perceberam em que papel eu estou aqui, não é? Eu estou aqui
representando os que estão recebendo uma homenagem, eu estou com a “boca nas
orelhas”, eu só posso agradecer.
Quero
agradecer também a todos os Vereadores que falaram antes, especialmente àqueles
que não usaram este espaço para atacar ninguém, porque nós, aqui, hoje, estamos
num momento de graça, em estado de graça. Nós estamos muito felizes. E quero
agradecer, na pessoa do Rogério Amoretti, aos nossos três Diretores que já
compreenderam a essência, a importância do Serviço de Saúde Comunitária, tanto
que o estão fortalecendo.
Eu
quero dividir aqui, com aqueles que talvez ainda não saibam, a informação de
que foi criado um novo programa de Residência no Hospital Conceição, em saúde
da família e comunidade, e a maior parte das vagas são as do Serviço de Saúde
Comunitária. É um programa de Residência para várias profissões; não temos mais
só Residência Médica agora. Em 1º de julho começaremos a capacitar também
enfermeiros, assistentes sociais, psicólogos, odontólogos. Nós somos um time.
Aproveito
aqui, com uma pretensão, talvez falta de humildade, para corrigir, de hoje para
sempre, todos aqueles que falarem sobre nós: nós não somos um serviço de
medicina comunitária, nós somos um Serviço de Saúde Comunitária. Eu sou médico,
orgulho-me muito da minha profissão, mas orgulho-me mais ainda de fazer parte
de uma equipe em que vários colegas de várias profissões cuidam de vocês.
(Palmas.)
Eu
quero agradecer, na presença da Silvia, à minha amiga, que está aqui hoje
representando a Sandra Fagundes, nossa Secretária Municipal de Saúde; eu quero
agradecer à Secretaria de Saúde de Porto Alegre e às várias Secretarias
Municipais de Saúde que já têm enxergando o potencial que nós temos - e temos
mesmo - de contribuir com a nossa experiência de 20 anos de qualidade para
ajudar a melhorar todo o SUS. A Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre
nos convidou e nós aceitamos, com muita alegria, o papel de participarmos de
todas as gerências distritais que tratam dos territórios onde nós estamos
presentes. Ninguém poderia dizer aqui que a Secretaria Municipal de Saúde está
de costas para aprender com o Serviço de Saúde Comunitária; ela é defensora,
assim como nós, de um processo de integração. Como diz aquela faixa, ali, não
tem nada que ver com “entregar”, trata-se de “compartilhar”, uma palavra que eu
acho que temos aprendido e continuaremos aprendendo, porque a gente nunca pára
de aprender a compartilhar.
E
essa posição que eu aqui estou expressando foi expressa pelo nosso
Superintendente Dr. João Motta para a Coordenação da Intercomunitária há quatro
dias; foi expressa na Plenária da Intercomunitária, há duas semanas. O Dr. João
Motta já disse isso. Isso não precisaria ser uma polêmica, aqui, hoje. Não vai
ser municipalizado o Serviço de Saúde Comunitária. (Palmas.) O Dr. João Motta
não está inventando isso, essa foi uma decisão da Secretaria Municipal de Saúde
de Porto Alegre, em 1996, quando foi feita a municipalização da saúde, e graças
ao meu Deus que foi feita, porque os postos de saúde, em geral, estavam caindo
aos pedaços nesta Cidade. Era uma situação que beirava à calamidade pública.
Desde lá, eles vêm sendo um a um reformados; um a um, dotados de pessoal para
funcionar.
Eu
estou representando, aqui, hoje, o Serviço de Saúde Comunitária, mas preciso
ser humilde e reconhecer o bom trabalho que a Secretaria de Saúde de Porto
Alegre está fazendo, porque a comparação entre 2003 e 1996, ou antes - não dá,
pessoal, para comparar. Hoje, esta Câmara de Vereadores sabe melhor que
ninguém, porque já aprovou inúmeras vezes os projetos de qualificação da
Secretaria, criação de cargos, dotação de pessoal para a Saúde. Todos os
Vereadores, aqui, estão igualmente de parabéns, por estarem entendendo a
importância da saúde.
Bem,
quem agradece tem de se lembrar, necessariamente, daqueles com quem aprende. Eu
quero agradecer aqui, hoje, na representação de todos os nossos pacientes, a
todas as pessoas que nós cuidamos da Comunidade do Coinma. (Palmas.) Vocês são
demais, gente. Vocês fizeram uma festa, na sexta-feira passada, que representou
a alegria de toda esta gente que está aqui! É uma unidade, assim como nós já
passamos pelas comemorações de tantas outras, que tem uma alegria tão grande
por funcionar integrada com a nossa Unidade de Saúde, esta comunidade
maravilhosa, que é um exemplo para nós. Nós sabemos que, se algum dia,
precisarmos da população, não hoje como está aqui celebrando, mas lutando dos
modos mais combativos que já aprendeu a fazer e nos ensina, nós não temos dúvida
de que a comunidade vai estar do lado certo. Então, esse agradecimento é
profundo, nós aprendemos muito com a dedicação de vocês.
Encaminhando
para a conclusão, quero agradecer especialmente a alguns funcionários, nos
quais, tenho certeza, os meus colegas aqui irão sentir-se representados: em
primeiro lugar, à minha grande amiga - que há um ano e meio eu pouco conhecia,
mas que aprendi não só a respeitar, mas a gostar muito e a admirar -, que é a
Inês, Coordenadora do Serviço de Saúde Comunitária junto comigo e que está
neste papel eleita por vocês, meus colegas, num exemplo para todos os serviços
públicos. (Palmas.)
Quero agradecer ao meu
amigão, aqui, o Carlos Grossman, a quem já mencionei, cuja condição de exemplo,
se eu falar muito, ele vai sair por aí voando, vamos dizer assim, de tão
envaidecido, mas ele sabe que merece!
Também
ainda homenageando os funcionários, quero agradecer a um “chapão” meu, a uma
pessoa que carrega “o piano nas costas” e que, muitas vezes, o pessoal pensa
assim: “Será que hoje ele está de bom humor?” Ele só pode ficar de bom humor,
carregando o piano e às vezes ainda tem que brigar conosco... É o João, que
está lá no plenário. (Palmas.) Aprendi a respeitar a competência do seu
trabalho no dia em que fui contratado, pelo concurso, para o Serviço de Saúde
Comunitária, e hoje, além da competência do seu trabalho, respeito sua alma;
ele é um amigo, e isso a gente sabe que tem de preservar a qualquer custo.
Para
concluir, quero homenagear, neste dia, os elaboradores desses dois manuais
encomendados pela competência do Serviço de Saúde Comunitária, pelo Ministério
da Saúde, um deles chamado “Manual de Assistência Domiciliar - Uma Atenção
Primária à Saúde”, e outro chamado “Cuidando de Quem Cuida”; são exemplos de
produção de tecnologia da mais alta complexidade, sem precisar dar dinheiro
para a indústria do equipamento, que às vezes faz doença e não faz saúde. Na
direção desse processo que resultou na elaboração desses manuais, quero
homenagear nominalmente o meu colega José Mauro e a minha colega Margarita,
organizadores dessas duas produções científicas de alta qualidade. (Palmas.)
Antes
de passar a palavra ao Dr. Rogério Amoretti, no breve instante em que ele
vai-nos homenagear, quero pedir a vocês que mostrem todas essas faixas maravilhosas
que têm aqui, pois hoje é dia de mostrar o nosso coração. Muito obrigado.
Parabéns, Serviço de Saúde Comunitária. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
(Faixas
e cartazes são exibidos nas galerias.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Dr. Rogério Amoretti está com a
palavra.
O SR. ROGÉRIO AMORETTI: Srª Presidenta, Sras
Vereadoras e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais
presentes.) Eu vou falar muito pouco, dirigindo-me aos profissionais do Grupo
Hospitalar Conceição, aos usuários do Grupo Hospitalar Conceição,
principalmente aos do Serviço de Saúde Comunitária. Estou aqui só para
agradecer, em nome da Direção do Grupo Hospitalar Conceição, que eu represento
neste momento, essa grande demonstração de reconhecimento e de carinho pelo
Serviço de Saúde Comunitária.
Todas
as faixas que foram trazidas para cá demonstram nada mais do que a grande
importância que o Serviço de Saúde Comunitária e o Grupo Hospitalar Conceição
têm para a comunidade da Zona Norte de Porto Alegre e para todos os Municípios
da Região Metropolitana de Porto Alegre, principalmente os próximos à Zona
Norte de Porto Alegre.
Eu
vou dizer mais duas palavras que não foram ditas, mas o Serviço de Saúde
Comunitária representa a maior Residência de médicos de família e comunidade do
Brasil. Lá se formam atualmente 36 médicos por ano, e isso não é pouco, mas é
muito pouco se pensarmos que, hoje, médicos generalistas, compondo o Programa
de Saúde da Família, no Brasil, não chegam a 3%, enquanto que, em países como a
Inglaterra, mais de 50% dos médicos que compõem os seus sistemas são
generalistas, são médicos de família. Portanto, se nós quisermos realmente
colocar em prática, em funcionamento, esse grande Programa de Saúde da Família,
que já vinha de Governo anterior e que está reafirmado no Governo atual, para
organização do Sistema Único de Saúde no Brasil, nós precisamos ampliar muito a
formação de médicos de família e de comunidade, que, nesse sentido, o Grupo
Hospitalar Conceição representa hoje e que vai continuar representando. É algo
da maior importância, o próprio Ministério da Saúde reconhece, tanto que abriu
essa Residência multiprofissional, com 17 vagas para o Serviço de Saúde
Comunitária. Há 30 vagas para outras áreas de concentração, também, no Grupo Hospitalar
Conceição, para enfermeiros, odontólogos, terapeutas ocupacionais,
fisioterapeutas, psicólogos, assistentes sociais - tudo pensando essa questão
da integralidade do atendimento.
Portanto,
assim como o Eno falou, mostrou as cartilhas, a importância não é só na
assistência, mas também na formação de recursos humanos, dos serviços de saúde
comunitária e, sem dúvida nenhuma, do Grupo Hospitalar Conceição, que é o
hospital que tem o maior número de residentes do Estado do Rio Grande do Sul.
Eu
me sinto muito satisfeito de estar aqui recebendo, em nome da Diretoria, essa
homenagem e reafirmando o alto grau de responsabilidade do Ministério da Saúde,
da Diretoria do Grupo Hospitalar Conceição em tratar todas as questões com um
maior cuidado, com uma maior participação, maior diálogo, maior presença da
comunidade, dos Vereadores, enfim, de todos os que quiserem e que devam debater
os nossos temas da saúde, principalmente uma pauta positiva.
Eu
queria deixar um recado para vocês: a pauta negativa na Saúde faz um mal
tremendo, ela liquida com a Saúde, ela rompe a confiança dos serviços dos
profissionais, sejam médicos, sejam outros com a população. Então, quando se
pensa em fazer uma pauta negativa na Saúde, o grau de responsabilidade que os
Vereadores, a imprensa, todo mundo tem de ter, os próprios profissionais da
Saúde têm, é muito grande, é muito elevada essa responsabilidade, porque o mal
que vai impregnando essas relações atinge de uma maneira irreversível a
confiança da relação médico/paciente, da relação cuidador e aquele que é
cuidado.
Fica
então essa mensagem, com um grande agradecimento e uma grande satisfação por
estar aqui, neste momento, por ter vivido este momento que para o Serviço de
Saúde Comunitária do GHC foi de glória, e, pessoalmente, para mim foi de grande
satisfação e grande realização pessoal. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Quero mais uma vez cumprimentar o Ver.
Renato Guimarães pela sua bela homenagem, bela idéia. Quero agradecer a
presença de todas as autoridades da Mesa e das galerias, a presença de todas as
pessoas que prestigiaram este Grande Expediente nesta Casa.
Está
encerrado o período de Grande Expediente, destinado a homenagear o Grupo
Hospitalar Conceição, garantindo a palavra a mais dois Vereadores que irão se
manifestar após as despedidas.
Estão
suspensos os trabalhos da presente Sessão.
(Suspendem-se
os trabalhos às 16h57min.)
O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson - 17h): Estão reabertos os trabalhos.
A SRA. CLÊNIA MARANHÃO (Requerimento): Sr. Presidente, segundo a orientação do
Regimento desta Casa, eu solicito a V. Exª Tempo Especial para relatar a viagem
de representação que fiz em nome deste Parlamento.
O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): Pois não. A Verª Clênia Maranhão está com
a palavra em Tempo Especial.
A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente, Sras
Vereadoras, Srs. Vereadores, estamos ainda na fase de despedidas das
autoridades do Grupo Hospitalar Conceição, que estiveram sendo homenageadas por
esta Casa, portanto falo em momento muito especial das atividades do dia de
hoje.
Quero
usar o tempo previsto no Regimento desta Casa para prestar contas do trabalho
de representação que fiz nessa semana, quando tive a oportunidade de participar
de um Congresso Internacional na cidade de Paris, na França, o qual unificou a
atuação de três grandes redes mundiais que trabalham a questão das políticas
locais: a Federação Mundial de Cidades, a IULA - que é a rede que trabalha as atividades locais - e a Metrópolis.
Nessa atividade, eu acho que se consolidou, em nível mundial, a idéia da
responsabilidade política dos Poderes locais no século XXI.
Um
evento que contou com a presença de mais de três mil representantes de 109
países, entre Prefeitos, Vereadores, Ministros, Presidentes da República, e que
procurou tratar das novas responsabilidades públicas que cabem às cidades.
Contou com a presença do Presidente de Portugal, do Presidente da França, do
Prefeito de Paris, do Prefeito de Pretória, do Prefeito de Porto Alegre, da Prefeita
de São Paulo, do Prefeito de Miami - enfim, de uma série de representações de
cidades dos mais diversos continentes, representando posições políticas
diferentes -, de Vereadores do mundo inteiro, que, durante três dias, foram
capazes de modificar, inclusive, as estruturas organizacionais das três maiores
entidades mundiais que tratam do Poder local, para poder redefinir a
responsabilidade, a atuação e a agenda política dessas Cidades.
Esse
evento que colocou, pela primeira vez, no cenário mundial, temáticas como a
questão da diplomacia e as responsabilidades das cidades neste momento em que a
humanidade vive dias de absoluta insegurança pelas políticas internacionais
desenvolvidas pelos Governos centrais dos países poderosos, colocou-se como uma
esperança, como uma perspectiva de construção de uma nova força política que
poderá aglutinar as cidades do mundo inteiro. E, evidentemente, essa nova idéia
de responsabilidade internacional desses Poderes, dos Poderes que constituem os
espaços locais, trabalharam, fundamentalmente, temas que têm de ser plenamente
compreendidos pelos Parlamentos, pelos Executivos Municipais e pelas entidades
que representam os Vereadores, os Prefeitos. Fundamentalmente, a questão da
democracia é tratada nesse evento como um caminho de construção dessa nova
realidade de paz, de busca da igualdade e da construção do respeito à
adversidade.
A
temática dos direitos humanos das cidades e as ações políticas das instituições
dos Executivos Municipais, na definição de políticas de garantias de segurança
e de direitos humanos, foi uma temática de um dos grupos específicos, que,
inclusive, contava com a participação técnica de especialistas das 109
nacionalidades que lá estavam representadas. Evidentemente, se o tema incluía a
questão da diversidade e do respeito à diferença, a questão da tomada de
decisões na localidade e a igualdade de oportunidades entre homens e mulheres
se constituiu, também, num dos temas fundamentais de debate daquele evento,
assim também como a cidade multicultural, como o papel das relações
internacionais, que hoje já se estabelecem entre as cidades mais cosmopolitas,
nas quais os seus Parlamentos já tiveram a oportunidade de discutir esse novo
papel desempenhado, que deverá ser ainda mais desempenhado neste século XXI
pelas cidades.
Eu trouxe para o conjunto desta Casa não apenas as
resoluções finais do Congresso, mas os relatórios cartográficos, as plenárias e
os painéis temáticos, que ocuparam, durante os quatro dias, os trabalhos dos
representantes que lá se encontravam.
Porém,
queria dizer às Sras Vereadoras e aos Srs. Vereadores que o que
animava o debate, o que dava esperança da construção de uma sociedade diferente
da que nós estamos vivendo neste início do século XXI era, exatamente, a
reflexão quase que unânime dos delegados presentes àquele evento que apontava
para a possibilidade de construção dos caminhos de paz no momento em que as
cidades, os Municípios, as instituições locais colocassem para si a
responsabilidade da construção de uma nova diplomacia. Não de uma diplomacia
obsoleta, calcada nos interesses do Estado, que muitas vezes não representa os
interesses dos cidadãos, mas calcada numa diplomacia vinculada aos interesses
da cidadania e da representação dos cidadãos.
Eu
acho que esta nova ótica de compreender a diplomacia mundial coloca uma
perspectiva diferenciada na construção da paz, porque, evidentemente, um
Governo poderoso, militarista, que toma a decisão de enviar os jovens do seu
país a bombardear outros países e a fazer intervenções é um Governo distante
dos seus liderados. Porém, um Prefeito, um Vereador, que trabalham as questões
cotidianas, que são, por obrigação inclusive das suas atividades políticas,
capazes de olhar nos olhos dos seus munícipes, que são obrigados,
cotidianamente, a responder às demandas e as pressões políticas daqueles que
moram nos lugares, nas cidades, nos Municípios onde eles também habitam,
evidentemente, sofrerão uma pressão muito maior no momento de tomar as
decisões, quer sejam decisões sobre a luta cotidiana e de sobrevivência das
pessoas com as quais eles se vinculam, quer sejam decisões com repercussões
macros como, por exemplo, a definição da paz e da guerra.
Então,
por último, Sr. Presidente, eu queria dizer que, por uma tomada de posição
daquele Congresso, todas as entidades presentes à fundação da nova entidade
mundial, cidades e Governos locais unidos são considerados, automaticamente,
fundadores da CGLU, da entidade que hoje, sediada na Espanha, procura articular
a rede mundial na defesa da cidadania dos homens e das mulheres.
Portanto,
o nosso Parlamento foi galgado à posição de sócio-fundador. E eu tive o orgulho
e a grande possibilidade política de poder representar o Parlamento neste
momento histórico de definição dos rumos das cidades, na construção de um mundo
mais igualitário, mais justo e de mais paz para todos os que habitam este
Planeta. Muito obrigada.
(Não
revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): Obrigado, Verª Clênia. Voltamos ao
Grande Expediente. Há dois Vereadores ainda inscritos para falar no período do
Grande Expediente.
(Manifestação
do Plenário.)
Não,
não foi encerrado, foi o que a Presidenta me comunicou.
O SR. ISAAC AINHORN (Requerimento): Sr. Presidente, eu gostaria de requerer a
V. Exª que submetesse à votação o seguinte Requerimento: logo após o
encerramento do Grande Expediente, que entrássemos imediatamente na Pauta, já
que há Projetos que ali se encontram que têm de correr Pauta, sem o que não se
encontram aptos para votação.
O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): Perfeito, Ver. Isaac. Logo após a
conclusão do Grande Expediente - nós temos mais dois Vereadores inscritos -,
será votado o Requerimento do Ver. Isaac Ainhorn.
O
Ver. Gerson Almeida está com a palavra em Tempo Especial.
O SR. GERSON ALMEIDA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores,
Vereadoras, como é da obrigação, inclusive, dos Parlamentares que representam
nossa Casa, eu queria fazer à Câmara de Vereadores, ao Plenário, um sucinto
relatório da viagem que fiz à cidade de Bogotá, na Colômbia, participando de um
encontro organizado pela Organização dos Estados Ibero-Americanos e pela
municipalidade maior, pela Capital, pela Prefeitura da cidade de Bogotá.
Como
todos sabemos, o país, cuja capital é Bogotá, a Colômbia, vive um longo
processo de disputa, de guerras, inclusive uma guerra civil, com exércitos
armados e coisa do gênero, onde a linha democrática é muito difícil. E tanto a
direita, pelos grupos paramilitares, quanto os grupos armados, aqueles
militantes sociais que lutam pela democracia e pela organização popular, têm
sido - e não só - criticados e duramente atacados, como têm sido mortos,
assassinados, há muito tempo.
A
municipalidade recém-eleita tomou posse agora em janeiro. A nova direção tem se
preocupado exatamente, a partir da Capital do país, em organizar debates e
encontros nos quais a questão da participação popular, a questão de que um
Governo democrático seja capaz de enfrentar as mazelas, a exclusão social, que
reinam nas nossas cidades latino-americanas, seja verdade.
Então,
esse encontro, organizado pela Organização dos Estados Ibero-Americanos e a
municipalidade de Bogotá, contou com a presença de algumas pessoas tais como o
Dr. Angel Iglesias Alonso, que é doutor, professor da Universidade Real de
Madri, com o qual eu tive a honra de dividir uma mesa, assim como o Sr.
Fernando Patiño, que é Coordenador Regional do Programa Habitat das Nações
Unidas para a América Latina, entre outras pessoas, e a questão era o
planejamento participativo.
A
cidade de Bogotá se encontra hoje num processo de discussão do seu planejamento
global como metrópole. Vejam, a Colômbia é um país com 40 milhões de
habitantes, e a população de Bogotá está em torno de nove milhões, ou seja, é
uma Cidade que tem uma importância política extraordinariamente grande, não só
por ser capital, mas também por ter quase 25% da população do País, este, como
já disse, conflagrado por uma intensa luta política, inclusive com terrorismo e
guerra.
O
que ficou patente é que há uma expectativa muito grande e um desejo, de parte
dos governantes da cidade de Bogotá, em estreitar relações com o Brasil e com
as experiências de gestão no País. Inclusive eu trouxe, de uma reunião que fiz
com os Vereadores da cidade de Bogotá - parte dos Vereadores que são do pólo
democrático independente -, a proposta de, por meio de um convênio ou de uma
relação amistosa com a Câmara de Vereadores da cidade de Porto Alegre, podermos
trocar experiências, o que, naturalmente, submeto ao Plenário - é uma discussão
que a Mesa deve fazer. Mas, previamente, acredito que autorizado pelo espírito
democrático deste Plenário, já manifestei que há o interesse e uma boa vontade
de todos nós em recebermos aqui pessoas da cidade para discutir a experiência
de gestão e de funcionamento do Parlamento na cidade de Porto Alegre.
Então,
queria fazer este breve relato, dizendo que me senti participando de um momento
muito importante, representando a Câmara de Vereadores, neste convite que me
foi realizado, porque auxiliar, participar do processo de construção de uma
alternativa democrática na Colômbia realmente parece ser tarefa de todos nós
que assistimos às notícias da Colômbia, onde parece que os democratas estão
“ensanduichados” entre uma direita extremamente violenta e retrógrada e também
as alternativas armadas, a rigor, ambas são adversárias do processo
democrático. Portanto essa experiência, a meu juízo, deve ter nosso apoio e
receber toda a legitimidade possível.
Então
agradeço e pretendo transformar as notas taquigráficas desse relato na
informação necessária para a Mesa Diretora e para os demais Pares aqui,
Vereadoras e Vereadores.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): Em votação nominal, solicitada pelo Ver.
João Dib, o Requerimento, de autoria do Ver. Isaac Ainhorn, solicitando que,
após o encerramento do Grande Expediente, entrássemos imediatamente no período
de Pauta.
O SR. NEREU D'AVILA: Sou obrigado a requerer a V. Exª o
direito de falar como Vereador. É só viagem, viagem...eu tenho o direito de
falar. A Verª Sofia e eu fomos os únicos que ficamos de fora do período de
Grande Expediente. Agora, se V. Exª colocar em votação, é capaz de não ter
quórum, e aí, além de ficar ruim para a Câmara, não vão poder falar dois
Vereadores que têm assuntos importantes. Então eu pediria, por favor, a V. Exª
que adie por alguns minutos a votação, para que os Vereadores que estão nos
gabinetes venham ao plenário, a fim de não corrermos o risco de não haver
quórum. A Casa está cheia de Vereadores, pois os Vereadores têm
responsabilidade com Porto Alegre. Porém, se de repente somos colhidos de
surpresa, colocamos a Instituição em cheque. Peço a V. Exª que não cometa esse
pequeno erro. Portanto, em nome da Casa, solicito que dê a palavra aos dois
Vereadores...
O SR. ISAAC AINHORN: Vereador, Sr. Presidente!
O SR. NEREU D'AVILA: Só um pouquinho, Vereador! Engraçado,
quando eu falo todo o mundo fala. Eu respeito todo mundo aqui, não posso falar?
Posso falar, Vereador? Peço que o senhor me assegure a palavra.
O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): Pois não, Vereador.
O SR. NEREU D'AVILA: Então, eu solicito que o Requerimento do
Ver. Isaac, que é absolutamente correto...
(Aparte
anti-regimental do Ver. Isaac Ainhorn.)
O SR. NEREU D'AVILA: Não, Vereador, é só colocar em votação
daqui a pouco, não há problema. Eu agora peço que os Vereadores que estão nos
gabinetes venham ao plenário, porque teremos Ordem do Dia, Pauta e outras
coisas, e temos de ter quórum. Eu agradeceria a V. Exª que me concedesse a
palavra.
O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): Ver. Nereu D'Avila, esta Mesa...
O SR. ISAAC AINHORN (Requerimento): Sr. Presidente, para um requerimento sem
necessidade de votação: que V. Exª solicite ao serviço de alto-falante da Casa
que convoque os Srs. Vereadores a se fazerem presentes aqui no plenário. De
outra parte, eu concordo com a preocupação do Vereador e sugiro a V. Exª que
coloque em votação o presente Requerimento de minha autoria logo após as
manifestações em Grande Expediente.
E
reitero mais uma vez a V. Exª que faça uma solicitação aos Vereadores que se
encontram em seus gabinetes, pelo serviço de alto-falante, que compareçam ao
plenário.
O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): Ver. Isaac, essa era a intenção desta
Presidência. Também faço um apelo aos Srs. Vereadores e às Sras
Vereadoras que se encontram nos seus gabinetes: por gentileza, compareçam ao
plenário.
O
Ver. Nereu D’Avila está com a palavra em Grande Expediente.
(A
Verª Margarete Moraes assume a presidência dos trabalhos.)
O SR. NEREU D’AVILA: Sr. Presidente dos trabalhos, Ver. Ervino
Besson; Srs. Vereadores e Sras
Vereadoras, a Zero Hora de ontem, domingo, trouxe as seguintes matérias:
“Cidades preparam suas polícias” e “Guardas da Capital e da Serra dão os
primeiros passos nas ruas”.
Leio,
em primeiro lugar, matéria que considero importantíssima. Diz o jornalista,
sobre Segurança pública (Lê.): “Cidades preparam suas polícias. Municípios se
mobilizam para alterar a Constituição Federal e colocar guardas para proteger a
população. Em seu gabinete na Prefeitura de Novo Hamburgo, o advogado Moacir
Yllana, 55 anos, tem à mão uma espingarda calibre 12. O colete à prova de balas
fica no encosto da cadeira. Secretário de Trânsito, Transporte e Segurança da
Cidade, não raro se arma e vai para as ruas à frente da Guarda Municipal. A
rotina de Yllana retrata uma nova tendência no País: as guardas avançam a
passos largos para auxiliar na segurança pública, com poderes de política”.
Essa é a minha reivindicação, há anos, desta tribuna! Finalmente estamos
despertando para uma nova realidade! A matéria de domingo, exatamente, enseja a
oportunidade desta discussão.
Vejam
aqui o que diz na outra folha (Lê.): “Guardas da Capital e da Serra dão
primeiros passos nas ruas.” Aí, vejam sobre Porto Alegre (Lê.): “Com 598
homens, 44% a mais do que em 1991, a Guarda Municipal de Porto Alegre vem
ampliando o efetivo e a abrangência de suas funções. Um total de 50 agentes foi
treinado e atua em parceria com fiscais que combatem o comércio irregular.
Outra equipe faz a segurança do prefeito João Verle.” Então, vejam: enquanto
Novo Hamburgo, Canoas e outras tantas cidades estão usando suas Guardas para
ajudar no policiamento preventivo e ostensivo, para ajudar contra a violência
na população, a Guarda de Porto Alegre está para assegurar a segurança do Sr.
João Verle, Prefeito de Porto Alegre. Então, foi criada uma Secretaria Especial
de Direitos Humanos e Segurança Urbana para isto: assegurar a segurança do Sr.
Prefeito Municipal. Ora, vejam bem o quanto está bem Porto Alegre! Porto Alegre
usa a Guarda para a segurança só de uma pessoa!
(Manifestações
no plenário.)
O SR. NEREU D'AVILA: Está aqui no jornal.
A Srª Helena Bonumá: V. Exª permite um aparte?
O SR. NEREU D'AVILA: Depois, mais tarde, Vereadora. V. Exª
teve a oportunidade de demonstrar sua capacidade e seu talento, que eu admiro e
proclamo, junto à Secretaria de Direitos Humanos e Segurança da Cidade. Assim,
permita-me só continuar meu raciocínio, que, em seguida, lhe darei o aparte.
Então,
o que é que nós preconizamos? Nós preconizamos o que o jornal Zero Hora
apresenta aqui! Nós preconizamos o que o Sr. Aloízio Mercadante e o próprio
José Genoíno apresentaram quando estavam na Câmara dos Deputados, uma PEC, uma
Proposta de Emenda Constitucional, já foi aprovada pelo Senado, que está
entrando na Câmara, estabelecendo que as Guardas Municipais também poderão
proteger suas populações, porque hoje o texto constitucional permite apenas que
as Guardas protejam bens, serviços e prédios. Então, em Porto Alegre, cuidam-se
dos prédios e do Prefeito! Não se cuida da população; a Guarda Municipal não
cuida.
Um
dado importantíssimo: há dez anos, a Brigada Militar tinha cerca de 30 mil
homens efetivos. Hoje tem 23 mil. Ou seja, uma situação de menos de 20%. Claro,
houve o PDV do Sr. Antônio Britto, que foi um prejuízo bárbaro para a Segurança
do Estado. Mas, enquanto a Brigada diminui o seu efetivo em 20%, a população
cresce, e então as cidades, inclusive as comandadas pelo PT, como São Paulo, da
Srª Marta Suplicy, têm uma Secretaria Municipal de Segurança Urbana! Sim, o PT
daqui diz que não pode usar a Guarda, não pode armar a Guarda, sequer. Agora, o
novo Estatuto do Desarmamento manda armar as Guardas. E olhem o que diz o
Secretário da Srª Marta Suplicy no jornal Zero Hora (Lê.): “’Temos mais agentes
do que a Polícia Federal com seus oito mil homens. Somos um efetivo importante
para ser incluído no sistema de segurança. O setor tem lacunas no que tange à
prevenção. Queremos fazer policiamento preventivo e comunitário’ - defende
Benedito Mariano, Secretário de Segurança Urbana da Capital Paulista e
Presidente do Conselho Paulista e Presidente do Conselho das Guardas no país. O
Estatuto do Desarmamento chancelou o uso de armas de fogo pelas guardas. E uma
Proposta de Emenda Constitucional (PEC), elaborada no Senado em 1999, prevê dar
a elas o dever de proteger suas populações.” O Estatuto do Desarmamento.
Então,
em São Paulo, há a Guarda Municipal protegendo a população, no Rio também é
assim, mas aqui, em Porto Alegre, o que as Guardas fazem? De tanto nós
insistirmos com a Verª Helena Bonumá, em memoráveis debates de televisão, a
Vereadora, quando titular da Secretaria, graças a Deus, colocou, pela primeira
vez em Porto Alegre, alguns guardas na rua. Talvez a população deva à eminente
Verª Helena Bonumá e à Secretaria de Direitos Humanos que 50 guardas fizessem
cursos de tiro. Foi preciso, Verª Helena, que eu apresentasse, nesta Casa, um
Projeto estabelecendo que a Guarda Municipal fosse armada. O PT não queria nem
que a Guarda fosse armada, anda fardada e com revólver, e não usa o revólver,
foi preciso que o Estatuto do Desarmamento permitisse às cidades de mais de 500
mil habitantes, que é o caso de Porto Alegre, guardas municipais armados. Nós
estamos avançando no Brasil, em São Paulo, no Rio, não graças ao PT de Porto
Alegre, mas graças à insistência e uma negociação que eu fiz com V. Exª, Verª
Helena Bonumá, e o Ver. Juarez Pinheiro, para incluir, junto à Secretaria de
Direitos, a segurança urbana, e V. Exª sabe como foi importante e útil essa
criação, Vereadora.
Então,
eu gostaria que o PT fosse mais humilde e admitisse que em Porto Alegre o PT
está atrasado em relação ao uso de guardas municipais, porque agora o Estatuto
do Desarmamento manda armar a Guarda. O Sr. Genoíno e o Sr. Mercadante
apresentaram para os Deputados uma Emenda Constitucional exatamente para dar
novas funções à Guarda Municipal.
A Srª Helena Bonumá: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Em primeiro lugar, Vereador, a Emenda, no Congresso, não foi votada
ainda. Em segundo lugar, o Estatuto do Desarmamento, desse ponto de vista do
armamento das Guardas, ainda não está em vigor. Em terceiro lugar, o Ministério
Público do Rio Grande do Sul entrou com uma ação contra a Prefeitura; em
novembro de 2002, o Tribunal de Justiça deu ganho de causa, em última instância,
em Porto Alegre, por unanimidade de seu Pleno, contra o uso de arma pela Guarda
Municipal de Porto Alegre. O Ministério Público não fez isso em Canoas e Novo
Hamburgo; fez em Porto Alegre, o Município se defendeu e foi derrotado pela
unanimidade do Pleno do Tribunal de Justiça.
Portanto,
na véspera do vigor do Estatuto do Desarmamento, estamos nessa situação em
Porto Alegre, mas os nossos guardas estão, prioritariamente, nas escolas. A
Verª Sofia Cavedon poderá falar sobre isso, e estamos trabalhando para que a
Guarda faça um trabalho de prevenção, o que não quer dizer que seja Polícia,
porque aí vamos ter de discutir competência e financiamento da Segurança
pública e divisão de competência com os órgãos estaduais. Obrigada pelo aparte.
O SR. NEREU D’ÁVILA: Só há uma informação que V. Exª deu e que
não está correta, e eu vou corrigir, porque a população que nos assiste merece
saber a verdade. V. Exª diz que ainda não está em vigor. Não. O Estatuto do
Desarmamento já está em vigor.
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O seu tempo está encerrado, Vereador.
O SR. NEREU D’ÁVILA: Concluo, Presidenta, dizendo que fico
muito contente, muito feliz - e nunca quis, aqui, ser mais do que alguém e ter
idéias melhores. A respeito daquilo que estamos há tempo lutando, propondo, nós
ficamos felizes quando vemos que as coisas estão evoluindo, apesar do PT de
Porto Alegre. Obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): A Verª Sofia Cavedon está com a palavra
em Grande Expediente, por cedência de tempo do Ver. Renato Guimarães.
A SRA. SOFIA CAVEDON: Srª Presidenta, Srs. Vereadores, público
que nos assiste, eu queria mostrar o que é avançado em segurança urbana.
(Mostra fotos.) Estas fotos traduzem a concepção do Partido dos Trabalhadores e
o que está em construção na cidade de Porto Alegre, em termos de segurança.
Segurança que faz com que um túnel, um lugar que alguns Vereadores até
sugeririam o cercamento, como o Parque da Redenção, porque não tem segurança,
um túnel que até escuro é, porque tem muitas árvores, é um lugar lindo, era o
antigo túnel do trem da Tristeza, que está sendo recuperado e utilizado pelas
crianças, pelos moradores, sem nenhum problema de segurança. Essa é a nossa
concepção de segurança, quando a sociedade se organiza, quando a sociedade
ocupa os espaços, oferece alternativas para os jovens, constrói a sua
cidadania, são protagonistas, nós temos ali segurança. Dali sai a
criminalidade, dali sai a gangue, dali sai a contravenção. E a nossa Guarda
Municipal, Ver. Nereu, é uma Guarda que, quando está armada, oferece, às vezes,
risco às crianças. E nós achamos avançado - espanta-me considerar atrasado -
construir uma visão de segurança que estabelece relações na comunidade,
relações com os jovens, com os adolescentes, com as lideranças comunitárias,
relações essas que garantem o ir-e-vir das nossas crianças às escolas
municipais.
Todas
as escolas estão na periferia da Cidade, há mil, mil e quinhentos, quase dois
mil alunos, e as nossas escolas não estão na lista das escolas que sofrem
depredações ou que os alunos são atingidos. E por quê? Por um processo longo de
trabalho, de construção de uma cultura de paz, que não passa por armar o
Guarda, que não passa pelo sentido belicoso, mas que passa pela construção da
solidariedade, pelo conhecimento humano, pela construção de uma rede de relação
social. Não que não tenha que existir a Guarda armada, mas não dentro da
escola, a escola é lugar de educação. Os nossos guardas são educadores, os
nossos guardas conhecem a comunidade, eles sabem quem está entrando e quem está
saindo, constroem regras com os alunos, participam da gestão democrática da
escola e, assim, oferecem segurança ao trabalho, aos alunos e aos pais.
Então,
a arma não é a solução da segurança, usar arma em escola é atrasado, é
atrasado! E as nossas escolas estão todas na periferia, e nós temos construído
outro sentido, com sucesso, na área da Segurança.
E
essa é uma das marcas dos 16 anos de Administração Popular. Uma rede pública de
escolas que está toda na periferia da Cidade, que tem o aumento de 300% na sua
capacidade de atendimento, hoje 60 mil alunos, e que pode comemorar aspectos
como este: os alunos, com segurança, estudando. Aliás, mais do que isso, saindo
dos muros da escola e construindo lá fora uma cultura de paz, chamando a
população a se organizar para atender os seus jovens, para enfrentar os
problemas da comunidade, para se organizar e expulsar a violência do entorno
das escolas e da comunidade.
E
são nesses 16 anos que a gente comemora, não só na escola como na Cidade, muita
cidadania. Porto Alegre hoje é uma Cidade conhecida no mundo. Esses dias, uma
jornalista me dizia: “Como é bom viajar para o Exterior e dizer que eu sou de
Porto Alegre, e as pessoas dizerem: ‘Ah, que privilégio ser de Porto Alegre.’”
Porto Alegre está escrita no mapa do mundo, pelo protagonismo, pela sua
democracia, pela participação popular e pela qualidade de vida. Porto Alegre
está afirmando que o Estado Público pode, sim, induzir desenvolvimento, deve
induzir; promover inclusão social; pode promover desenvolvimento humano; pode,
sim, redistribuir renda.
Hoje,
nós tivemos aqui uma homenagem ao Grupo Hospitalar Conceição, que é um exemplo
dessa conquista de Porto Alegre. Na área da Saúde, há uma tentativa na
construção de uma pauta negativa, mas nós temos muito do que nos orgulhar. O
melhor SUS avaliado é o SUS desenvolvido aqui em Porto Alegre. Dos poucos
postos de saúde que nós tínhamos em 1988, 13 postos apenas, nós temos 144
serviços de Saúde. E afirmava-se, hoje à tarde, aqui, que todos os postos
municipalizados têm recebido interferência para melhorias dos seus espaços
físicos, para completar seus recursos humanos, para otimizar o atendimento da
nossa população. Mais de 500 mil consultas/mês na rede pública de saúde, em
Porto Alegre. É claro que tem muito para fazer, mas esses são índices,
indicadores que mostram que uma cidade é pujante quando a participação popular
é presente, fiscaliza, participa dos conselhos gestores na região. Estava,
aqui, a prova da comunidade, que acompanha e organiza-se em torno do posto de
saúde. Quer exemplo mais bonito, construindo as melhorias para a sua
comunidade, na relação com o seu posto de saúde?
Eu
poderia falar aqui da Capital do trânsito, do transporte urbano, dos prêmios da
Carris. Neste período, construímos a melhor empresa de transporte urbano do
Brasil. E temos que nos orgulhar do nosso trânsito, porque nós andamos bem em
Porto Alegre, muito bem. São 420 quilômetros de vias pavimentadas, um resultado
de investimentos na pavimentação das vilas, sim, na urbanização da vila. Hoje,
temos seis ou sete assentamentos recebendo pavimentação comunitária. Mas também
há grandes investimentos, como a 3ª Perimetral, que é um orgulho para a nossa
Cidade, que serve toda a população, que vai otimizar o trânsito e que está
criando uma área de comércio e de hotéis que coloca a cidade de Porto Alegre
nas melhores do mundo.
Esses
indicadores não são indicadores sociais somente, e eu poderia aqui continuar a
listar, mas nós temos indicadores de negócios. A nossa Cidade, por exemplo, é a
segunda melhor Cidade para fazer negócios e a quarta melhor Cidade para fazer
carreira. É uma Cidade que cresce parelha, que cuida dos pequenos, que acolhe
as crianças na escola, na ação social, uma Cidade que se inscreve no mundo como
boa de se fazer negócios, que tem desenvolvimento, capacidade de promoção,
capacidade de chamar para cá encontros, reuniões de negócios, mil
possibilidades de interlocução com a área econômica também.
Termino
usando a frase do Luis Carlos, que é um dos nossos Conselheiros do Orçamento
Participativo: “Os proletários de Porto Alegre inscreveram Porto Alegre no mapa
do mundo.” Isso é verdade, as pessoas simples da comunidade estão projetando
Porto Alegre no mundo, e todos nós estamos nos beneficiando. Então, nós temos
de ter muito orgulho dessa participação, prezá-la e, aqui na Câmara, estarmos à
altura dessa população valorosa.
(Não
revisto pela oradora.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Em votação nominal, solicitada pelo Ver
Isaac Ainhorn, o Requerimento de sua autoria para que haja inversão na ordem
dos trabalhos. Ele propõe que, de imediato, passemos ao período de Pauta.
(Pausa.) (Após a apuração nominal.) APROVADO
por 20 votos SIM e 02 ABSTENÇÕES.
Passamos
à
PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR
(05 oradores/05 minutos/com aparte)
1.ª SESSÃO
PROC.
N.º 0102/04 - PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 022/04, de autoria do Ver. Haroldo de Souza, que concede o troféu
Honra ao Mérito à Senhora Sandra Claudete Fischer.
PROC.
N.º 0619/04 - SUBSTITUTIVO N.º 01,
de autoria dos Vereadores Raul Carrion e Aldacir Oliboni, que institui a Semana
Municipal do Artesanato e dá outras providências, ao PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 029/04, de autoria do Ver. Raul
Carrion.
PROC.
N.º 1477/04 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 061/04, de autoria dos Vereadores Ervino Besson
e Sebastião Melo, que dispõe sobre a instalação, sinalização, contratação e
utilização de controladores eletrônicos de velocidade e de semáforos nas vias
públicas de Porto Alegre, e dá outras providências a respeito de lombadas
eletrônicas e da fiscalização por radar móvel e fixo.
PROC.
N.º 2145/04 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 087/04, de autoria do Ver. Reginaldo Pujol, que
institui o Programa de Recuperação de Créditos da Fazenda Pública do Município
de Porto Alegre (REFAZ) e dá outras providências.
PROC.
N.º 2178/04 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 091/04, de autoria dos Vereadores Sebastião
Melo e Beto Moesch, que institui o Programa de Proteção aos Animais Domésticos
e dá outras providências.
PROC.
N.º 2234/04 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 095/04, de autoria do Ver. João Bosco Vaz, que
inclui o Dia do Desafio no Calendário de Eventos Oficiais de Porto Alegre.
PROC.
N.º 2240/04 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 096/04, de autoria do Ver. Isaac Ainhorn, que
concede o título honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Senhor Sizenando
Venturini.
PROC.
N.º 2256/04 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 098/04, de autoria do Ver. João Bosco Vaz, que
denomina Rua João Locatelli da Silva um logradouro público cadastrado,
localizado no Bairro Vila Nova.
PROC.
N.º 2258/04 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 099/04, de autoria do Ver. João Bosco Vaz, que
denomina Rua Eva Laci Camargo Martins (Célia) um logradouro público cadastrado,
localizado no Loteamento Residencial Piratini.
PROC.
N.º 2259/04 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 100/04, de autoria do Ver. Elói Guimarães, que
institui o Dia do Procurador e do Assessor Jurídico do Município de Porto
Alegre.
PROC.
N.º 2264/04 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N.º 012/04, que altera as redações do art. 1.º,
“caput”, do art. 4.º, incluindo parágrafos, bem como dá nova redação ao art.
5.º, todos da Lei n.º 9.194, de 08 de agosto de 2003, e dá outras providências.
(desafetação passagem pedestre/juros e correção monetária)
PROC.
N.º 2288/04 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 101/04, de autoria do Ver. Reginaldo Pujol, que
denomina Rua Eliziário Goulart da Silva um logradouro público cadastrado,
localizado no Bairro Cristo Redentor.
PROC.
N.º 2375/04 - PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 071/04, de autoria da Mesa Diretora, que
institui comissão temporária denominada Comissão Técnica de Assessoria
Urbanística, cria oito cargos em comissão temporários de Assessor Técnico
Especial no Quadro de Cargos em Comissão e Funções Gratificadas da Câmara
Municipal de Porto Alegre e dá outras providências.
2.ª SESSÃO
PROC.
N.º 6185/03 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 445/03, de autoria do Ver. Cláudio Sebenelo,
que concede o título honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Dr. Natale
Ferrari.
PROC.
N.º 1158/04 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 047/04, de autoria do Ver. Ervino Besson, que
denomina Rua Felício Salvador Celia um logradouro público não-cadastrado,
localizado no Bairro Aberta dos Morros.
PROC.
N.º 1371/04 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 058/04, de autoria da Ver.ª Clênia Maranhão,
que institui o Registro de Bens Culturais de Natureza Imaterial que constituem
patrimônio cultural do Município de Porto Alegre e dá outras providências.
PROC.
N.º 1949/04 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 079/04, de autoria da Ver.ª Maristela Maffei,
que concede o título honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Engenheiro
Ronaldo Marcelio Bolognesi.
PROC.
N.º 2102/04 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 085/04, de autoria do Ver. Haroldo de Souza,
que torna obrigatória a instalação de caixa eletrônico próprio para atendimento
a portadores de deficiência física nas agências e postos de atendimento
bancário, no Município de Porto Alegre, e dá outras providências.
3.ª SESSÃO
PROC.
N.º 1985/04 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 081/04, de autoria do Ver. Aldacir Oliboni, que
dispõe sobre a realização de exames de catarata e glaucoma congênito nos
recém-nascidos em maternidades ou estabelecimentos congêneres do Município de
Porto Alegre e dá outras providências. Com
Emenda n.º 01.
PROC.
N.º 2139/04 - PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 067/04, de autoria do Ver. Cassiá Carpes, que concede o título
honorífico de Cidadão Emérito de Porto Alegre ao Senhor Paulo Sérgio Pinto.
PROC.
N.º 2215/04 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 093/04, de autoria do Ver. João Carlos Nedel,
que denomina Rua Sérgia Lucíola Belmonte um logradouro não-cadastrado,
localizado no Bairro Coronel Aparício Borges.
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. João Antonio Dib está com a
palavra para discutir a Pauta.
O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Srª Presidenta, Verª Margarete Moraes; Sras
Vereadoras, Srs. Vereadores, meus senhores e minhas senhoras, eu tenho dito
sempre que um dos momentos mais importantes das nossas Sessões Ordinárias, para
que elas não sejam “ordinária” só, é a Pauta.
Hoje
nós temos 13 novos Processos em Pauta, mais 78 para serem votados. Eu, como
sempre faço, tento chegar muito cedo para que possa me inscrever na Pauta e,
geralmente, sou o primeiro inscrito, porque acho que nós precisamos acompanhar
o que acontece aqui.
Eu
tinha me preparado para discutir algumas coisas quando houve um Requerimento -
fato raro - para antecipar a Pauta e deixar as Comunicações. Não havia quórum,
movimentaram a Câmara, mas por quê? Porque havia a preocupação de criar oito
cargos. Porque havia a preocupação de criar oito cargos! Cargos que me foram
negados quando fui Presidente, mas só que eu não queria oito, eu queria três,
Srª Presidenta. E para que eu usasse os três, porque entendia que a Câmara
precisava de urbanistas, deixei os dois vagos, não foram nomeados ninguém
daqueles dois.
Agora,
nomearam os dois. E querem mais oito? O dinheiro é do povo. São 325 mil reais.
Nós precisamos de mais Taquígrafos, mas não há dinheiro para contratar
Taquígrafos. Agora, oito cabos eleitorais nós vamos fazer? Não, o povo não pode
ser ludibriado pensando que é assim. O povo não pode ser ludibriado, Srª
Presidenta! Pensando que é assim! Tudo o que eu tentei fazer como correto nesta
Casa eu vejo ser mudado agora.
Havia
um limite de gastos para viagem; agora não há mais limite. Eu não podia criar
três cargos, eu não queria indicar; eu queria que as Bancadas, a oposição e a
situação indicassem um e um, mas eu deixei dois, que estão hoje preenchidos e
poderiam ser preenchidos por dois urbanistas. Um terceiro urbanista que tinha
era o assessor do Presidente, que já estava nomeado.
Então,
eu não vou entender, e o povo não pode pagar oito assessores, oito cabos
eleitorais. O povo não vai pagar isso aí. Eu vou fazer discurso na esquina, eu
vou falar onde puder, porque isso é uma afronta que não pode passar dessa
forma!
Eu
não consegui em 2002, quando eu não era senão um Vereador Líder de Bancada; eu
propus três assessores, porque eu entendia - e entendo hoje ainda - da
necessidade de assessores para o Plano Diretor. Mas não oito! Mas, como eu
propus três, chegou a vir na Pauta, mas aí disseram que o período era
eleitoral, e foi retirado. Agora, são oito; 325 mil reais. E eu vi na
assessoria do Plano Diretor anteriormente gente que nem sabia o que era Plano
Diretor! E, agora, vão querer colocar oito. Não vai ser tão fácil assim, porque
onde eu puder levantar a minha voz eu vou levantar. O dinheiro do povo não se
joga fora. Aqui estão tentando fazer isso, e eu não vou permitir, não vai
passar por mim impunemente. Onde eu puder falar contrariamente, eu o farei,
porque a minha experiência me diz: se não foi permitido três cargos, quando eu
reservei dois cargos e comuniquei para o povo de Porto Alegre o que seria
feito, aí não dava para fazer. Agora, oito dá. Não, não dá, e até pedem
antecipação da Pauta. Mas isso é muito interessante! Mas é extraordinariamente
interessante! Mas o dinheiro é do povo. E eu sei que há mais áreas da
administração da Casa que precisam de gente permanentemente, e não há verbas,
mas eles solicitam 325 mil reais para oito cabos eleitorais! Saúde e PAZ!
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. João Carlos Nedel está com a
palavra para discutir a Pauta.
O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Srª Presidente e Srs. Vereadores, ouvimos
o Ver. João Antonio Dib, que se manifestou contrário a um Projeto de Resolução
da Mesa Diretora, que propõe a criação de oito cargos de nível técnico,
profissionais habilitados, especializados, urbanistas, para assessorar a
Comissão Especial do Plano Diretor.
A
Comissão Especial está andando com extrema lentidão em nossa Cidade. Eu sou
contador, faço parte da Comissão Especial, eu não sou urbanista. Eu precisaria
de um assessor que me orientasse, porque eu preciso decidir aqui por 1 milhão e
400 mil pessoas, para uma orla do lago Guaíba de 74km. Eu preciso decidir para
o futuro. Nós temos 17 membros e vamos apanhar apenas oito especialistas para
nos assessorar. Trezentos mil reais é um bom valor, mas para assessorar uma
Comissão que vai projetar o futuro da Cidade, o planejamento da nossa Cidade...
Olhem,
meus senhores, eu tenho viajado, especialmente para Curitiba, para Brasília, e
vejo o que é planejamento urbano! Nós, tristemente, estamos atrasados em
planejamento urbano, e a atualização do nosso Plano Diretor vai-nos trazer uma
evolução, um avanço sobre o Plano Diretor.
Agora, vejam, eu, como
contador, decidir sobre um aspecto urbanístico. Eu preciso de uma assessoria,
sem dúvida.
E eu vejo em Pauta, ainda,
um Projeto do Ver. Reginaldo Pujol que permite que o Governo faça o Refaz
Municipal para que recuperem os créditos em dívida ativa, para que façam uma
composição com os devedores. O que isso trará em benefício da Cidade? Milhões e
milhões, os quais representam a dívida ativa. E o que um Plano Diretor pode
fazer pela Cidade? Ampliar os espaços, aumentar a arrecadação de IPTU, de
Imposto de Transmissão de Bens Imóveis, modernizar a Cidade.
Eu tenho um Projeto sobre
a instalação de helipontos em Porto Alegre, que está trancado há dois anos na
Comissão do Plano Diretor, porque é um assunto especializado. Eu fiz o Projeto,
mas ele precisa de reparos, de avanços, de emendas? Sim, ele precisa. Porque,
desde 2001, a Cidade também já avançou, o mundo também avançou. E precisam
especialistas nesse setor.
O
que nós queremos? Uma cidade atrasada? Uma cidade moderna? Uma cidade
modernizada? Vejam o caso de Paris. Paris tem um projeto urbanístico: aquela
parte antiga está preservada, mas há uma parte moderna planejada. Vejam o caso
de Brasília, que tem 43 anos; é uma Cidade planejada, moderna, com seu Plano
Diretor funcionando; não tem problemas de trânsito, ou tem poucos problemas de
trânsito. O que nós queremos para Porto Alegre? Queremos uma Cidade moderna,
onde possamos manter a nossa qualidade de vida e sermos responsáveis por cem
anos de futuro para Porto Alegre. Obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
Nós,
Ver. Dib, nos relacionamos há cerca de 30 anos, e eu sempre entendi que o
conjunto da Casa, a excelência do trabalho que nós poderemos ou não realizar
aqui é absolutamente superior a qualquer outro interesse que possa ser
viabilizado ou visualizado num determinado momento. Eu, pessoalmente, vivi,
Ver. Haroldo de Souza - e V. Exª foi minha companhia -, um momento de grande
desagrado nesta Casa. Eu me vi frustrado da possibilidade de ser Presidente da
Casa, porque o Ver. João Antonio Dib, exercendo um direito legítimo dele, fez
uma composição na Casa e foi eleito Presidente pela Bancada do Partido dos
Trabalhadores, pelo Partido Trabalhista Brasileiro, pelo Partido Popular. No
dia em que foi eleito, eu manifestei, desta
tribuna, o meu desagrado, mas disse que ele haveria de ter em mim, durante todo
o período da sua administração, o melhor dos colaboradores. E tenho certeza de
que o fui, porque eu entendia que,
passado o episódio eleitoral, Ver. Pedro Américo Leal, desaparecia tudo, em
cima disto e desta Casa.
Eu
cheguei, pela primeira vez, à Câmara Municipal no ano de 1972, ainda menino, e
via nos Vereadores Dib, Ábio Hervê, Martin Aranha e Cezar de Mesquita e em
vários outros Vereadores... E seria falsidioso enumerá-los como exemplos de pessoas que não se dedicam, a vida
inteira, à causa pública e a uma instituição.
Eu quero, honestamente,
dizer que o pronunciamento do Dr. Dib, nesta tarde, em nada contribui para o
engrandecimento do nosso Legislativo; transforma-nos em políticos de segunda
linha, que precisam criar cargos no ano eleitoral para, com isso, satisfazer os
seus apetites. Ora, há gente que está há muito tempo nesta Casa e não precisou
usar desse estratagema.
Eu tenho com o Plano
Diretor da Cidade, Ver. Pestana - V. Exª que é hoje o jovem que eu fui ontem -,
uma responsabilidade muito grande. Eu acho que é um assunto que não permite
demagogia e nem lance político. É fácil dar um discurso para salvar o Erário da
afronta que alguns insanos pretendem fazer, chegar a quatro ou cinco meses
antes da eleição e fazer um discurso, como o que fez o Ver. João Dib.
Demagogia, pura demagogia! Tentativa de se mostrar, perante o eleitorado, como
o grande tutor da moralidade. Ora, eu já votei cargos nesta Casa que tinham até
nome certo! Votei porque o Dr. Dib entendia que um homem digno, decente, que
contribui com o Plano Diretor não podia ficar sem oferecer a sua colaboração!
Como agora, eu vou convocar a Casa a acompanhar a proposta da Mesa, presidida
pela Verª Margarete Moraes, e dar aos integrantes das Comissões as condições
objetivas para que possam fazer um serviço sério, numa Cidade de 1 milhão e 400
mil habitantes, que está tendo o seu Plano Diretor reavaliado e que os Vereadores
estão a prescindir de uma assessoria técnica! Ninguém deixará de dar a sua
contribuição se isso não ocorresse, mas todos ficarão muito mais qualificados a
fazer a sua contribuição se isso vier a ocorrer.
Por
isso, quero convocar a Casa, a Casa no seu todo tem de reagir contra esse tipo
de manifestação, que, repito, é
demagógica, é farisaica, é para impressionar o eleitorado, porque não tem
conseqüência nenhuma.
Ora,
ainda hoje os jornais estampam que os Legislativos do Rio Grande do Sul são os
que menos comprometem os orçamentos municipais para fazer as suas atividades.
Este Legislativo, que é tímido... Se não nós criamos cargos antes, foi porque o
Dr. Dib, de todos os modos, tentou obstar - por todos os modos tentou obstar.
Não teve coragem de fazê-lo no ano passado e agora está querendo se virar
contra a Presidente Margarete e os seus companheiros de Mesa, que entenderam de
propor ao crivo dos Vereadores.
Eu
sustento que não serão essas medidas intimidatórias que vão fazer a Casa
recuar. A Presidência agiu muito bem; a Mesa agiu melhor ainda. A Mesa não é do
PFL. A Mesa tem integrantes do PT, do PL, do PP, do PDT, do PTB, do PSDB - é
uma Mesa pluripartidária por excelência. Depois de muito discutir esse assunto,
foi feita essa proposta. O Ver. Pestana, muitas vezes, foi até mal compreendido
na sua postura.
Concluo,
Vereadora. Perdoe-me se me excedi no tempo, mas quero me exceder muito mais no
protesto. O protesto contra a demagogia vil e barata que aqui se realizou.
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. João Antonio Dib está com a
palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Srª Presidenta, Verª Margarete Moraes,
Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, minhas senhoras e meus senhores,
em primeiro lugar, Verª Margarete Moraes, eu não preciso reafirmar a V. Exª o
respeito que tenho pela sua pessoa, pela sua serenidade e tranqüilidade. Não a
condenei por nada. Se eu me dirigi à Presidenta, foi porque é quem preside a
Sessão, a Casa e os trabalhos.
Mas
eu tenho que rir. Eu tenho que rir, mesmo. De repente alguém diz que eu sou
demagogo! Será que o povo desta Cidade é tão tolo que para eleger o Ver. João
Dib, cada vez com mais votos do que a eleição anterior, precisa acreditar na
demagogia do Ver. João Dib? Não. É claro que o povo é muito inteligente, é
muito competente, só que às vezes ele não sabe as coisas que estão acontecendo.
Por
que a irritação de um Vereador pela criação de oito cargos que custarão 325 mil
reais ao povo de Porto Alegre? Por quê? Já estão marcados os oito! Mas, no ano
passado - vou falar com clareza -, nós tínhamos aqui o cargo de Relações
Institucionais. A pessoa que ocupava esse cargo era meu amigo; eu achava que
tinha de colocar em seu lugar um urbanista. Ele me amaldiçoa até hoje pelas
esquinas desta Cidade. Mas eu não preenchi o cargo, não coloquei ninguém lá; eu
queria um urbanista. Havia um serviço de Protocolo e não sei quantos mais, eu
também não o preenchi, porque achava que colocando dois urbanistas a coisa já
começava a melhorar no conjunto da Casa do Povo de Porto Alegre. E aí pedi que
fossem criados três cargos de urbanistas: dois eu estava colocando à
disposição, que estavam vagos e que permaneceram vagos todo o ano.
O
Presidente poderia tê-los nomeado, não o fez. Não nomeei ninguém no meu
gabinete! Os oficiais de gabinete, trouxe do gabinete do Ver. João Dib. Não sou
homem que procura cargos para distribuir; distribuo trabalho, experiência,
falar a verdade, então, isso não é demagogia. Não é demagogia atender o povo quando
este me procura. Quando Prefeito, coloquei o telefone à disposição da população
e eu atendia o telefone na minha casa, não deixei de atender ninguém. E, quando
eu recebo alguém, não me importo se ele é rico, pobre ou o que seja - eu o
atendo. Até para dizer “não” e explicar por que o “não”. Agora, eu sou
demagogo?
Há
anos venho pedindo que o Plano Diretor tenha dois ou três assessores. Em 2002 a
Mesa aceitou a proposição, mas colocou na Pauta e ninguém pediu para acelerar a
Pauta. Ninguém pediu! E hoje pediram para antecipar. Engraçado, ninguém pediu,
e aí veio a eleição estadual, federal e, em período eleitoral, não se pode
criar cargos. Tudo bem, retira. No ano anterior, eu também quis. Sempre quis
três cargos, até porque eu sou engenheiro, já fui Secretário de Obras, já fui
assessor de engenheiro, sei das dificuldades para examinar um Plano Diretor da
importância do nosso. Nunca consegui. Agora, de repente, oito! Mas eu não
conseguia três... Mas o que há? Ora, eu sou um errado! Não é isso, Ver. Haroldo
de Souza? Completamente errado! Toda a experiência que eu tinha não serviu para
nada, porque eu não consegui convencer meus colegas da necessidade de três
assessores; mas, oito? Aliás, fechando o 3, também dá 8. Deve ser isso aí. Deve
ser um erro de ótica. Mas eu não tenho nenhuma preocupação. Eu vou seguir
dizendo...
E
veja que a minha Bancada é muito democrática, depois de mim falou o Ver. João
Carlos Nedel que defende a posição, e eu não tenho nenhuma preocupação. Eu sou
um homem de convicções. Demagogo, nunca! Porque já disse “não” para muita gente
e, ao dizer “não”, encontrei amigos, porque para eles eu expliquei o porquê do
“não”. E eu tenho a tranqüilidade de olhar para quem eu quero, no momento em
que eu quero e não preciso baixar os olhos. Nem quando ameaçam fazer chantagem
comigo, como eu já vivi momentos aqui, e agora acho que estou vivendo um deles.
Nem aí eu tenho de baixar os olhos para ninguém, porque a minha tranqüilidade é
de quem entendeu que o verbo “servir” tem de ser conjugado. Mas o servir-se,
nunca! Saúde e PAZ!
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Guilherme Barbosa está com a
palavra para discutir a Pauta.
O SR. GUILHERME BARBOSA: Srª Presidenta, Verª Margarete Moraes;
colegas Vereadoras e Vereadores, pessoas que nos acompanham na Sessão. Não vou
querer entrar nesse debate, acho que ele começou num nível muito ruim,
dividindo, inclusive, a mesma Bancada. Mas quero abordar dois outros Projetos
que estão na discussão preliminar de Pauta. Um deles, do Ver. Sebastião Melo, e
acho que do Ver. Beto Moesch; o outro, do Ver. Reginaldo Pujol.
O
primeiro pretende regulamentar a colocação de lombadas eletrônicas, ou seja,
elementos eletrônicos de controle de velocidade. Com relação a alguns elementos
desse Projeto tenho concordância, mas ele avança em alguns pontos que me
parecem que terminam mostrando uma certa vontade de proteger o infrator. Cito,
por exemplo, uma determinação no Projeto que diz que deve ser colocado aviso
exatamente no pavimento do local onde a velocidade do veículo será detectada. E
antes - também diz o Projeto - deve haver uma série de placas indicando que,
logo a seguir, teremos um elemento de verificação da velocidade. Até aí tudo
bem; isso já é feito inclusive. Mas vejam bem, na verdade, a colocação exata do
aviso, além do próprio equipamento, que normalmente é visível, esse cuidado
extremo vai dizer para aqueles infratores... E é bom que nós saibamos e digamos
para todos que é absolutamente irrisório, muito pequeno, o número de motoristas
que são multados por excesso de velocidade na nossa Capital e no Estado.
Portanto, essa preocupação sempre é - eu já fazia essa discussão com o
ex-Vereador Fernando Záchia, agora Deputado - com os infratores, um número -
repito - muito pequeno da população. A obrigação de todos nós é andar na
velocidade máxima para a via em que nós estamos. E a velocidade máxima na
Cidade é de 60 km por hora nas avenidas; em outras ruas, 50 km, 40 km, assim
por diante. Portanto, não deve ser apenas naquele local, onde está estabelecido
o equipamento, que o cidadão, a cidadã deve andar na velocidade máxima, ele
deve andar assim em toda a via. Eu tenho uma preocupação muito grande com isto:
na verdade, legisla-se para uma minoria, que é a minoria infratora.
O
Projeto do Ver. Reginaldo Pujol - aliás um tema já discutido, em outro momento,
nesta tribuna - cria o Refaz para o Município, para incentivar, de certa
maneira, o pagamento de débitos em dívida ativa do Município, dando um
incentivo muito grande, na minha opinião, para a retirada de multas para aquele
cidadão, para aquela cidadã que pagar, a partir de janeiro de 2005, chegando ao
maravilhoso percentual de 95%. Eu termino fazendo a leitura, Ver. Pujol - e
esta tem sido a postura dos 16 anos da nossa Administração -, de que isso é
incentivar o mau pagador. Se ele vai praticamente pagar o valor histórico, e
pela leitura que fiz do Projeto não detectei que isso tenha um tempo
determinado, mesmo a pessoa que há dez anos deve ISSQN ou IPTU para a
Prefeitura de Porto Alegre, ao pagar o valor histórico, ela praticamente está
pagando um valor muito baixo, incentivando aquele que paga em dia a não o
fazê-lo mais, porque no futuro nós teremos um benefício dessa ordem. De
qualquer maneira, estou aberto ao debate e sei que V. Exª também é um homem de
debate. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Renato Guimarães está com a
palavra para discutir a Pauta.
O SR. RENATO GUIMARÃES: Srª Presidente, Sras
Vereadoras e Srs. Vereadores, eu havia me organizado para falar em Pauta sobre
outros assuntos, mas obrigo-me, neste momento, a mudar o rumo de uma avaliação
de Pauta a partir do pronunciamento do Ver. João Antonio Dib. Trata-se de um
pronunciamento que fragiliza o papel deste Parlamento em relação à população da
Cidade. Acho que isso, Ver. João Antonio Dib, com muita sinceridade, pode
acabar sendo uma irresponsabilidade de sua parte.
Nós
ouvimos, na tarde de hoje, na palavra de um dos diretores do Hospital
Conceição, que muitas vezes nós temos de cuidar o que a gente diz, quando a
gente quer fazer a crítica, porque, no caminho de fazer a crítica para
melhorar, a gente acaba construindo uma relação de não melhorar nada, de
destruir tudo. Portanto, acho que, se a sua atenção era chamar a atenção da
Casa para o debate da questão do Plano Diretor, essa intenção se desdobrou numa
imagem muito negativa de que a Casa não está cuidando dessa questão do Plano
Diretor de forma adequada.
E
aí eu gostaria de deixar o registro aqui, para todos os colegas, de que foi de
V. Exª a iniciativa, quando Presidente, de provocar o Poder Executivo no
sentido da formação da Comissão para avaliação do Plano Diretor. É da sua
iniciativa, quando Presidente desta Casa, a provocação em relação à
constituição dessa Comissão para a reavaliação do Plano Diretor. Portanto,
penso que a gente tem de ter cuidado em tratar a matéria.
A
nossa Bancada vem tendo dificuldade em construir uma maioria para decidir sobre
esta matéria, e a gente vem tendo a compreensão de que é necessário dialogar
com o conjunto das Bancadas na Casa, porque entendemos que a Câmara de
Vereadores tem responsabilidade central na produção do Plano Diretor que está
aí, agora, na sua reavaliação. Portanto, a discussão aqui, Ver. João Dib, não é
sobre cargos, não é sobre que disputa, na ocupação do cargo A ou do cargo B,
está em jogo. A discussão central aqui, Ver. João Dib, é a seguinte: é
necessário reavaliar o Plano Diretor? E para isso a Casa tem de ter capacidade
e excelência para fazer. Esse é o ponto central deste debate. Desviar o debate
para a ocupação de cargo é muito perigoso. Eu perguntaria se o seu Partido não
está num acordo de gerenciamento desta Casa e não ocupa vários cargos nesta
Casa. Seu Partido está num acordo de administração desta Casa e ocupa diversos
cargos nesta Casa; portanto, levantar aqui este debate é muito perigoso, não
constrói o trabalho de todos.
O Sr. João Antonio Dib: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Eu quero concordar com V. Exª que o meu pronunciamento deve ter
fragilizado um pouco a Casa, mas o pronunciamento se fez em razão de um ato
muito frágil, e V. Exª diz que o Processo se inicia com a minha assinatura, mas
era para três assessores. A Bancada de V. Exª, na oportunidade, queria que
fossem cinco. Agora, somando três mais cinco, são oito, e eu não vou concordar,
e contrariamente ao que se posiciona parte da minha Bancada.
O SR. RENATO GUIMARÃES: Agradeço pelo seu aparte e quero dizer
aqui que a nossa Bancada também, a partir deste momento, está reavaliando a sua
posição. Nós vamos querer, no prosseguimento, sentar com as demais Bancadas,
porque entendemos, Ver. Nereu D’Avila, que a responsabilidade de criar ou não
criar ou é de todos ou não é de ninguém. Ninguém aqui tem de levar o prêmio por
ser contra a criação de cargos e ser a favor de economia, e, pelo contrário,
aqueles que são a favor de criação de cargos e a favor de gastos do
Legislativo...
O Sr. Isaac Ainhorn: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Hoje, encontro-me na condição de Presidente da Comissão Especial do
Plano Diretor. Há três Relatores Temáticos: um do Partido Progressista e mais
dois Relatores Temáticos que estão com dezenas de projetos para relatar, e o
Relator, do PP, que é um dos Relatores temáticos, com enorme carga de trabalho,
disse que se impõe à Relatoria a necessidade de um assessor especial para
assessorar o Vereador do PP. Não entendo mais nada.
O SR. RENATO GUIMARÃES: A Câmara, no papel dos 33 Vereadores,
sabe da importância de um Plano Diretor e da assistência necessária para fazer
a reavaliação desse Plano.
O Sr. Nereu D’Avila: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Eu quero me solidarizar com o discurso sério de V. Exª e também com
relação à proteção desta Instituição. V. Exª tem razão. No ponto em que
chegamos, desta discussão, ou a Casa toda é confluente da posição ou não. V.
Exª tem razão. Não podemos criar, aqui, a novela do “Anjo e os Demônios”.
O SR. RENATO GUIMARÃES: A nossa Bancada tem esta posição: ou a
Casa toda, na sua representação pela Mesa, os 33 Vereadores, acerta que é
necessária a existência de uma equipe para ajudar os Vereadores, ou - para o
processo todo de reavaliação, que a Comissão vem fazendo sem nenhuma assessoria
- a Casa toda concorda, ou a nossa Bancada estará reavaliando toda essa
caminhada. Obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Raul Carrion está com a palavra
para uma Comunicação de Líder.
O SR. RAUL CARRION: Srª Presidenta, Srs. Vereadores, não vou
poder me ater ao assunto trazido pelo Ver. João Dib; pretendo tratar na próxima
Sessão, mas pretendo fazer uma referência da nossa opinião. Entendemos que o
Ver. João Dib fez um pronunciamento incorreto, infeliz e leviano. Na verdade, a
importância da revisão do Plano Diretor, nesta Casa, com três Relatores, sem
qualquer assessoria, mais o Relator-Geral, tem levado, nas reuniões, os Srs.
Relatores a dizerem inclusive que, se continuarem sem assessoria, a Comissão
deixará de existir.
Mas
eu queria, na tarde de hoje, em nome da Bancada do PCdoB, trazer o teor da nota
que a Direção do Municipal do PCdoB de Porto Alegre divulgou no dia de ontem
(Lê.): “A direção municipal do PCdoB de Porto Alegre expressa, publicamente,
seu descontentamento com a tendência que vai se consolidando no PT de compor a
chapa de candidatos a Prefeito e Vice para o pleito próximo com lideranças
petistas, exclusivamente. Mais uma vez, o critério parece ser o de acomodar os
conflitos internos partidários em detrimento da saudável relação e composição com
seus aliados.
O
PCdoB apresentou à direção municipal do PT o nome da Deputada Jussara Cony como
candidata a vice de Raul Pont. Moveu-nos a madura idéia da pluralidade, inversa
à da exclusividade, em geral prima-irmã das atitudes soberbas e arrogantes. E
assim continuamos a pensar.
Jussara
Cony tem rica história de lutas em nossa Cidade, distingue-se por sua coerência
e determinação na defesa das causas populares e do progresso; por isso mesmo
goza de notável prestígio em diversos segmentos porto-alegrenses. Mais do que
sinalizar pluralidade, o nome oferecido pelo PCdoB reúne condições de ampliar a
votação que nossa chapa precisará para a conquista da vitória eleitoral.
Estamos
convencidos de que uma chapa plural é fator destacado para a conquista de um quinto
mandato da Frente Popular. É, ademais, uma exigência da atual situação política
nacional e local, além de revelar relações de respeito, sem hegemonismos fora
de lugar na relação entre os aliados de uma coligação.
Desde
o início das conversações, defendemos a ampliação do leque de alianças.
Reafirmamos a indicação da companheira Jussara Cony como candidata a vice na
chapa da Frente Popular. Da mesma maneira, o PCdoB reafirma seu compromisso em
trabalhar, com o melhor das suas energias, para a vitória de nossas forças
progressistas no pleito municipal deste ano. Estamos certos de que esta vitória
é um componente importante para continuar acumulando conquistas em Porto Alegre
e fortalecer o Governo Lula.”
Queremos
dizer que o PCdoB nunca condicionou, nem condiciona, a sua participação na
Frente Popular com a sua presença na chapa majoritária, mas considera essencial
alertar o Partido dos Trabalhadores de que esta postura exclusivista - recuando
de sua posição anterior, de aceitar uma chapa plural - não contribui para
construir uma unidade de nível superior com os demais Partidos da Frente
Popular, nem com a construção da vitória do 5º mandato.
Queríamos
dizer mais: se há algum questionamento contra a densidade eleitoral da Deputada
Jussara Cony, quero lembrar que ela foi a 4ª Deputada mais votada em Porto
Alegre, atrás somente de Raul Pont, candidato a Prefeito; de Vieira da Cunha,
candidato a Prefeito, e de Flávio Koutzii, que não é candidato. Fez mais votos
em Porto Alegre que o Deputado Federal Beto Albuquerque, que o Partido dos
Trabalhadores continua convidando para Vice. Portanto, não cabe questionar a
densidade eleitoral da nossa Deputada. Digo mais, em Fortaleza, no Ceará, o
nosso Deputado Federal Ignácio Arruda é o primeiro colocado nas pesquisas, tem
40% das intenções de votos, e o Partido dos Trabalhadores, com apenas 2% de
intenções de voto para sua candidata, decidiu não compor na chapa em Fortaleza,
mostrando que o problema não é de densidade eleitoral. O problema continua
sendo uma visão exclusivista, estreita, que nós esperamos e fazemos um apelo
para que seja superada. Não depende disso a participação do PCdoB na chapa da
Frente Popular, mas não deixamos de fazer esse alerta desse equívoco que está
sendo construído. Muito obrigado.
(Revisto
pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Sebastião Melo está com a palavra
para discutir a Pauta. (Pausa.) Ausente. O Ver. Aldacir Oliboni está com a
palavra para discutir a Pauta. (Pausa.) Desiste. O Ver. Elói Guimarães está com
a palavra para discutir a Pauta.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Srª Presidenta, Srs. Vereadores e Sras
Vereadoras. Eu tenho um Projeto em Pauta que visa criar o Dia do Procurador
Municipal e do Assessor Jurídico do Município. Trata-se, Srª Presidenta e Srs.
Vereadores, de uma iniciativa que nasce no seio desta comunidade jurídica do
Município, que, desnecessário referir, desempenha papel extremamente importante
na guarda da legalidade municipal; a Procuradoria e os assessores, da mesma
forma, fazem a consultoria do Município, bem como o representam externamente.
Portanto, pretendemos estabelecer a data referida, que é exatamente a data da
fundação da Associação dos Procuradores do Município de Porto Alegre, da qual
tive a honra de ser Vice-Presidente. É uma homenagem que se presta a essa
categoria no sentido de estabelecer a data para que esse dia fique consagrado
como Dia do Procurador e do Assessor Jurídico do Município de Porto Alegre.
Por
outro lado, Srª Presidente e Srs. Vereadores, gostaria de referir aqui essa
questão ligada à criação dos cargos. Acho que é uma matéria que precisa e
reclama um entendimento, sob pena de sugerir ao Presidente da Comissão uma
reunião extraordinária no sentido de se fazer uma atenta avaliação sobre a
questão, porque não podemos, nessa matéria que é extremamente delicada, pois
todos sabemos como a população reage a determinadas situações quando se trata
de criação de cargos... Então nós precisamos reunir a Comissão e reexaminar
essa matéria, sob pena de, sobre a Casa, recaírem situações que não conduzem ao
conjunto desta, principalmente num momento político-eleitoral, em que
situações, muitas vezes insuficientemente esclarecidas, poderão determinar
danos irreversíveis do ponto de vista da questão ética, etc.
Então,
Presidenta, já fica aqui minha manifestação para que o assunto tenha uma
condução capaz de assegurar a unanimidade - a unanimidade. Esta, Vereadores, é
o tipo de matéria que reclama unanimidade, sob pena de construirmos vilões e
heróis - vilões e heróis. Então é preciso, Vereador-Líder do PT, que nós - e eu
integro a Mesa, já conversei com a Presidenta sobre o assunto, que é
extremamente delicado -, nos reunamos para estabelecer uma condução, a mais
transparente possível, acerca dessa matéria, para que não se permita nenhuma
lesão ao tecido político, ético, da Casa, que sempre teve. Então, fica aqui a
nossa manifestação para que se reexamine esse assunto, porque ele não vai
“correr batido” depois de todas as manifestações que aqui se produziram, no
sentido de se buscar um entendimento. É matéria - e eu quero deixar claro aqui,
bem claro -, é matéria sobre a qual ou se tem unanimidade ou não se tem nada,
Ver. Haroldo de Souza, tal é a densidade da mesma. E é desnecessário dizer que esta matéria é a mais apetitosa do
ponto de vista da mídia. Obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
Passamos
às
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Haroldo de Souza está com a
palavra em Comunicações.
O SR. HAROLDO DE SOUZA: Srª Presidenta, Vereadores, Vereadoras e
amigos que nos acompanham pelo Canal 16, quero cumprimentar o Ver. Elói
Guimarães pelo pronunciamento e também o posicionamento da Presidenta Margarete
Moraes a respeito do Projeto de Resolução nº 071/04, porque eu, que trabalho em
imprensa, digo com toda a segurança que realmente é uma matéria altamente
delicada, de muita importância, quando se fala em criações de cargos em
instituições públicas. E como disse o Ver. Elói Guimarães: com unanimidade,
sim; sem unanimidade temos, realmente, que, novamente, discutir a respeito da
necessidade desses oito cargos em comissão temporários de Assessor Técnico
Especial. Mas quem sou para entrar num debate que envolve Reginaldo Pujol e
João Antonio Dib? Mas diria uma frase: se em um ano, por ser um ano eleitoral,
não se podem criar três cargos, como disse o Ver. Dib, esse é um ano eleitoral,
criaremos oito? Eu aí deixo de entender, realmente, essa posição e a posição
deste Projeto.
No
âmbito local, o Sr. Renato Bueno Cruz envia um pedido de uma camada de asfalto
na extensão da Rua Nossa Senhora da Saúde, no Bairro Teresópolis. Eu fiz dois
Pedidos de Providência e enviei o terceiro hoje. Nesta Casa, onde se discute
nomes de ruas - hoje deu uma polêmica danada -, Ver. Pedro Américo Leal, numa
Casa em que os Projetos são autorizativos e que nós temos enormes dificuldades
de administrar os nossos trabalhos aqui, alguns Pedidos de Providência são
atendidos e outros não. Eu quero reforçar o Pedido da Restinga, Unidade 2, da
Rua Engenheiro Oscar de Oliveira Ramos, onde são necessários apenas dez metros
de cano para resolver um problema de inundação.
O Sr. Pedro Américo Leal: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Em nome desta Casa, eu desejo dizer que esses cargos são
temporários, e fico aqui. São cargos temporários, é preciso destacar isso.
O SR. HAROLDO DE SOUZA: Obrigado pelo aparte, mesmo sendo
temporários, são cargos de confiança, e nós, de fora, enxergamos como cabos
eleitorais. Por isso que é um assunto muito delicado. Nós temos um debate
estabelecido por dois homens que eu respeito muito nesta Casa, o Ver. João Dib
e o Ver. Reginaldo Pujol e o Sr. Pedro Américo Leal também. É um assunto que
realmente está sendo encaminhado da maneira como disse aqui o Ver. Elói
Guimarães.
Agora,
estou tranqüilo, absolutamente tranqüilo porque todos os problemas foram
resolvidos, Ver. Pestana.
O
PCdoB está em pé-de-guerra por causa da Jussara Cony. Por favor, vocês atendam
o PCdoB, porque, senão, os trabalhos desta Casa e a própria cidade de Porto
Alegre vão ter problemas de continuidade! Meu Deus do céu, como nós perdemos
tempo aqui nesta Casa com alguns pronunciamentos!
Quando
o ex-Presidente Charles de Gaule falou que o Brasil não era um País sério,
muitos se revoltaram. As declarações do estadista francês não soaram bem aos
nossos ouvidos, mas ele estava coberto de razão, estava absolutamente certo:
nós, brasileiros, fazemos um País que não é sério. E, a cada dia que passa,
acredito mais nessa afirmação, porque passamos da fé e da esperança para o
desânimo, como trocamos de camisa todos os dias.
A
ordem, agora, para a segurança do nosso Presidente é afastar S. Exª do povo.
Mas como afastar o Lula do povo, que o elegeu com 53 milhões de votos? E um dos
carros-chefe do Lula, a Reforma Agrária, esbarra num Parecer técnico do próprio
Incra, fala-se em superfaturamento na compra da área da fazenda Araupel, no
Estado do Paraná, adquirida para Reforma Agrária. Mas o pior é que a área
comprada, segundo o Parecer técnico do Incra, já pertence ao Governo da União.
Mas é possível se comprar um imóvel...por exemplo, eu comprar um imóvel que já
é meu? Mas, espera aí! Nas trapalhadas deste Governo, compra-se uma área que já
seria do Governo, que ela não valeria os 132 milhões pagos, uma área que já é
do Governo, incorporada a este Governo desde 1940, no Governo do saudoso
Getúlio Dorneles Vargas. Por favor, é muita trapalhada para um Governo só!
Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): A Verª Helena Bonumá está com a palavra
em Comunicações.
A SRA. HELENA BONUMÁ: Srª Presidenta, Srs. Vereadores, Sras
Vereadoras, aproveito o meu tempo de Comunicação para registrar que hoje nós
tivemos a presença, na Tribuna Popular desta Casa, do Presidente da Associação
de Moradores do Loteamento Cavalhada, Sr. Alberto Miranda da Silva, o qual nos
trouxe uma reivindicação, Ver. Pedro Américo Leal, que entendemos importante:
que esta Casa, ao fazer as suas homenagens, ao se referir e ao interferir na
vida das comunidades, considere os processos que essas comunidades constroem.
Eu
queria vincular essa fala do Sr. Alberto, o pedido do Sr. Alberto, ao tema
debatido, nesta tribuna, pelo Ver. Nereu D’Avila, no período de Grande
Expediente, sobre a segurança. Nós desenvolvemos - o Governo Municipal, o
quarto Governo da Administração Popular -, em Porto Alegre, desde 2001, uma
preocupação com o tema da segurança, buscando elaborar, juntamente com as
comunidades, ações preventivas de combate à violência. Nesse processo, temos
andado em várias regiões da Cidade e criamos, em parceria com esta Casa, a
Secretaria Municipal de Direitos Humanos e de Segurança Urbana, onde está, hoje
em dia, a nossa Guarda Municipal.
O
Ver. Nereu cobrou, aqui, o armamento da Guarda Municipal e cobrou a postura da
Guarda numa ação de colaboração ao policiamento. Nós temos feito essa reflexão
e temos acompanhado o debate nacional e internacional.
E
eu quero registrar que nós tivemos a presença do Banco Mundial e de
representação da ONU nesta Casa, no final do mês de março, início do mês de
abril, no Seminário Internacional de Políticas Públicas para Cidade Segura e
teremos, novamente, nos dias 14, 15 e 16 deste mês, a presença do Banco Mundial,
com o qual a nossa Secretaria Municipal de Direitos Humanos e de Segurança
Urbana está fazendo uma parceria no sentido de qualificar lideranças da
comunidade para o desenvolvimento de projetos e ações de prevenção.
O
Loteamento Cavalhada, Srs. Vereadores, é um dos exemplos das ações
desenvolvidas nesse sentido, em que a parceria com a comunidade diminuiu o
índice de criminalidade, de violência, articulou a intervenção pública estadual
e municipal e criou melhores condições para a vida daquela comunidade.
Portanto,
Ver. Nereu, nós inserimos a nossa Guarda na relação concreta com esse projeto.
O Sr. Nereu D’Avila: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
da oradora.) Vereadora, é muito importante a abordagem de V. Exª mas eu quero
dizer que, na matéria que abordei há poucos instantes, o Relator da PEC que dá
poder de Polícia para os guardas, para que não se queira, também, por parte dos
PMs... O Arnaldo Faria de Sá disse que houve pressão de policiais militares
para a Comissão não se reunir lá, com medo de perder espaço. Nisso V. Exª tem
sido muito comedida, eu acho que aí V. Exª tem muita razão. As Guardas serão
apenas parceiras, com regulamento e corregedorias, para que não se sobreponham
à peculiar atuação da Brigada Militar. Nós não queremos criar milícias para os
Prefeitos, no sentido de eles terem milícias particulares, nem tampouco que as
Guardas se sobreponham à Brigada Militar. Portanto, é com muito cuidado que V.
Exª aborda a matéria, e eu me solidarizo com V. Exª.
A SRA. HELENA BONUMÁ: Agradeço o aparte.
Eu
queria ressaltar que nós temos em torno de cinco mil policiais militares
atuando na cidade de Porto Alegre e temos 598 guardas municipais. Portanto, nós
não podemos pensar que os nossos guardas municipais, que já têm, Ver. Cláudio
Sebenelo, atribuições junto às escolas municipais, junto ao Serviço de Saúde e
de Assistência Social do Município, que já acompanham os fiscais da SMIC no
trabalho de fiscalização do comércio ambulante, ainda vão poder estar-se
somando à Brigada Militar na questão do policiamento.
Basicamente,
senhores, eu quero ressaltar dois grandes problemas que isso traria. O primeiro
deles é o problema do financiamento de uma política municipal de segurança
pública. Para nós, que somos gestores públicos, é fundamental que encaremos de
onde é que estariam saindo os recursos para sustentar o que essa PEC está
propondo, que é atribuir poder de Polícia aos guardas municipais. O segundo
problema é a divisão de competência com as Polícias, que tem de ser discutida
não apenas pelas instituições públicas, como a nossa Câmara de Vereadores e o
Congresso Nacional, mas com o conjunto da nossa sociedade, que tem o direito de
fazer essa discussão e buscar a melhor solução no sentido de construir uma
segurança urbana.
(Não
revisto pela oradora.)
O
Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra em Comunicações.
O SR. ISAAC AINHORN: Srª Presidente, nós estávamos
conversando no âmbito da Bancada do PDT, eu, o Ver. Nereu D’Avila e o Ver. João
Bosco Vaz, que integramos a Comissão Especial do Plano Diretor desta Cidade. Eu
tenho a honra de presidir essa
Comissão, e, nesses meses em que trabalhamos, procuramos produzir um conjunto
de informações sobre a reavaliação, ou melhor dito, a avaliação do Plano
Diretor na cidade de Porto Alegre. Nesta quinta-feira retomamos a coleta de
depoimentos e informações.
Agora,
quero dizer desta tribuna que há 25 Projetos que se encontram com Relatores,
sendo que 12 ou 13 Projetos são oriundos do Congresso da Cidade e estão com os
Relatores Beto Moesch, Wilton Araújo e Sebastião Melo, que me fundamentam - e
com toda a propriedade - a necessidade de assessoria técnica especializada, de
advogados, de urbanistas, no sentido de produzir uma importante reavaliação do
Plano Diretor da cidade de Porto Alegre, com a presença aqui de várias
organizações não-governamentais nas suas reuniões. Infelizmente, muitas das
Bancadas que questionam não se fazem presentes nas reuniões de avaliação do
Plano. Esta é a realidade. Há 22 Projetos que se encontram há algum tempo, e
com justa razão, com seus Relatores, que informam que têm dificuldades de
produzir informações em relatórios em função da complexidade das matérias.
Normalmente, na Assembléia Legislativa, ocorre a contratação imediata de
assessores para situações especiais e extraordinárias. E não se estão criando
cargos permanentes, aqui são questões temporárias.
Mas,
se há questionamento, eu acho... Era esta a posição, e V. Exª, Srª Presidente,
consultou, inclusive, a Bancada do PDT, como, certamente, consultou as outras
Bancadas, porque este Projeto é de autoria da Mesa Diretora e tem a assinatura
do representante do Partido Progressista nesta Casa. Infelizmente, há
questionamentos. Agora, espero que não haja prejuízo para a Cidade em função da
retirada deste Projeto. Eu espero que o trabalho da avaliação do Plano Diretor
e dos Projetos que aguardam os Pareceres dos Srs. Relatores Temáticos cheguem
ao plenário da Comissão Especial para serem discutidos e votados! O que não
pode é os Projetos ficarem parados, Ver. Elói Guimarães, V. Exª, que é
Vice-Presidente da Comissão Especial, sabe disso.
E,
se os Relatores Temáticos, homens dignos, Vereadores honrados, Vereadores que
merecem a nossa respeitabilidade, pedem assessoria, se no Projeto consta uma
assessoria especial de um especialista, não é eleitoreiro. Não é para ser cabo
eleitoral. E o que foi afirmado aqui, o que o Ver. João Dib daqui desta tribuna
afirmou é que serão criados oito cargos que serão oito cabos eleitorais. Não
pode.
Eu
acho que a responsabilidade da Srª Presidente imediatamente fez com que
retirasse o Projeto, porque nenhum Vereador pode fazer uma acusação, um
questionamento dessa natureza. E acho que nós temos de encontrar, Srª
Presidente, alguma solução, algum caminho para esse impasse. O que não se pode
é deixar de produzir a avaliação, discussão e votação de 24 Projetos que devem
vir à Ordem do Dia e que até agora não chegaram.
Esta
Mesa foi solicitada pela própria Comissão, em respeito à Mesa Diretora. A Srª
Presidente foi solicitada, o Líder da Bancada do PT, Ver. Pestana, foi instado
a colaborar e a assessorar na criação desse Projeto de Resolução, que não é
obra apenas da Verª Margarete Moraes, na condição de Presidente, foi uma
construção de todos os Partidos com assento nessa Casa. Esta é que é a
realidade. Todos, sem exceção.
Então,
eu penso que é de grande responsabilidade uma decisão como esta, para quem tem
a responsabilidade de conduzir o processo de avaliação do Plano Diretor. Hoje
nós vimos vários movimentos sociais presentes.
Nós
queremos avaliar o Plano Diretor. Talvez haja setores que não queiram a
avaliação do Plano Diretor. Eu acho que é compromisso nosso avaliar o Plano
Diretor durante este ano. É uma responsabilidade que temos com a sociedade
porto-alegrense, com os movimentos sociais que freqüentam as galerias desta
Casa, que nos cobram questionamentos, os mais diversos. Ou não é verdade, Ver.
Luiz Braz? Aqui presentes Petrópolis Vive, Moinhos Vive.
Eu
encerro, Srª Presidente. Eu vou continuar, porque eu acho esse debate
importante. E, quinta-feira, nós temos dois depoimentos aqui da Agapan -
Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural - e do Sindicato dos
Transportes de Carga do Rio Grande do Sul, às 10 horas. Faço um apelo para que,
sobretudo, as Bancadas questionantes compareçam - os dezessete que integram a
Comissão - para realizar os trabalhos normais desta Comissão, que tem procurado
viabilizar a realização da avaliação do Plano Diretor.
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Atenção, Srs. Vereadores e Sras
Vereadores, quero comunicar que o tempo regimental desta Sessão expirou às
18h48min, e, nos termos do artigo 145, do Regimento, para prorrogarmos a
Sessão, deveremos entrar imediatamente na Ordem do Dia.
Quero
garantir aos demais Vereadores o seu tempo em período de Comunicações,
precisamente os Vereadores João Antonio Dib, João Bosco Vaz, João Carlos Nedel,
Luiz Braz e Verª Maria Celeste.
Uma
vez prorrogada, deveremos entrar, de imediato, na Ordem do Dia. Esclareço que
não estamos registrando a presença dos Srs. Vereadores, mas votando a
prorrogação da Sessão, portanto vota “sim” quem concorda com a prorrogação e
“não” quem discorda da prorrogação
Em
votação nominal, por solicitação do Ver. Isaac Ainhorn, a prorrogação da
Sessão. (Pausa.) (Após a apuração nominal.) São 10 votos SIM e 05 votos NÃO.
Não
havendo quórum, estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.
(Encerra-se
a Sessão às 18h54min.)
* * * * *